sábado, abril 28, 2007

20 DISCOS QUE MUDARAM O MUNDO pt. 4

(texto extraído da revista ZERO nº 8)

ELVIS PRESLEY
THE SUN SESSIONS

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Lançamento: 15 de março de 1976
Nas paradas: nº 76 no Top 200 da Billboard
Algumas influências: Bill Monroe, Big Mama Thorton, Big Joe Turner
Alguns influenciados: Beatles, Cliff Richard, Tom Jones, Dread Zeppelin, Stray Cats, Fine Young Cannibals, Roy Orbison, Pat Boone

Durou pouco mais de um ano – de julho de 1954 a novembro de 55 – a relação entre a gravadora Sun e Elvis, mas o período foi suficiente para o cantor cravar em pedra os Dez Mandamentos do que viria a ser conhecido como rock ‘n’ roll.
Desde o momento em que Elvis estacionou o caminhão da firma de artigos elétricos, para a qual trabalhava como motorista, num horário de almoço, na frente da gravadora, com o intuito de trocar US$ 4 por um disco de 10 polegadas com sua voz em músicas para a mãe até o último single que gravou para a Sun – “I Forgot To Remember Forget”/ “Mystery Train” – ele transformou o gênero em cultura pop.
Tudo bem que Elvis não foi o primeiro branco a cantar rhythm and blues, mas atendeu ao sonho de Sam Phillips, dono da gravadora, de encontrar um “branco com a voz e sentimento de um negro, para faturar um milhão de dólares”. Seu passe rendeu bem menos que isso – por US$ 40 mil, Phillips repassou-o à RCA –, mas no pacote, além da voz e sentimento, a RCA ganhava o inventor do rockabilly, na fusão do country com o blues, nascido de uma brincadeira de estúdio em cima de “That’s All Right (Mama)”, de Arthur Crudup.
Seu último single pela gravadora de Phillips, aliás, chegara ao número um da parada country norte-americana, e as 16 canções registradas em Sun Sessions, que só foram lançadas (reunidas) em 1976, captam todo o processo – são dez gravações mais seis outtakes. E a música não tinha mais cor.

Efeitos no Brasil: Antes de Elvis, os jovens tinham que escutar as mesmas coisas que seus pais, boleros, samba-canção, tangos, Frank Sinatra... A identidade de música apropriada à juventude caiu como uma bomba nas festinhas e cinemas em 1955, e pressionou as gravadoras por lançamentos.
Enquanto isso...: O mundo vivia a ressaca da maior e mais sangrenta guerra da história, a Segunda Guerra Mundial. Tinha início um novo conflito: a Guerra Fria, que opunha o regime comunista, encabeçado pela União Soviética, ao capitalista, pelos EUA. James Dean era o ídolo maior, seguido de perto pelo selvagem Marlon Brando e os filmes da moda eram Juventude Transviada e Sementes da Violência.

sexta-feira, abril 27, 2007

LAST DAYS

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Last Days, o tão falado filme de Gus Van Sant que seria baseado nas últimas horas de Kurt Cobain, líder do Nirvana que se suicidou em 1994 (seria porque o nome do personagem é Blake; vai que a louca da Courtney Love resolver processar), estreou em Cannes em 2005, esteve em algumas Mostras no Brasil, mas nunca chegou a entrar em circuito comercial. No começo desse ano foi finalmente lançado em DVD, e na última segunda-feira estreou no Cinemax, quando finalmente tive a oportunidade de assistir. Nele o diretor aplica mais uma vez a técnica que usou nos seus dois filmes anteriores (Gerry e Elephant), com um tom experimental, longas seqüências, poucos diálogos e quase documental.

