sábado, dezembro 10, 2011

NOEL GALLAGHER'S HIGH FLYING BIRDS

(texto extraído da Billboard Brasil 24, outubro de 2011; autoria de Rodrigo Ortega)

A conexão mais forte entre este primeiro CD de Noel Gallagher e a banda que ele abandonou em 2009, o Oasis, é The Masterplan, álbum de lados B do grupo lançado em 1998. A coletânea tinha várias canções acústicas com tom melancólico, cantadas pelo irmão mais velho. Faixas como “Talk Tonight”, “Going Nowhere” e “Half the World Away”, mais delicadas (adjetivo que pode despertar em fãs de Oasis a vontade de tacar uma lata de Guinness na minha cabeça), se contrapunham à euforia dos primeiros álbuns. A voz de Noel, menos potente do que a de Liam, combina com a fragilidade dessas e outras baladas. Não é inesperado, então, o fato do disco solo ser menos pesado do que a média da antiga banda. Mas não há só voz e violão – os arranjos vistosos lembram “The Importance of Being Idle”, uma das poucas boas surpresas do Oasis nos anos 2000, também com voz de Noel. Ele ousa mais, especialmente em “AKA... What a Life!”, a um remix de distância de ser hit de pista de dança, e ganha de bônus a possibilidade de agradar até a quem não era fã de Oasis. Por essa e outras – como “If I Had a Gun” e “Stop the Clocks” -, mais inspiradas que as do Beady Eye, banda do seu irmão com os remanescentes do Oasis, o placar fica assim: 1 para Noel, 0 para Liam.

terça-feira, novembro 15, 2011

KASABIAN – VELOCIRAPTOR!

(texto extraído da Billboard Brasil 24, outubro de 2011; autoria de Henrique Crespo)


O quarto álbum de estúdio é uma reafirmação, levemente mais pop e menos dançante, dos rumos que a banda vem traçando desde sua estreia fonográfica em 2004. Acid rock, britpop e um pouco de Beatles são como carimbos na música do grupo britânico: a faixa-título ilustra bem o primeiro, a bonita balada “Goodbye Kiss”, o segundo, e “La Fee Verte”, o terceiro. O disco produzido por Dan The Automator – um dos nomes por trás do Gorillaz – é uma viagem sem grandes desvios de rota. A exceção poderia ser “I Hear Voices” que esbarra no eletro. “Re-wired” é um Primal Scream menos viajandão que não faria feio nas pistas. Não deve demorar a ganhar um remix. “Neon Noon” fecha lembrando mais um pouco os Fab Four.

domingo, outubro 16, 2011

THE BEATLES - SGT. PEPPER’S LONELY HEARTS CLUB BAND

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)


Poucos discos foram tão influentes quanto Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band. O álbum teve um timing impecável. Foi lançado em meio ao chamado “verão do amor”, quando várias facções da contracultura resolvem se manifestar. Dessa forma, ele foi considerado um disco-manifesto. A ideia inicial de Sgt. Peppers surgiu de Paul, que achou interessante o fato de os Beatles assumirem um alter ego. Sgt. Peppers abriu as portas para que o gênero se tornasse a voga no rock. A eclética e psicodélica coleção de canções incluídas em Sgt. Peppers tem um pouco de tudo para todo mundo. Os Beatles eliminaram os espaços entre as canções, o que dava ao disco a impressão de continuidade. A faixa-título é um rock vibrante pontuado por metais que já escancara a intenção dos Beatles. Ela deságua em With A Little Help from My Friends, em que Ringo brilha como Billy Shears, o cara legal e amigão de todo mundo. Lucy in the Sky with Diamonds causou polêmica e John Lennon sempre negou que tivesse sido composta sobre influência de LSD. Paul McCartney veio com a otimista Getting Better, a enigmática Fixing a Hole e a melodramática She’s Leaving Home, um experimento barroco que emulava o clima de Eleanor Rigby. O lado A do vinil original fechava com Being for the Benefit of Mister Kite!, de John, cujo clima de parque vitoriano foi inspirado em pôster. George Harrison radicalizou a ambientação indiana em Within or Withou You, que não conta com a participação dos outros Beatles. Paul recorreu à nostalgia para criar When I’m Sixty-Four, sua mais bem-sucedida incursão pelo universo sonoro do vaudeville. E o baixista veio com mais uma de suas canções idiossincráticas: Lovely Rita. John Lennon comentava as banalidades do dia a dia em Good Morning Good Morning. Depois da reprise da canção Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, o show parecia ter acabado. Mas o bis bateu tudo o que veio antes. A Day in the Life era basicamente uma canção de John com um segmento de Paul incluído no meio. Hipnótica e alucinógena, A Day in the Life chegou a ser banida pela BBC, que alegou que a música fazia referência as drogas. O acorde final da canção fechava o álbum como um sarcófago sendo trancado. A capa criada por Peter Blake também tornou-se referência, sendo imitada e parodiada até hoje.

