quinta-feira, setembro 28, 2006

SMELLS LIKE A NEW CLASSIC

A história por trás de ‘Smells Like Teen Spirit’, a música que fez o Nirvana ‘A’ banda dos anos 90, é bem conhecida. Nas palavras do próprio Kurt Cobain, quando ele a escreveu estava tentando fazer uma música ao estilo do Pixies, banda adorada por 11 entre 10 fãs de rock alternativo. Sobre a influência da banda de Frank Black, Kurt disse o seguinte: “Quando ouvi o Pixies pela primeira vez, eu me conectei com a banda de uma maneira tão intensa. (...) Nós usamos o senso de dinâmica deles, soando suave e calmo e depois alto e pesado.”
O titulo veio da frase ‘Kurt smells like teen spirit’, pichada numa parede por um amigo. Mas esse amigo não estava tentando ser filósofo ou algo do gênero. Teen Spirit era apenas o nome de um desodorante.
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Kurt disse que estava tentando escrever a música pop perfeita. “‘Teen Spirit’ tinha um riff tão clichê. Parecia algo do Boston ou ‘Louie, Louie’. Quando eu apareci com esse riff, Chris olhou para mim e disse, ‘isso é ridículo.’ Eu fiz a banda tocá-la por uma hora e meia.”
Butch Vig, produtor de Nevermind, ficou maravilhado com a música. “Eu os fazia tocá-la várias e várias vezes, porque era bom pra cacete! Eu ficava andando no estúdio pra lá e pra cá, pensando, ‘isso é sensacional!’ Não era preciso fazer muita coisa com aquela canção.”
Com o sucesso gigantesco alcançado por ela, Kurt já não era tão fã da música. Olha o que ele disse à Rolling Stone em janeiro de 1994: “Eu nem lembro do solo de guitarra em ‘Teen Spirit’. Eu precisaria de 5 minutos para aprender o solo. Mas não estou interessado nesse tipo de coisa. Eu ainda gosto de tocar ‘Teen Spirit’, mas é quase embaraçoso tocá-la. Todo mundo se focou muito nessa canção. A razão porque ela causa uma grande reação é que as pessoas já a ouviram um milhão de vezes. Foi martelada nos seus cérebros. Mas eu acho que há outras músicas que escrevi que são tão boas, ou até melhores, quanto essa canção, como ‘Drain You’. Ela é definitivamente tão boa quanto ‘Teen Spirit’. Eu amo a letra e nunca me canso de tocá-la. Talvez se ela tivesse tido tanto sucesso quanto ‘Teen Spirit’, eu não gostaria tanto dela. Mas em shows ruins, quando toco ‘Teen Spirit’, eu literalmente desejo jogar minha guitarra fora. Eu não consigo fingir que estou me divertindo ao tocá-la.”
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No livro Cobain – Fragmentos de uma Autobiografia, o autor Marcelo Orozco faz a seguinte análise da letra da música: “‘Teen Spirit’ canta uma legião que deseja que alguém espante seu aborrecimento. ‘Aqui estamos, dê-nos entretenimento’ era a frase que Kurt usava quando chegava a uma festa (o sentimento embutido é ‘você me convidou, agora faça valer a pena ter carregado meu tédio até aqui’). O refrão joga luz sobre figuras que se enquadram: o mulato e o albino, miscigenados que não são nem brancos nem negros, apesar de serem os dois ao mesmo tempo; o mosquito, que vive parasitando e é repelido quando se aproxima de um ser humano; e a libido do narrador, já que nem sua baixa auto-estima elimina seu desejo sexual. O show, um evento estúpido (porque não é preciso pensar para estar ali) e contagioso (porque a excitação predomina e arrebata quem está por perto) lhes dá a chance de exercer o direito de existir. E de esquecer que, fora dali, eles não se ajustam. O que dá vida aos versos é a música, que concentra toda a dinâmica de quietude e explosão do Nirvana. Cria expectativa, provoca o berro, faz pular, cantarolar com a melodia ditada pela voz e pelo solo de guitarra. Tem o ‘Changalango’ do rock mais básico e o peso distorcido do metal. Tem lamento desanimado e grito potente. Não é a toa que a música cativou gente que nem sabia o que era rock ‘alternativo’ ou Nirvana.”
Ao contrário do que alguns dizem, a revolução foi, é e será televisionada. O clipe de ‘Smells Like Teen Spirit’ estreou na MTV gringa em 14 de outubro de 1991, e o mundo nunca mais foi o mesmo.

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