Michael Pitt (Os Sonhadores) vive Blake, um rockstar atormentado que parece não ter mais saco para mais nada. Ele passa o dia na sua mansão, perambulando seu destino aparente, às vezes empunhando uma arma, tentando ao máximo evitar se relacionar com todo e qualquer um que atravesse seu caminho. Apesar de não mostrar nenhuma cena com drogas, ele parece passar todo o tempo chapado, grunhindo palavras incompreensíveis. Os amigos que vivem no mesmo teto não dão a devida atenção a esse seu desmoronamento. Com exceção da personagem vivida por Kim Gordon (baixista do Sonic Youth, banda com que o Nirvana fez uma turnê pela Europa, que faz uma pequena ponta), todos parecem apenas esperar pelo inevitável e tentam levar suas vidinhas, seja ouvindo “Venus in Furs” do Velvet Underground no volume máximo ou fazendo sexo.

Alheia a tudo isso, a câmera de Van Sant foca mesmo Blake, em takes longuíssimos, alguns bem interessantes, como aquele que mostra a TV sintonizada na MTV mostrando um clipe dos Boys II Men, uma baba do começo dos anos 90, onde claramente o diretor quis mostrar em que meio estava inserido o Nirvana, que teria causado repulsa por parte de Cobain. Outro momento marcante é aquele que mostra Pitt gritando a plenos pulmões uma canção de sua autoria, mas que tem a marca registrada das composições de Kurt. Quem é fã e viveu aquela época com certeza se arrepiou nessa passagem, como eu. Até chegar ao momento do suicídio. Sem apelações, Van Sant não exibe o momento exato do ato, mas apenas a descoberta do corpo (numa estufa, como de fato ocorreu) por um jardineiro.

Como ficou claro, não é um filme fácil, bem longe do cinemão hollywoodiano, e sua narrativa pouco usual pode afugentar algumas pessoas, e certas passagens podem ser cansativas, mas se alguém decidir entrar nessa viagem vai encontrar uma pequena jóia, longe de ser lapidada, que mostra a visão de Gus Van Sant sobre as últimas horas de Kurt Cobain, com uma atuação soberba de Michael Pitt, que, assim como Val Kilmer quando viveu Jim Morrison no biográfico The Doors, praticamente incorporou a alma do vocalista do Nirvana.

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quinta-feira, abril 26, 2007

MORTE

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Desde que surgiu nas páginas de Sandman, na história “O Som de Suas Asas” (originalmente em Sandman #8, e depois no encadernado Prelúdios e Noturnos), a personagem Morte alcançou sucesso imediato, de certa maneira até mais que o protagonista da série, e não foi surpresa Neil Gaiman dedicar algumas histórias solo para a mais sensível dos Perpétuos. Nessa edição de luxo, a Conrad traz duas minisséries de três partes cada, O Alto Preço da Vida e O Grande Momento da Vida, além da curta A Morte Fala Sobre a Vida.
Em O Alto Preço da Vida, a Morte tem seu direito -usado a cada 100 anos- de viver como um reles mortal por um dia. Nesse período ela conhece o rapaz Sexton, que tem tendências suicidas, e passa por poucas e boas ao seu lado, como ser raptada por um homem que planeja a vida eterna.
Depois temos A Morte Fala Sobre a Vida, com apenas sete páginas e que foi publicada originalmente em vários títulos adultos da Vertigo no começo dos anos 1990, onde a Morte desmente alguns preconceitos que existiam em relação à AIDS na época (alguns desses ainda existem) e pede ajuda a John Constantine para mostrar como usar a camisinha (calma, ele usa uma banana, literalmente).
Já O Grande Momento da Vida é centrado em Foxglove, personagem mostrada no arco Um Jogo de Você, de Sandman, que também aparece ligeiramente na história que abre esse volume. Agora uma cantora de sucesso, ela se envolve mais uma vez com um integrante da família dos Perpétuos, e vai ao limiar do reino da Morte para salvar sua amada e seu filho.
Apesar das histórias não possuírem a riqueza das tramas de Sandman, elas são bem interessantes, principalmente O Grande Momento da Vida, e não dá para não gostar dessa versão da Morte de Gaiman, que apesar de realizar uma tarefa ingrata, é altamente para cima e valoriza cada vida que tem que tomar. A edição segue a mesma qualidade dos encadernados de Sandman da mesma Conrad, com capa dura, papel do miolo de altíssima qualidade e formato grande, além de contar com extras como uma galeria de imagens da personagem e prefácios de Tori Amos e Claire Danes. Vale muito a pena, recomendo.

