terça-feira, setembro 28, 2010

NIRVANA - ICON

Sem muito alarde foi lançada (mais) uma coletânea do Nirvana. Chama-se Icon e contém 11 faixas (poderiam ao menos ter se dado ao trabalho de preencher um CD inteiro, né?), todas tiradas de Nevermind e In Utero, exceto a póstuma "You Know You’re Right" e "All Apologies" e "About a Girl", que aparecem na versão do Acústico da MTV.

Acho que o Nirvana é daquelas bandas que não funciona em coletâneas, seus álbuns são tão bons que fica difícil condensar tudo num disco apenas. O cara que adquirir esse Icon vai ficar sem a maravilhosa "Drain You", por exemplo. Mas são os mortos que estão sustentando a já moribunda indústria musical (Michael Jackson que o diga, aliás, diria). O pior é que esse que vos escreve deve comprar a bolachinha, já tenho tudo deles mesmo, não será agora que irei parar. Será que o encarte ficou legal?

You Know You're Right

Smells Like Teen Spirit

Come As You Are

Lithium

In Bloom

Heart-Shaped Box

Pennyroyal Tea

Rape Me

Dumb

About a Girl [Acoustic]

All Apologies [Acoustic]

sexta-feira, setembro 24, 2010

MUSIC NEWS

:: Da série “Isso Vai Dar Merda”. Amy Winehouse, eterna junkie, convidou Pete Doherty, eterno junkie, para morar com ela em Londres. Ela estaria reabilitada e agora vai cuidar para que Doherty fique bem. Ambos estariam compondo uma música juntos que falaria de sobrevivência, relacionamentos, drogas e bebidas. Os tablóides ingleses devem estar fazendo a festa com essa novidade.

:: Ainda sobre roqueiros turbulentos, o Stone Temple Pilots adiou 12 shows. Dizem que o vocalista Scott Weiland, outro junkie sem jeito, teve uma nova recaída. Ele discursou durante um show no Texas, dizendo que voltou a beber, que seu irmão morreu, que se divorciou e que o mundo dele está uma bagunça. Tenso!

:: Muitas bandas boas lançando novas bolachinhas recentemente. O Manic Street está com seu Postcards From a Young Man, Interpol lançou seu CD homônimo, Arcade Fire chega ao terceiro disco com The Suburbs, e o Kings of Leon está com seu Come Around Sundown já saindo do forno. Enquanto isso, o Radiohead, apesar de já ter terminado as gravações do sucessor de In Rainbows, está pensando em jogar esse material novo no lixo. É sério!

:: Acho que o Brasil nunca viu tantos shows de artistas internacionais quanto agora em outubro. Queens of the Stone Age, Pixies, Rage Against the Machine, Kings of Leon, Regina Spector, Snow Patrol, Air, Green Day, Cranberries etc. Para quem mora nos grandes centros ou tem uma boa grana, ou as duas coisas, vai ser um mês e tanto!

:: Eddie Vedder casou com sua já antiga paixão, Jill McCormick, no último dia 18, no Havaí. Devido a minha extensa agenda, não pude ir. Mas fica aqui meu voto de felicidades! Muito fofo esse Eddie, não é mesmo?!

quarta-feira, setembro 22, 2010

SONS DA DÉCADA

Tá rolando um tópico lá no MBB pedindo para o pessoal fazer uma listinha com as melhores músicas da primeira década do milênio. Fiz uma que ficou gigante. E como essa merda aqui tá parada (tenho que dar um jeito nisso), vou colocá-la aqui para o bel prazer dos meus amados visitantes. Sem ordem de preferência, ficou mais ou menos assim:

:: Revolution (in the summertime) - Cosmic Rough Riders

:: Toys and flavors - The Hellacopters

:: Going inside - John Frusciante

:: California - Rufus Wainwright

:: Chop suey - System of a Down

:: Soul singing - Black Crowes

:: Hard to explain - Strokes

:: We're going to be friends - White Stripes

:: Follow the light - Travis

:: Another morning stoner - Trail of Dead

:: I am the highway - Audioslave

:: God put a smile upon your face - Coldplay

:: PDA - Interpol

:: Hurt - Johnny Cash

:: Across the night - Silverchair

:: Take it off - Donnas

:: Time for heroes - Libertines

:: Get free - Vines

:: Are you gonna be my girl - Jet

:: I'm a terrible person - Rooney

:: The hunger - Distillers

:: That great love sound - Raveonettes

:: Maps - Yeah Yeah Yeahs

:: Take me out - Franz Ferdinand

:: Wake me up when september ends - Green Day

:: Everybody's changing - Keane

:: Empty souls - Manic Street Preachers

:: Shame - PJ Harvey

:: Silence is easy - Starsailor

:: Somebody told me - Killers

:: Miracle drug - U2

:: Ain't no easy way - Black Rebel Motorcycle Club

:: Another round - Foo Fighters

:: I predict a riot - Kaiser Chiefs

:: Unsatisfied - Nine Black Alps

:: The importance of being idle - Oasis

:: I never came - Queens of the Stone Age

:: Love is a game - Magic Numbers

:: A certain romance - Arctic Monkeys

:: Everybody knows you cried last night - Fratellis

:: Go with the flow - Queens of the Stone Ag

:: Break the night with colour - Richard Ashcroft

:: In the crossfire - Starsailor

:: Weekend without makeup - Long Blondes

:: Pullshapes - The Pipettes

:: Steady, as she goes - Raconteurs

:: Do me a favour - Arctic Monkeys

:: The pretender - Foo Fighters

:: No I in threesome - Interpol

:: The angry mob - Kaiser Chiefs

:: Charmer - Kings of Leon

:: Autumnsong - Manic Street Preachers

:: Time to pretend - MGMT

:: All I need - Radiohead

:: Under the blacklight - Rilo Kiley

:: Low - Silverchair

:: The last fight - Velvet Revolver

:: Boyfriend - Alphabeat

:: Ballad of Hugo Chavez - Arkells

:: You're a waste - Be Your Own Pet

:: Happy as can be - Cut Off Your Hands

:: You don't know me - Ben Folds (feat Regina Spektor)

:: Mercy - Duffy

:: Sex on fire - Kings of Leon

:: Standing next to me - Last Shadow Puppets

:: The day that never comes - Metallica

:: I'm outta time - Oasis

:: Iodine - Sons & Daughters

:: Always where I need to be - The Kooks

:: The couples - Long Blondes

:: That's not my name - Ting Tings

:: Ghouls - We Are Scientists

:: Your decision - ALice in Chains

:: Crying lightning - Arctic Monkeys

:: Sweet about me - Gabriella Cilmi

:: (The night will) bring you back to life - Idlewild

:: Fire- Kasabian

:: Cover my eyes - La Roux

:: Who'd have known - Lily Allen

:: I'm throwing my arms around Paris - Morrissey

:: The end - Pearl Jam

:: I don't know what to do - Pete Yorn/Scarlett Johansson

:: Ashtray heart - Placebo

:: Flashing red light means go - Boxer Rebellion

:: Cheat on me - Cribs

:: Boys who rape (should all be destroyed) - The Raveonettes

:: Magnificent - U2

:: (If you're wondering if I want you to) I want you to - Weezer

:: Hung up - Madonna

:: Times like these - Foo Fighters

::Gonna see my friend - Pearl Jam

:: Seven nation army - White Stripes

:: Irish blood, english heart - Morrissey

:: Can't stop - Red Hot Chili Peppers

:: California waiting - Kings of Leon

quinta-feira, setembro 09, 2010

DISCOTECA BÁSICA: THE SMITHS - THE QUEEN IS DEAD (1986)

(texto extraído da BIZZ 141, de abril de 1997; autoria de José Augusto Lemos)


Talvez ainda seja cedo demais para avaliar o verdadeiro impacto dos Smiths na história do rock’n’roll e da cultura pop. Poucas vezes foi tão rápido e fácil conquistar a adulação simultânea de público e crítica, pelo menos na velha Grã-Bretanha. E as primeiras manifestações mágicas da parceria Mornissey/Marr- singles preciosos como "Hand In Glove" e "What Difference Does It Make?" - já chegaram com sabor de clássicos instantâneos. Por outro lado, não é nada fácil encontrar traços de suas influências na atual geração de bandas...

