domingo, julho 31, 2011

THE BEATLES - REVOLVER

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)

Na metade de 1966, os Beatles tinham decidido abandonar as turnês e se concentrar nos trabalhos de estúdio. A última atuação ao vivo aconteceu no dia 29 de agosto, em São Francisco (EUA). Algumas semanas antes, tinha chegado às lojas Revolver. O álbum reflete os novos interesses dos Beatles: LSD, música indiana, nostalgia pela música da antiga Inglaterra e uma necessidade de escapar das canções de amor convencionais. O primeiro single já deixa claro isso tudo. Eleanor Rigby, canção de Paul sobre solidão e alienação, não tinha guitarra, baixo ou bateria. Era conduzida por um octeto de cordas. O outro lado do compacto se tornou ainda mais popular. Yellow Submarine, cantada por Ringo, era uma canção infantil com uma base rítmica simples. Mas os efeitos sonoros e melodia contagiante ajudaram a canção a vender milhões de cópias. O álbum abre com Taxman, de George Harrison, crítica do guitarrista aos escorchantes impostos cobrados pelo governo da rainha Elizabeth II. George radicalizou seus experimentos com música indiana em Love You Too, que não fazia uso de instrumentos ocidentais. Paul segue como o mestre das baladas, se superando em Here, There And Everywhere e For No One. Em Good Day Sunshine ele resgatava os ensolarados tempos do music hall. Got To Get You Into My Life, repleta de metais, foi um tributo de Paul à soul music, embora anos mais tarde ele tenha assumido que a letra falasse de maconha. John Lennon não estava muito interessado no que ocorria no resto do mundo, e sim no que se passava dentro de sua cada vez mais inquieta cabeça. I’m Only Sleeping, And Your Bird Can Sing e She Said She Said, frutos da experiência de Lennon com ácido, são hipnóticas, “viajantes” e ligeiramente arrastadas. Dr. Robert era musicalmente mais convencional, embora o seu tema também entregue que as drogas foram a fonte de inspiração. A psicodélica Tomorrow Never Knows, canção que fecha o disco, foi verdadeiramente um divisor de águas, mostrando aos músicos dos quatro cantos do planeta que tudo era possível num estúdio de gravação. Os efeitos sonoros e o estilo de produção já vislumbravam o que poderia ser feito, por exemplo, no campo da música eletrônica.