quarta-feira, dezembro 01, 2010

THE BEATLES - BEATLES FOR SALE

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)

A capa do álbum já entrega a situação: os Beatles, que foram clicados sérios e circunspectos, estavam se cansando dos shows incessantes e do circo de celebridades. Com a pressão de ter que entregar o disco antes do Natal, o quarteto fez o melhor que pôde. As sessões de gravação aconteceram em Abbey Road, de agosto a outubro de 1964. Com pouco tempo para escrever novas canções, os rapazes tiveram que apelar para a antiga fórmula de covers. Em vez de canções de grupos de garotaS ou clássicos da Motown, desta vez eles resgataram criações dos antigos pioneiros do rock, os lendários nomes que fizeram a cabeça deles nos anos 50 e cujas canções incendiavam as noitadas de Liverpool e Hamburgo. O cantor, compositor e guitarrista Carl Perkins era idolatrado por George Harrison e aparece aqui em duas covers: Honey Don’t (com vocal de Ringo) e Everybody’s Trying To Be My Baby(com Harrison cantando). Buddy Holly e seu grupo The Crickets foram uma influência marcante na sonoridade dos Beatles e ganham um tributo com Words of Love, cantada por John e Paul. Chuck Berry é homenageado em Rock and Roll Music, cujo vocal apaixonado de Lennon redefiniu a canção. Paul resgatou a junção deKansas City (composição de Jerry Leiber e Mike Stoller) com Hey, Hey, Hey, Hey(Little Richard), que ele cantava no Cavern. Mr. Moonlight, de Dr. Feelgoog and the Interns, ficou com John. Em suas canções originais, Lennon continuava a abrir o coração. I’m a Loser é um folk rock com letra defensiva, mas reveladora. O mesmo aconteceu com I Don’t Want to Spoil the Party, onde o magoado John não queria ser o chato da festa. As canções de Paul são mais seguras e positivas, exemplificas na balada I’ll Follow the Sun e nos rocks Every Little Thing e What You’re Doing.Baby’s in Black, de John e Paul, é uma bizarra valsa com um tema levemente macabro. No Reply, também de John, tinha potencial para ser um single de sucesso, mas os Beatles deixaram a música meio de lado. O grande hit de Beatles For Sale foiEight Days a Week, basicamente uma criação de John. Sua efervescência passava a falsa impressão de que o líder dos Fab Four andava feliz da vida, mas a situação não era bem essa.

domingo, novembro 21, 2010

A ONDA

A Onda (Die Welle no original) mostra em sua trama a história de um professor que cria uma experiência ao ensinar autocracia para os alunos. Autocracia é uma maneira suave de se referir a regimes como a ditadura, tirania, fascismo ou totalitarismo. A aula começa com uma discussão sobre o nazismo, que aquilo nunca aconteceria novamente, que os alemães aprenderam a lição e tal.

O professor decide então que a melhor maneira de ensinar o tema é criando uma autocracia em plena sala de aula. De início apenas exige que os alunos se levantem antes de falar ou que usem todos o mesmo tipo de vestimenta. Mas, com a empolgação dos próprios alunos, que começam a gostar da “brincadeira”, a coisa começa a crescer. O grupo logo adota um nome, a Onda do título, criam um logotipo, espalham suas mensagens via internet etc, indo para bem além dos muros da escola.

Alguns alunos, antes excluídos, se veem pertencentes a um grupo, passam a defender uns aos outros, organizam festas e excluem qualquer um que não partilhe das ideias da Onda. Ou seja, A Onda passa a ser o estilo de vida deles, e pregam sua nova filosofia sem questionar o que há de errado nela. Claro que as coisas começam a sair do controle, e o professor, apesar de alertado por uma aluna dissidente de sua aula, só toma conhecimento disso quase que tarde demais.

Não vou contar mais para não estragar as surpresas que esse filme nos proporciona (o final é ímpar!). Digo apenas que vale muito a pena, é um dos melhores que vi este ano, e para quem curte aqueles filmes que nos fazem pensar, A Onda é um prato cheio. E eu não sou especialista em cinema alemão, mas o pouco que vejo dele é no mínimo interessante. Edukators, Adeus, Lênin, Corra, Lola, Corra, Anatomia, porra, é tudo bom!

quarta-feira, novembro 10, 2010

BLACK CROWES – CROWEOLOGY

(texto publicado originalmente na Billboard Brasil, setembro de 2010; autoria de Daniel Tambarotti)

Se a regra “a cada 20 anos tudo volta” se confirmar e passarmos a ter um revival dos anos 90 (que, por sua vez, tinha no DNA uma vibe meio 70’s), o momento é ideal para o Black Crowes soltar esta coletânea. Ainda hoje afogada em sotaque sulista, visual hippie e groove blueseiro, a banda americana está comemorando duas décadas de existência com Croweology – são vinte músicas em versão acústica. Mas não deixe essa escolha por arranjos desplugados te assustar – os hits continuam com o punch característico do grupo, mesmo que rearranjados para rodinhas de violão. Muito uísque e cigarro deixaram a voz de Chris Robinson ainda mais rouca, e o irmão Rich não deixa a “melosidade” do formato unplugged amolecer seus riffs e solos. “Remedy” ofusca o restante do repertório do CD. E por que diabos deixaram “Sometimes Salvation” de fora?