sábado, abril 21, 2007

VÁRIAS COISAS

Em pleno mês onde o S&D completa seu segundo aniversário, é uma pena ele estar meio entregue às moscas virtuais, mas estive ocupado devido ao concurso do TRE (prestado no último domingo) e também aproveitei e levei o computador para a assistência técnica na sexta-feira 13, já que ele precisava urgentemente de uma formatação para voltar a funcionar minimamente bem, além de finalmente instalar um gravador de CD/DVD, e graças a um probleminha na reinstalação do modem (minha velha sorte sempre dá um jeito de atacar), só hoje pude recebê-lo.
Depois de alguns meses de correria estudando basicamente durante todo o dia (e todos os dias), ainda estou colocando minha vidinha besta nos trilhos. Essencialmente isso quer dizer pôr em dia uma pilha de revistas e gibis e, pelamordedeus!, assistir a algum filme (nem lembro mais quando vi o último). Também está na lista de afazeres reorganizar minha coleção de gibis, que ganhou um novo montante aguardando seu recolhimento para os arquivos de terceira idade (uma das coisinhas chatas que aprendi estudando Arquivologia, matéria exigida para a prova; fundamentalmente os documentos que não tem mais utilidade imediata, mas que tem valor histórico e/ou probatório, vão para o arquivo de terceira idade, ou permanente), dar um jeito na bagunça do baú (não é o do Silvio Santos) e realizar tarefas prosaicas como virar o colchão (só lembro quando já estou deitado) e dar uma voltinha de bicicleta para tirar o mofo da pele (se bem que com essa chuva recente nem tentei).

Antes de ir embora, umas coisinhas:
-O programa do Jools Holland não é exibido só na HBO Plus. Toda sexta-feira, às 23 horas, o Film & Arts também o exibe. Vale, vale, vale!
-Vi gente reclamando por a Fox tirar do ar Prison Break para exibir a 6ª temporada de 24 Horas. Como no ano passado, Prison deve voltar ao final de mais um dia para Jack Bauer. Eu achei uma bênção, pois não suportava mais tantos clichês, reviravoltas, eventos inverossímeis e um baita desrespeito com a inteligência do espectador. Férias mais que merecidas. E a 1ª temporada foi tão legal...
-A nova fase da Bizz, que estreou com o Miranda na capa, veio bem a calhar. Nova diagramação, novas seções e textos deliciosos. O Arnaldo Branco já se tornou um dos meus escribas favoritos. Ele é o mesmo autor de matérias recentes (e já antológicas) com Raimundos e Ivete Sangalo (argh!), e agora nos presenteia com sua hilariante descrição dos bastidores do programa Ídolos.
-Tenho ouvido muito Bob Dylan por aqui. Confesso que demorou um pouco para cair a ficha e perceber a qualidade do seu trabalho, então estou recuperando o tempo perdido. Comprei uma coletânea dupla, junto a outros CDs (dedicarei em breve um post para falar de cada um deles), e músicas como “Don’t Think Twice, It’s All Right”, “It Ain’t Me” e “It’s All Over Now, Baby Blue” não me saem da cabeça.
-Yuri (é assim que se escreve?), meu velho, você é sempre bem vindo por aqui.
-A partir da próxima semana as coisas se normalizam por aqui. Prometo.
-Pô, legal esse Word 2007, heim?