sábado, outubro 01, 2011

NEVERMIND - 20 ANOS

O pessoal todo já sabe da importância que Nevermind teve/tem pra mim. Foi o disco que abriu as portas para o rock, ou, de maneira geral, para a boa música. Depois de conhecer o Nirvana através desse CD – na época ainda o vinil, que tenho até hoje -, vieram Metallica, Pearl Jam, Alice In Chains, Ramones, Beatles, Black Sabbath, REM, Pink Floyd etc, etc.
Hoje tudo acontece de maneira instantânea. Uma banda começa a fazer um barulhinho numa pequena cidade sueca, uma nova música é tocada num programa de madrugada da Radio 1, um blog fala de um show num lugarzinho caindo aos pedaços, isso tudo chega ao nosso conhecimento – e aos nossos ouvidos – quase imediatamente.
Mas nos gloriosos primeiros anos da década de 1990 as coisas não eram assim, principalmente onde moro, uma cidade de tamanho mediano no interior da Paraíba. Se Nevermind foi lançado na gringa em setembro de 91, o fenômeno só chegou à capa da Bizz em março do ano seguinte, e foi mais ou menos nessa época que o clipe de Smells Like Teen Spirit começou a ter execução no Cliptonita, opção para quem não tinha MTV como eu, que era exibido nas tardes da Record. E, pasmem, as FMs locais passaram a tocar Nirvana, e não só Smells..., mas também Come As You Are, Lithium, In Bloom. Acho que consegui gravar metade do disco num K7 só com o que passava no rádio.
Mas o que mudou tudo para mim foi o show do Nirvana no Hollywood Rock de 1993, costumo dizer que foi minha epifania rock‘n’roll. Se no ano anterior tivemos shows conforme o figurino de Extreme e Skid Row, ver aqueles caras com uma postura totalmente contrária, como se estivessem tocando numa garagem depois de ficarem totalmente chapados, mudou minhas concepções. Tinha, finalmente, encontrado meu nirvana. Vi e revi infinitas vezes o show no vídeo cassete. Engraçado que fui atrás de comprar Nevermind pouco tempo depois e não encontrei de maneira nenhuma, só achei o Incesticide, que acabou sendo meu primeiro disco de rock.
O resto é história, que se desdobra até hoje, quando ouço um Cage The Elephant ou um Yuck da vida...

domingo, setembro 25, 2011

R.E.M. - THE END

Durante a última semana fomos surpreendidos com o anúncio da separação do R.E.M., umas das grandes bandas de todos os tempos. Passado uns dias e analisando melhor, pararam em boa hora. Apesar de continuar lançando discos acima da média – o mais recente foi o Collapse Into Now, no primeiro semestre deste ano – o último grande álbum de Michael Stipe e Cia foi Reveal, e já passam dez anos do seu lançamento. Uma das grandes virtudes – e também das mais raras – é saber a hora certa de dizer chega, principalmente para aqueles que trabalham com arte, como os músicos, escritores e diretores. O rock nacional dos anos 80 é cheio de exemplos que não se indica serem seguidos, os caras não querem largar o osso. Como disse Neil Young, na famosa frase usada por Kurt Cobain, é melhor queimar do que apagar-se aos poucos.

Para celebrar essa banda que serviu de trilha sonora para muita gente em muitas ocasiões, trago abaixo dois textos publicados na Bizz (sempre ela!), um sobre o Automatic For The People, disco de 1992, e outro sobre o New-Adventures In Hi-Fi, de 1996, e um dos meus favoritos. Enjoy!


R.E.M. - Automatic For The People (Warner)

Existe num pequeno condado no sul dos EUA um restaurante com uma grande placa retangular ao lado da entrada onde lê-se: "Automatic For The People". Significa mais ou menos "serviço imediato para os clientes". Quatro desses clientes, semi-forasteiros da cidade vizinha, Athens, transformaram o simpático mote publicitário em título de um dos discos mais intimistas e sombriamente belos já feitos.

Automatic For The People é também o álbum menos comercial do R.E.M.. Nenhuma de suas doze faixas gruda automaticamente no ouvido. É preciso ouvir e ouvir e, quando menos se espera, está-se diante de uma possível obra-prima. Como, por exemplo, "Drive", o primeiro single e videoclip, em que o rock´n´roll surge como um personagem indeciso num ponto qualquer de uma estrada sem fim. Ou "Nightswimming", onde Michael Stipe canta um instante de felicidade perdido, com o realismo e a pungência de um velho retrato.

O disco sucede as dez milhões de cópias vendidas de Out of Time, entrou direto em segundo lugar na Billboard e encabeçou a parada inglesa. Mas, quanto ao rock, esse, ficou de fora. Quase não se percebe a bateria no disco (uma boa exceção está em "Monty Got A Raw Deal"). Berry, Buck, Mills e Stipe preferiram centrar foco no registro estranho de um violoncelo, como na belíssima "Sweetness Follows", de um piano, órgão, mandolim, de ocasionais e elegantes distorções de guitarra e da voz - enfim, crua - desvelando as letras.

Gravado na própria Athens, em New Orleans, Miami e Nova York, mixado na decantada Seattle e produzido pela própria banda e por Scott Litt, Automatic For The People é quase uma depuração mais despojada de Out of Time (já em si depurado). Em alguns momentos pode soar um tanto grandioso - especialmente quando irrompe a orquestra de cordas arranjada pelo ex-Led Zeppelin John Paul Jones - e até mesmo piegas, mas a sua forte autenticidade afasta qualquer impressão ruim. E, ainda que denso e tendo a morte e a nostalgia como elementos fundamentais em sua atmosfera, Automatic For The People é um disco leve. Como às vezes é leve a respiração.

Texto de Daniel Benevides


R.E.M. - New Adventures In Hi Fi - Warner/WEA

New Adventures In Hi-Fi, do R.E.M., é um álbum atípico. O material foi composto e gravado durante a acidentada turnê de Monster (1994), que levou três dos quatro integrantes do grupo para o hospital - apenas o guitarrista Peter Buck se salvou. Além de faixas de estúdio, há outras registradas na estrada, gravadas ao vivo durante passagens de som ou mesmo no camarim. O resultado é sujo, propositadamente desleixado.