quarta-feira, novembro 03, 2010

TEENAGE FANCLUB - SHADOWS

(texto publicado originalmente na Rolling Stone # 45, junho de 2010; autoria de Carlos Eduardo Lima)

O Teenage Fanclub nunca vai ser tão importante quanto Byrds, Big Star ou Badfinger, suas inspirações maiores. Mesmo assim, o lugar de relevância da banda escocesa já está assegurado no inconsciente coletivo de quem ouviu rock nos anos 90. A mistura de melodias doces, letras românticas e refrãos eficientes perpetrada por Gerard Love, Raymond McGinley e Norman Blake é tão velha quanto a música pop e sempre foi a maior característica da banda. Shadows, o décimo disco da carreira, lançado após um intervalo de cinco anos, é uma mistura interessante de sons que já ouvimos antes e que, ainda assim, são totalmente novos. É como encontrar velhos amigos que a gente acabou de conhecer. Essa impressão está nos timbres das guitarras, nos vocais harmonizados, nos detalhes de órgão em “When I Still Have Thee”, na beleza melódica de “Sometimes I Don’t Need to Believe in Anything”, no piano de “Dark Clouds”, quem sabe no sentimento de verão do single “Baby Lee”. Tudo é assumidamente belo, inocente e atemporal, tanto que Shadows poderia ser lançado em 1966, 1988, 1995 ou hoje. Mesmo que nós e o Teenage Fanclub estejamos mais velhos, aparentamos o contrário neste disco.

segunda-feira, novembro 01, 2010

THE WALKING DEAD

Estreia nesta terça-feira, dia 2, na Fox, a série The Walking Dead. Ela chega apenas dois dias depois de ser exibida nos Estados Unidos, com uma audiência recorde entre as séries estreantes da temporada. Depois de tantos vampiros enchendo nosso saco, é a vez dos zumbis ganharem a telinha. Baseada na HQ homônima de Robert Kirkman, a primeira temporada é curtinha, apenas 6 episódios, mas já tem garantida a continuação.

O gibi, que tem saído aqui no Brasil de forma capenga pela HQM (nada que os scans não resolvam), é uma das melhores leituras de um título regular desde seu início, em 2003, apesar de eu ter pego o bonde andando e só descobri essa maravilha lá em 2005. Sai pela Image lá fora, e é uma das revistas (junto a Invincible, também de Kirkman, também excelente) que tem ajudado a acabar com a má fama da editora da época de Spawn e afins.


Walking Dead narra a vida dos sobreviventes após um holocausto zumbi, que parece ter dizimado grande parte da população americana, transformando a maioria em zumbis. O foco, portanto, não são os zumbis, mas um grupo liderado por um policial que se encontrava em coma quando os mortos-vivos surgiram. A cada edição eles passam por poucas e boas, nos deixando roendo as unhas enquanto esperamos pelo próximo número. Na medida em que a trama avança, os personagens evoluem, num belo trabalho de Kirkman, que mesmo assim não poupa ninguém, e na edição seguinte o seu favorito pode se tornar um zumbi, ou pior.

Desde que comecei a ler o gibi, vi nele um grande potencial para ir para as telas (ou mesmo a telona do cinema), pois ele tem uma estrutura que lembra muito o que vemos na TV, assim como outras HQs, como Y – The Last Man e 100 Bullets. Resta esperar como será a adaptação, mas as expectativas são altas. O canal onde é exibida nos EUA, AMC, é também a casa de Breaking Bad, uma das séries mais legais de tempos recentes, e que não dá espaço a finais felizes. Se seguir essa cartilha, estamos feitos!

sexta-feira, outubro 29, 2010

MUSIC NEWS

:: Eu já devo ter falado por aqui que Butch Vig está produzindo o novo álbum do Foo Fighters, voltando a trabalhar com Dave Grohl após quase 20 anos do lançamento de Nevermind, do Nirvana. Mais novidades do disco surgiram esta semana. Krist Novoselic, baixista e ex-companheiro de Dave no Nirvana, deve participar em uma faixa desse novo projeto dos Foos, ainda sem título. Grohl falou que esse deverá ser o disco mais pesado da banda, que nas 14 músicas não há uma guitarra acústica sequer e que tudo está sendo gravado de forma analógica na sua própria garagem. Vem coisa boa por aí!

:: Falando no Nirvana, a banda será tema de uma exibição do The Experience Music Project, em Seattle, a partir de abril de 2011. Chamada “Nirvana: Taking Punk to the Masses”, a exibição contará com mais de 200 objetos ligados a banda e diversas fotografias inéditas com os integrantes. Resta reservar um lugarzinho na fila e juntar grana para dar uma passadinha por lá.