Os Smiths foram o último suspiro de originalidade no rock britânico, a última banda relevante da explosão indie e o último legado da linhagem de Manchester que havia dado Buzzcocks e Joy Division. Seus verdadeiros trunfos estavam em suas excentricidades: conseguiram soar ao mesmo tempo extremamente punk e pop, sem contar o homoerotismo celibatário, sem plumas ou paetês, desconcertante para os padrões da usina de entretenimento infanto-juvenil.

O grupo estava mais que estabelecido no Olimpo do estrelato quando atingiu a maturidade e a perfeição em The Queen Is Dead. O disco implodia de maneira grandiloqüente a enxuta estrutura musical da banda. Uma orquestra de cordas transformando algumas das canções em verdadeiros épicos era o gesto de maior risco, tornando o som dos Smiths mais deslocado no tempo do que nunca. Este era o caso da ultradebochada faixa-título, do romantismo suicida de "There Is A Light That Never Goes Out" e da quase patológica "I Know It’s Over", certamente o momento mais ousado de Morrissey, compondo uma dilacerante canção de amor e adeus para a própria mãe.

A grande surpresa do disco estava, porém, no humor desenfreado, trazendo leveza de alma e os confortos do ceticismo à artilharia pesada que avacalhava a família real sem misericórdia em "The Queen Is Dead"; imaginava mortes sádicas para Margaret Thatcher em "Bigmouth Strikes Again"; ridicularizava à todos os medíocres do planeta em "Pranky Mr. Shankly" e extraía boas gargalhadas da obsessão pelo sexo com a impagável "Some Girls Are Bigger Than Others". Nem um amigo como Howard Devoto - outro grande letrista de Manchester, líder do Magazine - escapou ileso, da febre zombeteira que tomou o vocalista dos Smiths. Em "Cemetery Gates", ele compõe um hilariante manifesto narrando um passeio dos dois entre lápides e exibições de erudição, para concluir: "Você tem Keats e Yeats ao seu lado, mas perde/ Porque Oscar Wilde está no meu." A mensagem é fechada para quem desconhece a literatura inglesa do século passado, mas basta dizer que, celebrando a vitória do mais leviano senso de humor sobre a sisudez, o idealismo e o classicismo, Morrissey resumia em uma cápsula o espírito do disco. Tentando sacudir seus conterrâneos para acordarem de seu "passado glorioso" antes que McDonalds, Pizza Hut, Tom Cruise e Demi Moore tomassem conta, o bufão da agonia fracassou de maneira retumbante. Como popstar, porém, não se deu mal: seus discos solos podem ser irregulares mas nunca entediantes (mesmo perdendo as insuperáveis melodias de Johnny Marr) e suas turnês americanas atraem multidões de adolescentes histéricas. O mesmo não se pode dizer do parceiro-guitarrista que hoje se dedica no derivativo duo Electronic, em que ele e Barney Summer sujam a reputação de Smiths, Joy Division e New Order - isto é, pelo menos 80% do melhor rock de Manchester.

É realmente intrigante para a geração que deixou a adolescência pela chamada idade adulta nos anos 80 (ouvindo coisas como Echo & The Bunnymen e Smiths) estar representada hoje, no megaestrelato, por baba diluída como R.E.M. (afinal, Michael Stipe tietou Morrissey incansavelmente!) e U2 (provando que Brian Eno realmente transforma água em vinho!). Mas, assim como o Oasis xeroca os Beatles, ainda podem surgir alguns moleques ingleses para refrescar a memória coletiva bebendo na fonte de Morrissey e Marr.


Performance

Ano de lançamento: 1986

Produção: Morrissey e Johnny Marr.

Engenharia de som: Stephen Street

Faixas:

"The Queen Is Dead"

"Frankly Mr. Shankly"

"I Know It’s Over"

"Never Had No One Ever"

"Cemetery Gates"

"Bigmouth Strikes Again"

"The Boy With The Thorn In His Side"

"Vicar In A Tutu"

"There Is A Light That Never Goes Out"

"Some Girls Are Bigger Than Others"