domingo, novembro 21, 2010

A ONDA

A Onda (Die Welle no original) mostra em sua trama a história de um professor que cria uma experiência ao ensinar autocracia para os alunos. Autocracia é uma maneira suave de se referir a regimes como a ditadura, tirania, fascismo ou totalitarismo. A aula começa com uma discussão sobre o nazismo, que aquilo nunca aconteceria novamente, que os alemães aprenderam a lição e tal.

O professor decide então que a melhor maneira de ensinar o tema é criando uma autocracia em plena sala de aula. De início apenas exige que os alunos se levantem antes de falar ou que usem todos o mesmo tipo de vestimenta. Mas, com a empolgação dos próprios alunos, que começam a gostar da “brincadeira”, a coisa começa a crescer. O grupo logo adota um nome, a Onda do título, criam um logotipo, espalham suas mensagens via internet etc, indo para bem além dos muros da escola.

Alguns alunos, antes excluídos, se veem pertencentes a um grupo, passam a defender uns aos outros, organizam festas e excluem qualquer um que não partilhe das ideias da Onda. Ou seja, A Onda passa a ser o estilo de vida deles, e pregam sua nova filosofia sem questionar o que há de errado nela. Claro que as coisas começam a sair do controle, e o professor, apesar de alertado por uma aluna dissidente de sua aula, só toma conhecimento disso quase que tarde demais.

Não vou contar mais para não estragar as surpresas que esse filme nos proporciona (o final é ímpar!). Digo apenas que vale muito a pena, é um dos melhores que vi este ano, e para quem curte aqueles filmes que nos fazem pensar, A Onda é um prato cheio. E eu não sou especialista em cinema alemão, mas o pouco que vejo dele é no mínimo interessante. Edukators, Adeus, Lênin, Corra, Lola, Corra, Anatomia, porra, é tudo bom!

quarta-feira, novembro 10, 2010

BLACK CROWES – CROWEOLOGY

(texto publicado originalmente na Billboard Brasil, setembro de 2010; autoria de Daniel Tambarotti)

Se a regra “a cada 20 anos tudo volta” se confirmar e passarmos a ter um revival dos anos 90 (que, por sua vez, tinha no DNA uma vibe meio 70’s), o momento é ideal para o Black Crowes soltar esta coletânea. Ainda hoje afogada em sotaque sulista, visual hippie e groove blueseiro, a banda americana está comemorando duas décadas de existência com Croweology – são vinte músicas em versão acústica. Mas não deixe essa escolha por arranjos desplugados te assustar – os hits continuam com o punch característico do grupo, mesmo que rearranjados para rodinhas de violão. Muito uísque e cigarro deixaram a voz de Chris Robinson ainda mais rouca, e o irmão Rich não deixa a “melosidade” do formato unplugged amolecer seus riffs e solos. “Remedy” ofusca o restante do repertório do CD. E por que diabos deixaram “Sometimes Salvation” de fora?

quarta-feira, novembro 03, 2010

TEENAGE FANCLUB - SHADOWS

(texto publicado originalmente na Rolling Stone # 45, junho de 2010; autoria de Carlos Eduardo Lima)

O Teenage Fanclub nunca vai ser tão importante quanto Byrds, Big Star ou Badfinger, suas inspirações maiores. Mesmo assim, o lugar de relevância da banda escocesa já está assegurado no inconsciente coletivo de quem ouviu rock nos anos 90. A mistura de melodias doces, letras românticas e refrãos eficientes perpetrada por Gerard Love, Raymond McGinley e Norman Blake é tão velha quanto a música pop e sempre foi a maior característica da banda. Shadows, o décimo disco da carreira, lançado após um intervalo de cinco anos, é uma mistura interessante de sons que já ouvimos antes e que, ainda assim, são totalmente novos. É como encontrar velhos amigos que a gente acabou de conhecer. Essa impressão está nos timbres das guitarras, nos vocais harmonizados, nos detalhes de órgão em “When I Still Have Thee”, na beleza melódica de “Sometimes I Don’t Need to Believe in Anything”, no piano de “Dark Clouds”, quem sabe no sentimento de verão do single “Baby Lee”. Tudo é assumidamente belo, inocente e atemporal, tanto que Shadows poderia ser lançado em 1966, 1988, 1995 ou hoje. Mesmo que nós e o Teenage Fanclub estejamos mais velhos, aparentamos o contrário neste disco.

segunda-feira, novembro 01, 2010

THE WALKING DEAD

Estreia nesta terça-feira, dia 2, na Fox, a série The Walking Dead. Ela chega apenas dois dias depois de ser exibida nos Estados Unidos, com uma audiência recorde entre as séries estreantes da temporada. Depois de tantos vampiros enchendo nosso saco, é a vez dos zumbis ganharem a telinha. Baseada na HQ homônima de Robert Kirkman, a primeira temporada é curtinha, apenas 6 episódios, mas já tem garantida a continuação.

O gibi, que tem saído aqui no Brasil de forma capenga pela HQM (nada que os scans não resolvam), é uma das melhores leituras de um título regular desde seu início, em 2003, apesar de eu ter pego o bonde andando e só descobri essa maravilha lá em 2005. Sai pela Image lá fora, e é uma das revistas (junto a Invincible, também de Kirkman, também excelente) que tem ajudado a acabar com a má fama da editora da época de Spawn e afins.


Walking Dead narra a vida dos sobreviventes após um holocausto zumbi, que parece ter dizimado grande parte da população americana, transformando a maioria em zumbis. O foco, portanto, não são os zumbis, mas um grupo liderado por um policial que se encontrava em coma quando os mortos-vivos surgiram. A cada edição eles passam por poucas e boas, nos deixando roendo as unhas enquanto esperamos pelo próximo número. Na medida em que a trama avança, os personagens evoluem, num belo trabalho de Kirkman, que mesmo assim não poupa ninguém, e na edição seguinte o seu favorito pode se tornar um zumbi, ou pior.

Desde que comecei a ler o gibi, vi nele um grande potencial para ir para as telas (ou mesmo a telona do cinema), pois ele tem uma estrutura que lembra muito o que vemos na TV, assim como outras HQs, como Y – The Last Man e 100 Bullets. Resta esperar como será a adaptação, mas as expectativas são altas. O canal onde é exibida nos EUA, AMC, é também a casa de Breaking Bad, uma das séries mais legais de tempos recentes, e que não dá espaço a finais felizes. Se seguir essa cartilha, estamos feitos!