Compilações como esta costumam ser detestáveis, mas New Adventures In Hi-Fi vem confirmar a exceção. Mr. Michael Stipe substitui adjetivos que costumam namorá-lo - messiânico, pomposo, enfadonho - por simplicidade. O CD chega a tocar o genial quando aprimora o conceito "fora do tempo", só nominado em Out Of Time (1991). É assim em duas masterpieces atemporais: em "How The West Was Won And Where It Got Us", o R.E.M. abraça Velvet Underground e abandona Smiths; em "E-Bow The Letter", Stipe se faz bem mais Patti Smith do que Renato Russo. Não é pra menos: a sacerdotisa punk, recém-ressurrecta, intromete-se em pessoa para elaborar os vocais mais arrepiantes da década. E Stipe, que afirma ter decidido fazer música ouvindo a roqueira, sucumbe: larga a estridência que costuma prejudicá-lo e canta como um travesti de Patti. E há ainda a suprema obsessão temática de "Leave", a sutileza rocker de "Bittersweet Me" e "Be Mine", a sanha melódica de "Zither" e "Electrolite". Bravo.

Texto de Pedro Alexandre Sanches

Mais R.E.M. aqui e aqui, onde destilei minhas opiniões sobre os CDs Out of Time e Monster, respectivamente.

sábado, agosto 20, 2011

SOUNDGARDEN - SUPERUNKNOWN

(texto extraído da BIZZ 104, de março de 1994; autoria de Gabriela Dias)


São dezesseis loucuras que compõe Superunknown (ou então, "superdesconhecido"), novo disco do Soundgarden. Algo como a caixinha-de-surpresas que as contém. É um título apropriado: em dez anos de carreira, o grupo nunca ousou tanto. O quarto álbum deles vai do flerte com o pop ao punk rock, ou então da psicodelia sessentista às raízes metálicas no som da banda (como o Black Sabbath). Exemplos: as faixas "Spoonman" (sua primeira música de trabalho) e "Let Me Drown" grudam logo na primeira audição; "Half" - uma das canções "viajandonas", feitas pelo baixista Ben Shepherd - emula, pasmem, uma cítara! Já "My Wave" caminha por um território pop (ouça o refrão, é inacreditável!) trazendo um som de baixo que é pura distorção. Mas nesse álbum ainda há ecos daquele Soundgarden que registrou trabalhos importantes como Screaming Life (o primeiro EP do grupo, editado pela Sub Pop, em 89) e Louder Than Love (90). No final das contas, nem ruptura com o passado, nem apego às raízes: o que se apresenta é apenas um novo, um superdesconhecido Soundgarden.

domingo, julho 31, 2011

THE BEATLES - REVOLVER

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)

Na metade de 1966, os Beatles tinham decidido abandonar as turnês e se concentrar nos trabalhos de estúdio. A última atuação ao vivo aconteceu no dia 29 de agosto, em São Francisco (EUA). Algumas semanas antes, tinha chegado às lojas Revolver. O álbum reflete os novos interesses dos Beatles: LSD, música indiana, nostalgia pela música da antiga Inglaterra e uma necessidade de escapar das canções de amor convencionais. O primeiro single já deixa claro isso tudo. Eleanor Rigby, canção de Paul sobre solidão e alienação, não tinha guitarra, baixo ou bateria. Era conduzida por um octeto de cordas. O outro lado do compacto se tornou ainda mais popular. Yellow Submarine, cantada por Ringo, era uma canção infantil com uma base rítmica simples. Mas os efeitos sonoros e melodia contagiante ajudaram a canção a vender milhões de cópias. O álbum abre com Taxman, de George Harrison, crítica do guitarrista aos escorchantes impostos cobrados pelo governo da rainha Elizabeth II. George radicalizou seus experimentos com música indiana em Love You Too, que não fazia uso de instrumentos ocidentais. Paul segue como o mestre das baladas, se superando em Here, There And Everywhere e For No One. Em Good Day Sunshine ele resgatava os ensolarados tempos do music hall. Got To Get You Into My Life, repleta de metais, foi um tributo de Paul à soul music, embora anos mais tarde ele tenha assumido que a letra falasse de maconha. John Lennon não estava muito interessado no que ocorria no resto do mundo, e sim no que se passava dentro de sua cada vez mais inquieta cabeça. I’m Only Sleeping, And Your Bird Can Sing e She Said She Said, frutos da experiência de Lennon com ácido, são hipnóticas, “viajantes” e ligeiramente arrastadas. Dr. Robert era musicalmente mais convencional, embora o seu tema também entregue que as drogas foram a fonte de inspiração. A psicodélica Tomorrow Never Knows, canção que fecha o disco, foi verdadeiramente um divisor de águas, mostrando aos músicos dos quatro cantos do planeta que tudo era possível num estúdio de gravação. Os efeitos sonoros e o estilo de produção já vislumbravam o que poderia ser feito, por exemplo, no campo da música eletrônica.

quinta-feira, junho 16, 2011

THE VACCINES – WHAT DID YOU EXPECT FROM THE VACCINES? (2011)

(texto extraído da Billboard Brasil 17, de abril de 2011; autoria de Rodrigo Ortega)

“Eu tenho tempo demais em minhas mãos / Mas você não entende.” O coitado Justin Young nem parece o vocalista da banda nova mais comentada do rock inglês em 2011, os Vaccines. Com visual nada roqueiro, de camisa social para dentro da calça, ele sofre por uma mulher que o deixou sozinho (“A Lack of Understanding”, dos versos acima), por uma que ele vai deixar sozinha (“Who You Are”) e até por outra que deixou o ex-namorado sozinho e transou com ele (“Post Break-Up Sex”). O revival do revival do rock de garagem e os lamentos classe média de Young são capazes de comover pessoas comuns. Difícil é convencer a turma blasé que curte “bandas novas mais comentadas do rock inglês”.

domingo, junho 12, 2011

BOB DYLAN – THE FREEWHEELIN´ BOB DYLAN (1963)

(texto extraído do livro 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer)


