domingo, julho 19, 2009

DISCOTECA BÁSICA

(texto extraído da BIZZ # 96, julho de 1993; texto de autoria de Camilo Rocha)

MICHAEL JACKSON - OFF THE WALL (1979)

O ano de 79 dividiu muitas águas. Ao mesmo tempo em que o punk pedia para alguém desligar os aparelhos na UTI, a disco music mostrava níveis nunca antes alcançados de manipulação estúdio e aproveitamento máximo de tecnologia (tanto para o bem como para mal). Era a vez dos anos 80: céticos, profissionais, estilosos e obcecados com a imagem. Como seria o pop dessa década? Super produzido, sem vergonha de ser "um produto" e polivalente: não bastava música, tinha que ter bom clip, uma roupa legal, dançar bem, fazer um show mega etc.

Quer dizer, o fim da atitude artística e música em favor da grana e da imagem? Nem tanto. É aí que residia a autenticidade desse novo pop, que acabou levando esses conceitos à categoria de arte.

Se isso acabou sendo bom ou ruim é história para contar outro dia, mas isso era reflexo natural do estágio de então na música pop: uma tentacular indústria triliardária amparada por ultratecnologia, tanto no estúdio como na promoção de artistas, como provaram os símbolos da década de 80: Duran Duran, George Michael, Janet Jackson, Whitney Houston, Madonna e - claro - Michael Jackson.

Foi ele, em Off The Wall, que lançou marco zero deste novo conceito. Aperfeiçoou tudo em 83, com Thriller (só lembrando, disco mais vendido da história), mas a semente já estava em Off The Wall, em que se apresentava como um artista que compunha, cantava, dançava, atuava em clips superproduzidos e lançava álbuns ultra-bem feitos e cheios de hits.

Michael já vinha ensaiando seus passos solo desde 72 com hits como "Ben" e "Got Be There", mas sem assumir isso full time. Com a consolidação do sucesso do grupo Jackson 5 , Michael ia amadurecendo e as coisas começaram a mudar de figura. Em 76, a Epic comprou o passe dos Jacksons da Motown. Fizeram dois contratos: um para o grupo que virou The Jacksons e outro para o jovem Michael. Era consenso de que os irmãos reunidos eram bons, mas quem ia render mesmo a longo prazo seria aquele moleque pródigio. A Epic tratou de cuidar para que seu estouro solo fosse certeiro.

Para a produção foi chamado o maestro Quincy Jones, multiinstrumentista, arranjador e gênio de estúdio, com um currículo de bandleader, jazzista, compositor de trilhas e produtor de soul.

Os músicos do disco foram pinçados entre a nata das chamadas "feras de estúdio" da época (como o baixista Louis Johnson e o tecladista Greg Phillinganes). Paul McCartney e Stevie Wonder contribuíram com duas baladas, "Girlfriend" e "I Can´t Help It", respectivamente. Jones ainda recrutou um colaborador que se mostrou essencial para o resultado final: o inglês Rod Temperton. Líder da banda de disco Heatwave (que fez "The Groove Line"), Temperton tinha o dom de unir ritmos matadores com refrões infalíveis, sempre com um efeito sonoro grudento. Acabo escrevendo "Rock With You", "Burn This Disco Out" e a faixa-título. Para ajudar na imagem "já-é-um-homenzinho" do disco, Michael co-produziu três faixas: "Don´t Stop ´Til You Get Enough", "Working Day And Night" e "Get On The Floor".

Off The Wall saiu uma coleção sem falhas, fluente, de pop disco e baladas soul pop. "Rock With You" entrou na minha lista de melhores singles de todos os tempos pela virada de bateria que abria a faixa, pelo clima dos violinos e pelo fato de que quando você achava que sabia como era a melodia, ela tomava um novo rumo, mais cool, até cair num solo de teclados simulando sopro. "Working Day And Night" abria com uma percussão rapidinha e um loop de alguém ofegando que não devia nada a equivalentes atuais feitos com samplers. "Girlfriend" mostrava que Michael sabia jogar com economia uma voz doce numa balada, sem melar o resultado. O disco estabeleceu a figura solo de Michael Jackson, rendeu hits mundiais e vendeu mais de dez milhões ao redor do mundo, E fez jus ao clichê número um dessa seção: "Depois dele, o pop nunca mais foi o mesmo".


Performance:

Lançamento: 1979

Produção: Quincy Jones

Faixas:

"Don´t Stop ´Til You Get Enough"

"Rock With You"

"Working Day And Night"

"Get On The Floor"

"Off The Wall"

"Girlfriend"

"She´s Out Of My Life"

"I Can´t Help It"

"It´s The Falling In You"

"Burn This Disco Out"


Notas:

:: O álbum chegou em terceiro na parada americana, na qual figurou por 169 semanas

:: Dois singles em primeiro lugar: "Don´t Stop ´Til You Get Enough" (que deu a Michael o Grammy de melhor vocalista de r&b) e "Rock With You", sendo que "0ff The Wall" e "She´s Out Of My Life" também chegaram ao Top Ten

:: Jackson foi o primeiro artista solo a ter quatro singles de sucesso em um álbum, recorde batido por ele mesmo, com Thriller

:: Escrita por Paul McCartney, "Girlfriend" chegou ao 41º lugar da parada britânica, onde já constavam os singles "Don´t Stop...", "She´s Out Of My Life" (ambos batendo no terceiro posto) e "Rock With You" (sétimo lugar). Off The Wall chegou ao Top Five entre os álbuns

sexta-feira, julho 17, 2009

UMA IMAGEM VALE MAIS...

