sábado, outubro 31, 2009

ARCTIC MONKEYS – HUMBUG

(texto extraído da Rolling Stone #36, setembro de 2009; autoria de Pablo Miyazawa)

Os sinais já eram evidentes em Favourite Worst Nightmare (2007), mas Humbug, o terceiro álbum dos Arctic Monkeys, escancara uma banda definitivamente amadurecida. Mas a culpa nem pode ser jogada apenas nas costas de Josh Homme: o dono do Queens of the Stone Age produziu a maioria das dez faixas, o que talvez explique as levadas mais sofisticadas de baixo e bateria, os riffs mais bem trabalhados, as guitarras saturadas. Curiosamente, os dois melhores momentos do disco não receberam o toque de Homme: “The Secret Door” e “Cornerstone”, balada lírica que melhor combinaria com o Last Shadow Puppets – o projeto paralelo do vocalista Alex Turner (cujo álbum foi produzido por James Ford, que também moveu os botões nas citadas faixas). Mas se houve uma evolução, ela claramente partiu dos próprios rapazes de Sheffield: basta ouvir Turner enfim cantar, com a voz sempre carregada de efeitos, elegância e ambições maiores. Até nos cabelos, quanta diferença. Parecia que os Monkeys poderiam passar a vida tocando na velocidade da luz e esbravejando sobre baladas maldormidas, mas o peso (da idade, da fama) enfim se fez sentir. Humbug passa longe dos ganchos memoráveis e da fúria teen que escorriam de Whatever People Say I Am, That’s What I Am Not (2006). É como se fossem bandas distintas, aquela que surgiu há quatro anos como “a salvação do rock” e a que se coloca de modo quase blasé nas impactantes “Crying Lightning” e “My Propeller”. Tanto refinamento é bem-vindo, mas também é sensível a perda de crueza, que, no fim das contas, representava mais da metade do charme do Arctic Monkeys. O caminho a ser percorrido agora é outro: fazer simples, pelo jeito, ficou fácil demais.

domingo, outubro 25, 2009

RÁPIDO & RASTEIRO

:: Quando anunciaram o lançamento do catálogo dos Beatles remasterizado, esperava ir comprando (no caso, recomprando, já que tenho as versões antigas) devagarzinho, uns CDs aqui, outros acolá, sem pressa. Bem, não agüentei. Já adquiri nove disquinhos dessa nova leva, incluindo a coletânea Past Masters, que ainda não possuía. Apesar de a qualidade sonora ser o grande atrativo dos discos (“Something”, para ficar num exemplo, ficou ainda mais sensacional), o que tenho gostado mais é das embalagens digipack, que dão um charme único a coleção. Essa nova geração MP3 pode não entender, mas não tem nada como pegar um CD novo, tirar da embalagem, colocar no player e conferir o encarte. Ah, e o cheirinho de novo...

:: Falando nisso... O Pearl Jam, desde Vitalogy, seu terceiro trabalho, vem trazendo seus discos empacotados em embalagens especiais. Mas, mesmo assim elas eram de um tamanho que poderiam facilmente ser colocadas no meu porta-CD, junto aos demais discos e suas embalagens comuns. Isso até agora. No novo disco, Backspacer, eles resolveram inovar, aumentando o pacote, que nem com todo o jeitinho do mundo vai caber no porta-CD. Fiquei puto! PUTO! E agora, vou ter que deixar esse CD em particular longe dos demais da banda. Bem, pelo menos o disco é melhorzinho que os recentes do PJ. Mas também nada perto de Ten, VS.,Vitalogy, No Code e Yield...

:: Assisti nessa semana ao episódio de estréia da nova temporada de House. E posso dizer que foi um dos melhores de toda a série. Por que isso? Porque é totalmente diferente da fórmula usada em 99,9% dos episódios até aqui. Nada de um caso inexplicável milagrosamente solucionado aos 45 minutos do segundo tempo, nada de pegadinhas com o “amigo” Wilson ou entreveros com a Cuddy. Nesse episódio duplo de reestréia vemos House internado para tratar, inicialmente, do seu vício em Vicodin. Mal humorado e anti-social, House aos poucos cede ao tratamento e até se permite um relacionamento com outros internos. Uma espécie de Um Estranho no Ninho. Se as mudanças que vimos aqui continuarem a serem exploradas, teremos uma temporada sensacional pela frente!


:: Tentei não levar em consideração a opinião do pessoal que leu as edições importadas (no caso, os scans), mas depois de 6 edições (a 7 já está em mãos, mas ainda não li) não tenho mais como negar: Invasão Secreta é uma merda! E das mais podres! A decepção é maior, pois os preparativos para a saga foram todos bem arquitetados pelo Bendis, mas quando chegou a hora da verdade, o autor se perdeu completamente, e contou (ou tem contado) uma história sem pé nem cabeça, sem ritmo e cheia de pancadaria non sense. Até o Linha de Frente, que funcionou bem durante a Guerra Civil e Hulk Contra o Mundo, se revelou outra merda. Nem as edições de Novos e Poderosos Vingadores, melhores que a trama principal, salvam o tal megaevento Marvel do ano. Pelo lado da DC, até que Crise Final parece interessante, pelo menos com o que se passou nas três primeiras edições, e do pouco que percebi das intenções do seu roteirista, o maluquinho do Grant Morrison. As duas edições especiais já lançadas, com A Vingança dos Vilões e a dobradinha Réquiem / O Testamento de Um Herói, são até melhores que a mini principal. Espero que o nível não caia ao decorrer da trama.