Se a música folk foi o pilar da cultura popular Americana nos anos 50 e 60, ninguém incorporou as tensões da época tão bem quanto Bob Dylan. E The Freewheeling´ Bob Dylan foi particularmente responsável por firmar sua fama de cantor e compositor de técnica quase perfeita, dotado de uma visão política focada no detalhe, na narrativa e no humor.
O álbum sublinha o compromisso de Dylan com as mudanças sociais (a capa mostra Dylan com sua namorada na época, Suze Rotolo, caminhando por Greenwich Village, onde atraiu atenções pela primeira vez como cantor de folk). Uma trilogia de músicas do disco – “Blowing´ in the Wind, “A Hard Rain´s A-Gonna Fall” e “Masters of War” – parecia englobar o desejo de mudança de toda uma geração. As três permanecem, em muitos aspectos, como as canções mais duradouras de Dylan, regravadas por artistas de todos os gêneros, incluindo o rap, o reggae e o country.
Como sempre, Dylan se desviou do caminho para desafiar as classificações musicais – estabelecendo esse padrão para o resto de sua carreira. Em músicas como “Don´t Think Twice, It´s All Right” e a sublime “Girl from the North Country”, ele joga com a temática do amor trágico das baladas, o surrealismo e até mesmo a comédia. Nesse aspecto, no mínimo, The Freewheelin´... deve muito ao trabalho de uma pessoa que o inspirou no início: Woody Guthrie. Essas músicas igualmente ignoram a embalagem colorida da sociedade americana, preferindo se identificar com as massas oprimidas do campo. Dessa forma, o álbum pode ser visto como um manifesto.
Apesar de Dylan lamentar o rótulo de porta-voz de sua geração, The Freewheelin´... é uma rara evocação de uma época em seu país.

quarta-feira, maio 04, 2011

U2 - DISCOGRAFIA

(texto publicado originalmente na Rolling Stone Brasil, abril de 2011)

BOY

Lançado em outubro de 1980, o primeiro álbum do U2 foi produzido por Steve Lillywhite e ficou em 52º lugar nas paradas britânicas e no top 70 das paradas americanas. É nele que está o primeiro sucesso da banda, a canção “I Will Follow”. O disco traz muitas influências do fim dos anos 1970 e conquistou fãs principalmente nos EUA, onde ganhou disco de platina.

OCTOBER

O disco de 1981 também foi produzido por Steve Lillywhite e chegou ao 11º lugar nas paradas britânicas logo na primeira semana de lançamento. É o trabalho mais ‘religioso’ da banda, que frequentava uma comunidade católica na época. A gravação foi feita sob muito stress, já que as letras das músicas sumiram e tiveram de ser reescritas na hora por Bono.

WAR

Três músicas desse disco, lançado em 1983, são presenças constantes no set list do U2: “Sunday Bloody Sunday”, “New Year’s Day” e “40”. A temática política e o tom de protesto marcam o álbum, que foi sucesso no mundo todo e garantiu ao U2 seu primeiro disco de ouro nos EUA. Na época do lançamento, Bono declarou: “A música tem o poder de mudar uma geração”.

THE UNFORGETTABLE FIRE

O quarto álbum da banda irlandesa foi produzido por Brian Eno e Daniel Lanois e traz a sonoridade singular que define a personalidade do U2. O sucesso “Pride (In the Name of Love)”, escrito em homenagem ao líder negro Martin Luther King, é um dos destaques do disco e esteve entre as músicas mais ouvidas nos EUA e na Inglaterra.

THE JOSHUA TREE

>Lançado em 1987, foi o primeiro álbum do U2 a chegar ao nº 1 em vendas nos EUA e na Inglaterra. O sucesso alcançado com o disco, que tem faixas memoráveis como “Where the Streets Have No Name”, “With or Without You” e “I Still Haven’t Found What I’m Looking For”, levou a banda à capa da revista Time e, claro, ao posto de superstar da música.

RATTLE AND HUM

O álbum duplo, lançado em 1988, reúne performances ao vivo da turnê Joshua Tree, além de covers de Beatles e Bob Dylan e canções inéditas como “Desire”, “Angel of Harlem” e “When Love Comes to Town”, com a participação de B. B. King. Adam Clayton diz que tocar com o lendário guitarrista foi a recompensa por todos os anos de esforço.


ACHTUNG BABY

O início da década de 1990 foi um período de transformação para o U2, que embarcou com o produtor Brian Eno para Berlim em busca de uma nova sonoridade. Nascia o trabalho de uma banda repaginada, que incorporava elementos eletrônicos e que ganhou o Grammy de Melhor Álbum de Rock. “Mysterious Ways” e “One” estão entre as faixas.

ZOOROPA

O oitavo disco da banda foi gravado em 1993, durante a turnê Zoo TV, e traz um som experimental, marcado pela mistura do rock e do eletrônico. O disco, que ganhou o Grammy de Melhor Álbum de Rock Alternativo, ainda traz duas surpresas: os vocais do guitarrista The Edge na faixa “Numb” e um dueto com Johnny Cash.

POP

O álbum chegou ao primeiro lugar em vendas em 28 países, incluindo EUA, Inglaterra, Irlanda, Japão, México e França. Para lançá-lo, o grupo resolveu fechar uma loja da WallMart nos Estados Unidos. Foi durante a turnê de divulgação deste disco – Popmart Tour – que o U2 fez sua primeira visita ao Brasil, em 1998. Foram três shows, um no Rio e dois em São Paulo.

ALL THAT YOU CAN’T LEAVE BEHIND

Em seu décimo álbum, o U2 retoma a parceria com os produtores Brian Eno, Daniel Lenois e Steve Lillywhite. Resultado: a banda volta a compor hits, como “Beautiful Day” e “Elevation”. Lançado no ano 2000, o disco ganhou 7 prêmios Grammy. Nesse mesmo ano, o U2 gravou o clipe de “Walk On” no Rio.

