quinta-feira, agosto 09, 2012

IGGY AND THE STOOGES – RAW POWER (1973)

(texto extraído do livro 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer)

Na capa a imagem de Iggy Pop, provocante e ameaçador, captura à perfeição sua resposta aos problemas e críticas que enfrentou antes de este álbum tomar forma. Depois de um relacionamento infeliz com a gravadora Elektra – que divulgou mal os dois primeiros álbuns da banda e se livrou deles antes que os Stooges começassem o terceiro disco -, Pop saiu do grupo e deixou Detroit para se juntar a David Bowie em Nova York.
Por sugestão de Bowie, Iggy e o guitarrista James Williamson foram a Londres gravar Raw Power. Na capital inglesa, Pop reconvocou Ron e Scotty Asheton, os irmãos que tinham criado a seção rítmica primal dos Stooges. O ambiente cordial da “velha e boa Inglaterra”, como dizia Pop, não aliviou o áspero machismo de Raw Power. Na verdade, o disco não poderia estar mais longe da ambiguidade sexual do glam rock vendida por Bowie e outros naquela época. A visão que Pop tinha do álbum era ambiciosa – a mixagem inicial de “Search And Destroy” traz o som de uma luta de espadas, enquanto “Penetration” usa uma das matérias-primas do rock’n’roll, a celesta (um teclado composto por sinos orquestrais) – mas a guitarra de Williamson e o ritmo cru dos Ashetons mantiveram o disco numa linha mais simples, voltada para o estômago e os testículos.
A Columbia odiou o álbum e achou o material menos acessível do que o produzido pelos Stooges para a Elektra. A gravadora encarregou Bowie de salvar o que pudesse daquela mixórdia. Ainda bem que ele deu atenção às ideias de Iggy e montou oito faixas que influenciaram os primeiros punks de Nova York e Londres e atribuíram a Pop o papel de padrinho do movimento.