domingo, setembro 24, 2006

CRÍTICAS DA BIZZ ESPECIAL NIRVANA - Pt 2

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Já falei o que tinha de falar sobre Nevermind alguns posts abaixo. Só vou dizer que exatamente na data de hoje, 24 de setembro, há 15 anos atrás, ele foi lançado, e o mundo do rock ganhou mais um clássico, e de lambuja ele tirou várias bandas posers de cena e tornou o underground mainstream. Fiquem então com o texto de autoria de André Forastieri (sim, ele mesmo, ex-Conrad e que agora está a frente da Pixel, a nova casa da DC no Brasil) e publicado originalmente na Bizz de março de 1992 (essa aí em cima).

NIRVANA - NEVERMIND
(Geffen/ BMG-Ariola)

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“Esses caras vão nos enriquecer.” Bruce Pavitt, dono da gravadora Sub Pop, sobre o Nirvana. Na Bizz 60, junho de 90.

Ou seja: o fato do Nirvana ter vendido mais de 2,5 milhões de cópias só nos EUA e desbancado Michael Jackson do alto da Billboard não deve surpreender você, velho leitor da Bizz. Como diz aquele slogan da nossa colega corporativa/concorrente eletrônica, você viu antes aqui.
Mas as vendas que se danem. A questão fundamental é, como sempre: vale a pena desembolsar aquela suada bufunfa para comprar Nevermind?
Se você gosta de Pixies ou Dammed ou Stooges ou Kinks/Who ou Gang of Four fase Entertainment! ou Mudhoney ou rock de garagem sessentista ou qualquer tipo de hard rock áspero, puto e sem polimento, vale. Principalmente, se você gosta de punk californiano politizado, vale a pena. Vale vale vale. Compre três, dê um para o seu amor e outro para o seu melhor amigo.
OK, segunda questão - e aí o papo de jornalista, de gente que está tentando entender o que se passa no universo adjacente e não se limita a curtir as coisas (não que só curtir seja limitante, mas compreender é nosso emprego e a nossa obsessão – ou pelo menos deveria ser). Pergunta 2: que significa a velocidade warp com que o Nirvana saiu dos cafundós do estado de Washington para os corações, as mentes e os toca-discos do público americano, quiçá mundial?
Significa que punk’s not dead, oba! Quinze anos depois, os espertos da nova geração assumiram o punk como sua melhor representação musical. É, o Nirvana é punk, sim, punk paca – ainda que seu vocalista-letrista-guitarrista Kurt Cobain, 24, seja muito novo para ter curtido punk na época.
E punk não só na avalanche animalesca de distorção e hormônios que jorra dos instrumentos. As letras também são violentíssimas, negras, radicais mesmo (sem escorregar para o niilismo burro que impera no underground americano). Falam de amor, sexo, preconceito, inteligência; do estado das coisas e do sentido da vida. Confira “Smells Like Teen Spirit”, sobre a apatia teen, que está traduzida nesta edição...mas a melhor é “Breed”. É, segundo Cobain, sobre “Ser classe média, casar jovem, ter filhos, assistir TV toda noite – e detestar tudo isso”.
A década de 90 já tem seus Dead Kennedys – e desta vez, eles estão no topo das paradas.

ANDRÉ FORASTIERI

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