HOW TO DISMANTLE AN ATOMIC BOMB

O U2 lançou o álbum de maneira inusitada: tocando em cima de um caminhão que cruzou as ruas de Nova York. Ao fim do percurso, a banda fez um show surpresa sob a ponte do Brooklyn, apresentando músicas como “Vertigo” e “City of Blinding Lights”. O disco é uma volta às origens roqueiras dos irlandeses, com muitos riffs de guitarra. A turnê Vertigo veio ao Brasil em 2006.


NO LINE ON THE HORIZON

Após 5 anos, o U2 lança este álbum em parceria com os produtores Brian Eno, Daniel Lanois e Steve Lillywhite, que também participaram na composição das letras. Para divulgar o novo trabalho, a banda está em turnê mundial, que começou em Barcelona. A 360º Tour propõe uma experiência musical inusitada em torno de um palco surpreendente.

quinta-feira, abril 28, 2011

FOO FIGHTERS - WASTING LIGHT

(texto extraído da Billboard Brasil 17, de abril de 2011; autoria de Braulio Lorentz)




Anunciado pelo guitarrista e vocalista Dave Grohl, 42 anos, como “o disco mais pesado já feito pelo Foo Fighters”, o sétimo trabalho do grupo faz valer o alarde na chuta-portas “Bridge Burning” e na metaleira “White Limo”, com um Grohl de voz irreconhecível de tão distorcida e clipe com participação de Lemmy Killmister, do Motorhead. Mas o Foo Fighters não pretende esmurrar ouvidos o tempo todo. Os gritos e sussurros de “Arlandria”, “These Days” e “Rope” comprovam que o pop ainda tem vez, mesmo sem sequer um violão para contar história. Produzido por Butch Vig (de Nevermind, do Nirvana), o disco tem o baixista Krist Novoselic e o guitarrista Pat Smear – ex-parceiros de Grohl na banda liderada por Kurt Cobain (1967-1994). A reaproximação com o passado ensaiada na gravação com Vig das duas inéditas do Greatest Hits do Foo Fighters lançado em 2009 se confirma nos novos clipes em VHS e nas gravações só com equipamento analógico na garagem da casa de Grohl, em L.A. Segundo ele, ter dois filhos o fez perder o medo de manter o olhar voltado para 1990 e poucos durante as sessões. Há crises de meia-idade que vêm para o bem....

quarta-feira, abril 06, 2011

PJ HARVEY – LET ENGLAND SHAKE

(texto extraído da Billboard Brasil 17, de março de 2011; autoria de Daniel Tambarotti)


Diz o bom senso que aonde essa inglesinha franzina vai, é bom ir atrás. Mesmo que seja para escutar um punhado de músicas sobre a Primeira Guerra Mundial (hã?). As letras políticas e as referências geográficas sobre batalhas históricas não atrapalham a maior surpresa deste seu oitavo álbum de estúdio: a voz aguda de Harvey, cantora sempre elogiada pelos tons graves e timbre sexy. Depois do “quieto” White Chalk, de 2007, as guitarras voltam e as já conhecidas melodias grandiosas ganham a companhia de instrumentos pouco ouvidos no rock, corais de mulheres búlgaras e samples que remetem a cavalarias em ação. Let England Shake é um discaço que mostra a vocação de PJ Harvey para se manter longe da estagnação.

sábado, abril 02, 2011

THE BEATLES - RUBBER SOUL

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)

A influência do folk rock e da poesia de Bob Dylan dominam Rubber Soul. Com uma sonoridade mais acústica e harmonias mais elaboradas, o álbum também tem um indisfarçável odor de marijuana. A esta altura, os Beatles já tinham ganho controle sobre seus produtos e assim puderam ser mais “artísticos”. A capa mostrava os rostos dos rapazes ligeiramente distorcidos e não exibia o nome Beatles. Já o título do álbum veio da mente fértil de Paul McCartney – era uma gozação com a soul music, que invadia irreversivelmente a Inglaterra. O importante é que Rubber Soul trouxe inovações tanto na música quanto nas letras. Os dias inocentes dos romances adolescentes tinham ficado para trás. As canções agora eram mais ambíguas, e sardônicas, e não falavam apenas de relacionamentos amorosos superficiais. Em The Word, Lennon antecipava o verão do amor clamando pelo amor universal. Nowhere Man traz uma vaga mensagem social. A delicada In My Life era o sensível recado de um homem que já se sentia nostálgico com apenas 25 anos. A letra de Norwegian Wood (This Bird Has Flown) é obliqua, com Lennon se desdobrando para narrar um caso de amor clandestino sem deixar que sua mulher percebesse. You Won’t See Me e I’m Looking Through You são relatos dos altos e baixos do relacionamento de Paul com a namorada Jane Asher. Em compensação, o baixista era puro charme gastando seu francês básico em Michelle. Em Drive My Car, a faixa mais roqueira do disco, Paul brincava com a eterna batalha de sexos. George Harrison veio com If I Needed Someone, sua melhor canção até então, em que a guitarra de 12 cordas dava o tom. Os Beatles traziam novos instrumentos e recursos sonoros. A base sonora de Norwegian Wood, por exemplo, era a cítara tocada por George Harrison, instrumento vindo da Índia e que em breve se tornaria obrigatório na base sonora da música psicodélica. Mesmo com todas as emergentes inovações, os Beatles ainda trafegavam pelos sons mais básicos, como no country rock What Goes On (cantado por Ringo) e Run For Your Life, uma agressiva composição de John onde ele subconscientemente decalcou o tema de Baby Let’s Play House, clássico de Elvis Presley.

quarta-feira, março 02, 2011

PEARL JAM – LIVE ON TEN LEGS

(texto extraído da Billboard Brasil 16, de fevereiro de 2011; autoria de Henrique Crespo)

Outro?! Pergunta inevitável para uma banda que já lançou uma série de 72 discos ao vivo registrando uma única turnê (Binaural – 2000). Provavelmente encarado como uma continuação do primeiro registro de show deles lançado oficialmente, Live on Two Legs (1998), este vem com a desculpa da comemoração do aniversário de 20 anos. Foi em 1991 que lançaram o álbum Ten, primeiro da discografia. Três músicas da estreia do grupo fazem parte desse set list: “Alive”, “Jeremy” e “Porch”. O disco reúne gravações feitas em shows entre 2003 e 2010. Além do repertório original, “Arms Loft”, de Joe Strummer, e “Public Image”, da banda de mesmo nome, enriquecem o CD. A habitual boa performance do quinteto atenua o efeito “repetição” do lançamento.