Scarlett Johansson na pele da Viúva Negra, em Homem de Ferro 2, filme que tem estreia marcada para 7 de maio de 2010. Depois dessa imagem, alguma dúvida que será um filmão?!

domingo, julho 12, 2009

BIZZ: MAIS UMA RESSURREIÇÃO?!

Pegando carona na morte de Michael Jackson (já que todos estão fazendo isso, né?), a editora Abril lança uma edição especial dedicada ao rei do pop com a marca Bizz. Será que ela volta (tô falando da revista, meu; MJ já foi faz tempo, há uns 15 anos pelo menos)? Será que a Abril dará uma nova chance a publicação? Será um teste de mercado? Ou estão apenas tentando faturar um extra com o defunto? Aposto mais nessa última, infelizmente. Ah, tá custando R$ 14,95, vai encarar?!

segunda-feira, julho 06, 2009

HE DID IT AGAIN!

Com o anúncio da desistência de Nadal, parecia mais que certo que ninguém tiraria o título de Wimbledon de Roger Federer. E assim foi. Ontem, domingo, após uma maratona de quase quatro horas e meia, Federer bateu o americano Andy Roddick por 3 sets a 2. O jogo foi equilibradíssimo, principalmente levando em consideração que Roddick é freguezaço do suíço. Na partida toda tivemos apenas três quebras de serviço, devido, principalmente, aos bons saques por parte de ambos os tenistas (Federer fez 50 aces, contra 27 de Roddick). O 1º set foi do americano, ao quebrar o saque do adversário no último game, fazendo 7/5. Roddick estava a um ponto de fazer 2 a 0 no tie break do set seguinte, mas Federer se recuperou e empatou a partida. O terceiro também foi para o desempate, com Federer fazendo 7/6. Quando tudo indicava que Roddick entregaria os pontos, veio sua reação, ao quebrar o saque do oponente e fechando o quarto set por 6/3, forçando um quinto set. E o quinto set em Wimbledon é longo, não tem tie break, ou seja, só termina quando alguém quebrar o serviço e ter dois games de vantagem. E o de ontem foi longo, ah, se foi! Só no trigésimo (isso mesmo, 30º!) game Federer finalmente quebrou o saque de Roddick e fez 16 a 14, terminando uma partida primorosa, daquelas que ficarão para a história. Para a história porque foi um jogão, porque foi a final mais longa da história dos Grand Slams em número de games, 77, porque foi o 6º título de Federer na grama sagrada de Londres, porque agora ele é o maior vencedor de Grand Slams, com 15 títulos, porque o suíço voltou ao posto de número um do ranking. E porque está cada vez mais certo que Federer é o melhor tenista de todos os tempos. Não tem neguinho estufando o peito ao dizer que viu Pelé jogar? Bem, eu estou vendo o Federer jogar, e estou estufando meu peito nesse exato momento.

COVER STORY

Algumas capas legais de gibis que estão saindo lá fora (clique nas imagens para ampliar):

JUSTICE LEAGUE - CRY FOR JUSTICE #01

SIRENS OF GOTHAM CITY #01

CAPTAIN AMERICA - REBORN #01

BATMAN & ROBIN #02

GREEK STREET #01

sexta-feira, julho 03, 2009

MANIC STREET PREACHERS – JOURNAL FOR PLAGUE LOVERS

Journal For Plague Lovers é o mais recente álbum de estúdio dos galeses do Manic Street Preachers, lançado em maio último. O que diferencia esse novo trabalho de outros recentes da banda é o fato de que as letras das músicas são de autoria de Richey James Edwards, guitarrista e compositor, que sumiu misteriosamente em 1995, e que no ano passado foi oficialmente considerado presumidamente morto. Ao falar do disco, Nicky Wire, que passou ao papel de principal letrista após o desaparecimento de Richey, disse que “o brilho e a inteligência das letras impôs que nós finalmente as usássemos”. Como o último trabalho da banda ainda com Richey na formação foi Holy Bible, de 1994, este novo lançamento esta sendo considerado como sua continuação. E a sonoridade, com uma presença maior de guitarras, realmente lembra aquele de outrora. E para incrementar ainda mais as semelhanças entre os CDs, a arte da capa de Journal ficou por conta do artista Jenny Saville, o mesmo que ilustrou a capa de Holy Bible. A produção do novo álbum ficou a cargo de Steve Albini, o mesmo do essencial In Utero, último suspiro de estúdio do Nirvana (aliás, a gravação do disco de Kurt Cobain e Cia foi cheia de problemas, tanto que, no encarte do disco, tem um “recorded by Steve Albini” e não um “produced by”), importante para a banda conseguir recriar o som dos tempos de Richey, um fã confesso do que Albini fez com o Nirvana (mas calma, o Manic não começou a colocar microfonias e gritarias ensandecidas em suas músicas, a praia aqui é outra). Ou seja, não se trata apenas das letras de Richey, mas também de sua sonoridade. Pessoalmente, prefiro o Manic pós-Richey, quando eles lançaram seus principais e melhores trabalhos, como Everything Must Go e This Is My Truth Tell Me Yours, e acho que muitos pensam o mesmo, mas não deixa de ser interessante essa recente empreitada, onde os remanescentes da banda, a saber, James Dean Bradfield (vocais, guitarra), Nicky Wire (baixo) e Sean Moore (baterista), fazem as pazes com o passado com um punhado de músicas acima da média. Imagina-se que o sumiço de Richey James Edwards deve ter sido uma barra pesada para todos eles, e agora eles finalmente encerraram esse capítulo de suas vidas.