domingo, abril 08, 2007

CLÁSSICO E HISTÓRICO

O blog só volta mesmo com suas atividades normais depois do próximo domingo (dia 15), data da prova para o concurso do TRE da Paraíba, quando concorrerei com outros milhares de candidatos para uma das vagas de Técnico Judiciário. Eu apareci aqui só para dar uma dica de programa de tv. Isso aqui, ó:
Álbuns Clássicos – The Dark Side of The Moon: E o rock virou definitivamente história quando uma série se dedica aos álbuns clássicos de todos dos tempos. Para começar, nada melhor do que o título do Pink Floyd. No programa, as lendas que cercam o disco e entrevistas com músicos e produtores. The History Channel, 11/04, 22h00. (Fonte: Omelete)

quinta-feira, abril 05, 2007

DISCOTECA BÁSICA

(texto extraído da revista BIZZ #94, abril de 1993)

KISS - DESTROYER (1976)
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Você já imaginou como seria o mundo sem o Kiss? Reflita durante um momento... Pense nos dinossauros progressivos dos anos 70, tipo Emerson Lake And Palmer e Yes, querendo destruir o bom humor da raça humana. Pense em quantos caras compraram uma guitarra depois de ver e ouvir Ace Frehley. Pense em quantas festanças já não foram embaladas por "Rock´N´Roll All Nite". A conclusão não poderia ser outra: Ace, Gene Simmons (baixo), Paul Stanley (vocal/guitarra) e Peter Criss (bateria) salvaram o rock´n´roll.
O quarteto botou demência onde só havia pretensão e virtuosismo assexuado, por isso lhe somos eternamente gratos. David Bowie, Marc Bolan e os New York Dolls já haviam jogado purpurina nos anos 70, mas nenhum deles atingiu tanta gente quanto o Kiss. Mas até hoje, este planeta ingrato despreza os quatro mascarados de Nova York. Você já viu Hotter Than Hell, Destroyer, Rock And Roll Over em alguma lista dos melhores álbuns da história?
As pessoas "sérias" não gostam do Kiss porque o grupo é uma mancha na imaculada história dos heróis do rock. Gene &Cia. não estavam a fim de protestar contra nada, pouco ligavam para a guerra do Vietnã ou para a miséría do mundo. Só queriam mesmo se dar bem com as mulheres, encher o bolso de grana e se divertir com o rock´n´roll. E conseguiram!
Muitos acusam o Kiss de ser "palhaço" demais para ser levado a sério, mas se esquecem de que Little Richard tocava fogo no piano nos anos 50 e que James Brown tirava a camisa para mostrar os músculos para as fãs. Isso é rock´n´roll, uma palhaçada sem fim. O que o Kiss fez foi pegar esse lado clown e adicionar-lhe o toque épico que faltava. Gene, Paul, Ace e Peter sacaram que não era suficiente tocar rock. Era necessário "encenar" rock. Para embalar esse teatro gigante, só mesmo um som de arena, básico ao extremo. Músicas que colassem na memória, refrões fáceis.
E foi aí que Gene Simmons e Paul Stanley se revelaram verdadeiros gênios do pop. Disco após disco, a banda foi se aprimorando até chegar ao ápice: o monumental Destroyer. O começo do álbum é glorioso: "Detroit Rock City", "King Of The Night Time World" e "God Of Thunder", dez minutos de tirar o fôlego. O baladão "Beth" e "Do You Love Me" se destacam no meio de outras preciosidades. É um disco que se ouve da primeira à última faixa sem tirar o sorriso da boca. Nota dez.
A influência de Destroyer não pode ser medida. Todo ser humano que faz som pesado deve um pouco ao Kiss. Bandas tão diferentes quanto Anthrax, Venom e Nirvana são capazes de se ajoelhar à simples menção do nome de Gene Simmons. Até o Manowar chegou a copiar a capa de Destroyer (no álbum Fighting The World).
O Kiss deixou uma lição: a de que é preciso levar a vida na brincadeira e que muita seriedade cansa a beleza. Felizmente, milhões aprenderam o dever de casa. Quando você vir alguém na rua com uma camiseta da banda, pode cumprimentar que é gente fina.
André Barscinski