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

ADELE - 21

(texto extraído da Billboard Brasil 16, de fevereiro de 2011; autoria de Rodrigo Ortega)


Duas partes do corpo da inglesa Adele seguram seu segundo álbum, 21: o cotovelo e a garganta. As dores no primeiro são o tema do álbum. O fim do namoro deve ter sido épico, tamanha a tristeza exposta. Sua voz está ainda melhor que na estreia, 19. As faixas se dividem em dois grupos, correspondentes às reações femininas ao abandono. O primeiro é de raiva, de músicas fortes como o single “Rolling in the Deep” e “Fire in the Rain”. O segundo é de melancolia, da balada soul “One and Only” e outras que esbarram em country (“Don’t You Remember”) e gospel (“Take it All”). 21 teve produção do veterano Rick Rubin (Metallica, Johnny Cash, Beastie Boys) e do jovem Paul Epworth (Kate Nash, Cee Lo Green), com resultado sofisticado e acessível – chegou ao top 10 inglês com vendas maiores que os outros nove colocados somados. A única música alegre é uma releitura: “Lovesong”, do Cure, tem cara de memória feliz no contexto barra-pesada. Na última faixa vem a fase final de um rompimento: a aceitação. Na bela “Someone Like You”, Adele canta: “Tudo bem, eu encontro outro como você”. Se for para gravar um 23 tão triste e belo quanto 19 e 21, tomara que ela não encontre.

terça-feira, fevereiro 22, 2011

DISCOTECA BÁSICA: PIXIES - DOOLITTLE (1989)

(texto extraído da BIZZ 143, de junho de 1997; autoria de Pedro Só)


"A primeira vez que ouvi, imediatamente me senti muito próximo da banda. ‘Smells Like Teen Spirit’ surgiu quando eu tentava desesperadamente compor uma canção no estilo dos Pixies." Kurt Cobain

A confissão de Kurt Cobain bate com o depoimento de outro monstro sagrado. David Bowie: "Fiquei puto quando escutei Nevermind pela primeira vez. A dinâmica das músicas era totalmente roubada dos Pixies!" Essa genial brincadeira não é invenção do cantor e guitarrista Charles Michael Kitteridge Thompson IV. Indubitavelmente, porém, foi o quarteto que ele fundou em Boston, há onze anos, que a elevou ao status de arte pop. Filho de pentecostais, Charles - ou Black Francis, como assinava na época - era um gordinho esquisito que amava Hüsker Dü (outra influência decisiva do Nirvana), ficção científica e a língua espanhola (fez intercâmbio em Porto Rico). Quando se juntou ao guitarrista Joey Santiago (filipino de nascimento), à baixista Kim Deal e ao baterista David Lovering para formar o Pixies, finalmente conseguiu botar pra fora a confusão reprimida que insistia em gargalhar além de seu subconsciente.

Há quem prefira Surfer Rosa, primeiro álbum do grupo, que ajudou a criar o mito do produtor Steve Albini. Mas o segundo, Doolittle, de 1989, tem apelo irresistível. Contrariando o esnobismo underground do selo inglês 4AD, com quem tinham contrato, os Pixies trabalharam com som limpo, estruturas simples, senso melódico apurado (Elton John elogiou) e refrões fortes.

Popular e doentio, quando saiu, Doolittle foi interpretado pelo Melody Maker como um disco que tematizava a inutilidade da linguagem e a repulsa ao corpo. Parece pretensioso, mas faz sentido. E, igualmente importante, é divertidíssimo. O título referiria-se ao Dr. Doolittle, que, quem teve infância sabe, tinha o dom de falar com os animais. Era para ser Whore (Prostituta), mas Francis achou "católico demais, ou bobamente anticatólico". Preferiu o homem que falava com as bestas, conceito que traduz seu estilo adoravelmente demente de cantar, um diálogo com monstros interiores.

Já na primeira faixa, "Debaser", Francis incorpora um freak adolescente urrando de excitação depois de ter assistido ao filme Un Chien Andalou, de Luis Buñuel, e tentando transmiti-la para uma colega. "Garotinha, é tão legal... ha ha ha ho! Fatiando os globos oculares... ha ha ha ho! Não sei de você, mas eu sou ‘un... chien andalousia’! Quero crescer para ser um pervertor." A voz de Kim Deal ecoa Francis ironicamente sexy: "Pervertor!" Em "Hey", os grunhidos e gemidos dos dois fazem sexo animal - a música é mais nirvanesca do que o próprio Nirvana - encaixaria perfeita em In Utero, com as vozes de Kurt e Courtney.

"Tame" começa falando em "lábios de Cinderela", mas em poucos segundos explode num grito psicopata: "Você é tão mansa!" Kim geme, Francis arfa, as guitarras uivam, e todos (inclusive o ouvinte) chegam juntos a um orgasmo sonoro.

Em várias faixas, guitarras surf de Joey e Black prenunciam o revival promovido pelo locadora boy Quentin Tarantino. David Lovering canta um delicioso deboche sixties, "La La Love You". "Monkey Gone To Heaven" tem celos, cordas, backing vocais celestiais de Kim Deal e uma desconcertante equação na letra: primata em desacerto com a natureza + numerologia bíblica = apocalipse.

A poesia de Francis é tão brilhante quanto os desenhos melódicos de sua guitarra: "Beijei sereias, cavalguei o El Niño, andei pela areia com crustáceos, numa onda de mutilação". O produtor Gil Norton chegou a ficar assustado com alguns versos, mas Francis o tranqüilizou: "É tudo bobagem, eles não querem dizer nada, são só sons que eu junto". Pois sim. Confiram a travadíssima "I Bleed": "Alto feito o inferno, um sino toca atrás do meu sorriso, sacode meus dentes e, esse tempo todo, enquanto os vampiros se alimentam, eu sangro".


Faixas:
"Debaser"
"Tame"
"Wave Of Mutilation"
"I Bleed"
"Here Comes Your Man"
"Dead"
"Monkey Gone To Heaven"
"Mr. Grieves"
"Crackity Jones"
"La La Love You"
"No. 13 Baby"
"There Goes My Gun"
"Hey"
"Silver"
"Gouge Away"

O disco chegou ao oitavo lugar na parada inglesa. Naquele mesmo ano, Francis deu shows solo e Kim Deal fundou The Breeders. Os Pixies nunca mais foram os mesmos. Lançaram ainda dois álbuns, Bossanova e Trompe Le Monde, e tiveram seu fim anunciado oficialmente em janeiro de 1993. Francis, que já gravou três álbuns usando o nome Frank Black, dizia que não agüentava mais tocar "Monkey Gone To Heaven".

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

RÁPIDO & RASTEIRO

:: O Foo Fighters finalmente anunciou o nome de seu novo disco, o sétimo de estúdio. Será chamado Wasting Light, e o primeiro single é da música “Rope”. E como disse antes, o lançamento será dia 12 de abril. Esse vale a pena ter o CD original! E já tem clip novo, da música “White Limo”, com participação do Lemmy, do Motorhead. Pesadaço o som, lembra o Queens of the Stone Age. Olha só:

:: Os Rolling Stones lançará em abril um box contendo singles das últimas 4 décadas. The Rolling Stones Singles (1971-2006) terá 45 singles, de Brown Sugar, de 1971 até Biggest Mistake, de 2006, com seus respectivos lados B, totalizando nada mais, nada menos que 173 músicas. Pra ficar com água na boca:

:: E o Radiohead pegou meio mundo de surpresa ao anunciar o lançamento de seu novo disco, The King of Limbs, já para o próximo sábado, quando estará disponível para download oficial. A versão física sairá apenas em 9 de maio. Numa época quando qualquer detalhe bobo de uma banda, filme ou série ganha contornos de grande notícia nos sites, acho uma boa o Radiohead já chegar chutando tudo, já anunciando que está tudo pronto e que já vai ser lançado.

:: Metallica entrando em estúdio para gravar o que não será um disco 100% Metallica (como assim?! Garage Days Revival?!); PJ Harvey de disco novo, Let England Shake (achei estranho, preciso ouvir mais); novo single dos Strokes, “Under Cover Of Darkness” (não me empolguei, como suspeitava); Soungarden trabalhando em músicas novas (finalmente!) etc, etc... Impressão minha ou 2011 começa bem agitado?

domingo, fevereiro 13, 2011

REAÇÕES PSICÓTICAS - LESTER BANGS

Todos devem conhecer o Lester Bangs por Quase Famosos. Na pele do ator Philip Seymour Hoffman, ele faz uma pequena participação no filme, aparecendo algumas vezes dando dicas ao protagonista. Mas Bangs foi bem mais do que uma nota de rodapé num filme sobre uma banda fictícia. Ele foi um dos maiores críticos musicais americanos, senão o maior, escrevendo para revistas como Rolling Stone, Creem e NME.

Reações Psicóticas é uma coletânea de textos de Bangs, publicados entre 1972 e 1980. O melhor deles é “Vamos Agora Louvar os Famosos Duendes da Morte”, sobre o Lou Reed. Nele, jornalista e artista, ambos chapadaços, passam praticamente o tempo inteiro da entrevista xingando um ao outro, tornando o texto antológico. Outros, como John Lennon, Iggy Pop – um dos favoritos do escritor –, Van Morrison, Kraftwerk e Elvis Presley abrilhantam o livro.

Infelizmente, Lester Bangs foi embora cedo, morrendo em 1982 em decorrência de uma overdose de medicamentos, quando tentava curar o vicio do álcool. Seria interessante ver sua opinião sobre o grunge, o britpop, as bandas que salvariam o rock nos anos 00 etc.

A nota negativa da edição nacional da Conrad é que ela traz apenas uma seleção dos textos publicados na edição gringa. Enquanto a edição americana tem mais de 400 páginas, a nossa nem chega às 150. Mais ainda assim vale a pena, nem que seja para servir de entrada no mundo do Lester Bangs.

Para terminar, as opiniões do Greil Marcus, editor original da antologia, e do Kurt Cobain sobre Lester, presentes no verso da edição nacional:

“Talvez o que este livro exija do leitor seja a disposição em aceitar que o maior escritor norte-americano tenha escrito apenas análises de discos.” Greil Marcus

“O que Lester Bangs escrevia me atingiu em cheio e me fez perceber que existia uma comunidade alternativa, com pessoas diferentes. Os textos dele me ajudaram a entrar em contato com pessoas como eu.” Kurt Cobain

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

NFL RULES!

Domingo passado foi dia do Super Bowl, a final da NFL – Liga de Futebol Americano – entre Green Bay Packers e Pittsburgh Steelers, com a vitória do primeiro. Pela primeira vez consegui acompanhar bem a temporada inteira, assistindo a pelo menos uma partida por rodada. Conheci mais o jogo e passei a torcer veementemente por um time, o New England Patriots, aquele mesmo onde joga o Tom Brady, marido da Gisele Bündchen, que acabou ganhando o titulo de MVP (Most Valuable Player) do campeonato.

O Patriots, apesar da melhor campanha na temporada regular, infelizmente não foi muito longe nos playoffs. Engraçado que só depois descobri que o Patriots é de Massachusetts, estado que também abriga o Boston Celtics, meu time na NBA – deve ter algo diferente por lá que me atrai.

O futebol com a bola oval é o esporte favorito dos americanos, com estádios lotados e audiências televisivas altíssimas – o Super Bowl é sempre o evento mais esperado do ano, e colocar um mero comercial de 30 segundos no intervalo custa uma verdadeira fortuna –, e até a liga universitária, em termos de organização e grana envolvidas, deixa no chão qualquer campeonato do nosso futebol em terras tupiniquins.

Agora que me viciei, eu queria saber, sendo o esporte favorito nos Estados Unidos e tal, e o campeonato durando de setembro ao começo de fevereiro, como eles conseguem ficar sem ver uma partidinha sequer nesse intervalo todo entre uma temporada e outra?!

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

RÁPIDO & RASTEIRO

:: Confirmado para 12 de abril próximo o lançamento do aguardado novo disco do Foo Fighters, ainda sem título definido. A banda já tem tocado sons novos em shows, uma vasculhadinha básica no You Tube e você encontra algo. Aqui deixo um teaser de uma das novas músicas de Dave Grohl e Cia:

:: Outra banda que está com o disco novo saindo do forno é o Raveonettes. Será o 5º álbum de estúdio da dupla, e se chamará Raven In The Grave, com previsão de lançamento para 4 de abril. No início dos anos 00 eles entraram no balaio de bandas que salvariam o rock, mas depois ficaram meio deixados de lado. Mas eles permanecem na ativa até hoje, lançando boa música. Foto da Sharin Foo, vocalista, baixista e pitel:

:: Comemorando os 20 anos da banda, o Pearl Jam vai lançar novas edições de Vs e Vitalogy, com bônus tracks, que sairão separadamente e também num box set de 3 CDs. A versão box conterá um show realizado em Boston em 94. E lançarão também uma versão motherfucker, com 5 vinis, 4 CDs, 1 K7 e outras cositas. E eu que nem comprei a versão deluxe de Ten ainda...

:: Na semana passada o White Stripes anunciou seu fim. Em um texto postado no site oficial da banda, a dupla disse que não gravará mais novos discos nem fará mais shows. Não falaram quais seriam as razões da separação, mas foi dito que não foi nada como diferenças musicais, problemas de saúde ou algo do tipo. A nota ainda dizia que agora o White Stripes pertence a nós, fãs, e que a beleza da arte e da música é que ela pode durar para sempre (sniff). Jack White deve continuar com seus dois projetos, o Raconteurs e o Dead Weather, além de estar no comando de sua gravadora, a Third Man Records. Já a Meg, bem, ela deveria aproveitar que tem mais tempo livre e aprender a tocar melhor sua bateria, o que acham?!

:: E a volta de Beavis & Butt-head, heim? Cool!


domingo, janeiro 30, 2011

THE BEATLES - HELP!

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)
As canções da trilha do segundo filme dos Beatles também têm um jeito de que foram concebidas e gravadas em meio à correria. O material foi registrado em Abbey Road de fevereiro a junho de 1965 em paralelo aos inúmeros compromissos profissionais do quarteto. A qualidade individual das canções afasta qualquer aspecto caça-níquel. A faixa-título, de autoria de John, ganhou conotação dúbia. Ele tinha que escrever uma canção para ser o tema do filme, mas depois assumiu que estava realmente pedindo ajuda através da música. Anos mais tarde, ele falou: “Eu estava gordo, fumando maconha feito um louco, meu casamento era uma chatice. Estava pedindo socorro mesmo. Pena que fiz a melodia correndo, tentando ser comercial”. Lennon podia estar meio confuso, mas não tinha perdido o dom para criar canções que pegassem na hora, como os megahits Ticket To Ride e You‘re Going To Lose That Girl. Já You‘ve Got To Hide Your Love Away era uma canção folk introspectiva e mostrava que a vida sentimental de John não corria às mil maravilhas. Em suas canções Another Girl e The Night Before, Paul esbanja a segurança de sempre. George contribuiu com a correta I Need You. O lado B do disco original tinha It’s Only Love, I’ve Just Seen A Face, You Like Me Too Much, gravações mais acústicas que de certa forma antecipavam o que viria a ser Rubber Soul, o disco seguinte. Pela última vez os Beatles teriam que recorrer a covers. Aqui, no caso, são o country Act Naturally (de Buck Owens, ideal para a voz e figura de Ringo) e o rascante rock Dizzy Miss Lizzy (de Larry Williams), cantado por John. Mas nada se compara ao furor causado por Yerterday. Só o autor Paul participou da gravação, que foi complementada por um arranjo de cordas criado por George Martin. Paul ainda teve que convencer os outros Beatles a deixarem a canção entrar no disco, já que eles não achavam que era uma faixa “Beatle”. Contra a vontade da banda, ela foi lançada como single no mercado americano e o resto é história.

quarta-feira, janeiro 26, 2011

BEST COVERS OF 2010

O site IGN elegeu as 100 melhores capas de gibis de 2010, tudo coisa inédita que ainda não saiu por aqui. Achei que os caras forçaram a barra em alguns momentos, e não concordei de maneira nenhuma com o 1º lugar para uma arte bonita, mas não brilhante, do brasileiro Rafael Albuquerque estampada em Superboy #1. Das 100, escolhi as 10 que achei mais legais para abrilhantar o meu, o seu, o nosso querido blog. Confira abaixo, lembrando que é só clicar na imagem para vê-la em tamanho maior.