:: Foi anunciado um Boxset contendo os 8 primeiros álbuns de estúdio de Bob Dylan em mono, chamado The Original Mono Recordings. São eles: Bob Dylan, de 1962, The Freewheelin’ Bob Dylan, de 63, The Times They Are-a-Changin’, de 64, Another Side of Bob Dylan, de 64, Bringing It All Back Home, de 65, Highway 61 Revisited, de 65, Blonde on Blonde, de 66, e John Wesley Harding, de 67. Os puristas, que não gostaram da versão estéreo de The Freewheelin’, por exemplo, que tem a voz de Dylan no centro, seu violão de um lado e a harmônica de outro, irão babar com esse lançamento, que também terá uma versão em vinil (é, ele está voltando mesmo!).

sábado, outubro 23, 2010

OS PERDEDORES - HORA DO TROCO

Conhecia esse Os Perdedores bem por cima, já tinha lido uma ou outra coisa do seu autor e só. E nem sabia da adaptação para o cinema. Mas quando me deparei com esse gibi na banca, resolvi comprar porque era material da Vertigo, porra! E ainda bem que o adquiri, leitura totalmente excelente!

Os Perdedores do título se refere a um grupo de agentes secretos da CIA que teriam sido mortos pela própria agência numa espécie de queima de arquivo. Mas claro que eles não morreram, e planejam ter suas vidas de volta. Porém ficamos sabendo disso apenas no decorrer da leitura, pois a HQ já começa a toda, com o grupo em missão tentando sua pequena vingança e já descobrindo que o buraco dessa tramóia é bem mais embaixo.

A trama se desenvolve como um bom roteiro de cinema, com espionagens, tiroteios, explosões, fugas e reviravoltas que deixam o leitor em alta expectativa pelo que vai acontecer em seguida. Não é à toa, então, a adaptação hollywoodiana para a telona. O roteiro de Andy Diggle é bem estruturado, dando um novo alento aos clichês inevitáveis do gênero, e casa perfeitamente com a arte de Jock, que traz um ritmo mais do que bem vindo à trama.

Os Perdedores – Hora do Troco, traz as 6 primeiras edições do título The Losers, que teve um total de 32 edições lá fora. Resta-nos esperar que a Panini, que tem feito um excelente trabalho com esse material adulto, lance novos volumes dessa excelente série da Vertigo.

quarta-feira, outubro 20, 2010

THE BEATLES - A HARD DAY'S NIGHT

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)

A trilha do primeiro filme dos Beatles foi concebida durante o frenético primeiro semestre de 1964, quando eles excursionavam pelos Estados Unidos e pela Europa. O tempo dos rapazes estava cada vez mais escasso, mas a permanência nos quartos de hotel permitia que parassem um pouco e dessem vazão a novas ideias. O álbum A Hard Day’s Night trouxe 13 canções, todas elas de autoria de Lennon e McCartney. Como não havia espaço no filme para que todas fossem apresentadas, as sobras serviram para preencher o lado B do LP original. O mais importante é que os Beatles evoluíam como autores e artistas. Foi o primeiro álbum do grupo de Liverpool a ser gravado em quatro canais e isso ficou evidente na qualidade técnica. O interessante é que nessa época Lennon se encontrava em sua fase mais prolífica. Boa parte das criações do projeto foi concebida por ele. A canção A Hard Day’s Night é um exemplo típico. A maior parte é de John, mas Paul faz um interessante contraponto. A guitarra de 12 cordas tocada por George foi uma inspiração para muita gente. I Should Have Known Better, If I Fell e Tell Me Why, as outras canções de Lennon que entraram no filme, são pegajosas e seguem a fórmula típica das canções beat da época. John e Paul cederam I’m Happy Just to Dance with You para George cantar. Paul entrou com poucas no filme, mas foram músicas marcantes. A romântica e latinizada And I Love Her se tornou a canção dos Beatles mais gravada até o surgimento de Yesterday, e a agitada Can’t Buy Me Love, gravada na França, aparece em uma sequência-chave do filme. O lado 2 do LP original também trouxe uma predominância de composições de Lennon, exemplificado em When I Get Home, Anything at All, I’ll Cry Instead, I’ll Be Back e You Can’t Do That. O interessante é que as letras já revelavam um lado mais pessoal de Lennon, que às vezes se retratava ora como um sujeito durão, ora como o cara sensível. Things We Said Today, de Paul, é uma balada charmosa, mas não revela muito sobre o que se passava na cabeça do autor.

sábado, outubro 16, 2010

GLEE - I WANT TO HOLD YOUR HAND


Cara, jamais imaginaria que essa música bobinha dos Beatles, da fase iê-iê-iê, pudesse soar tão triste. Sniff...

quinta-feira, outubro 14, 2010

MUSIC NEWS

:: Sai agora no começo de novembro uma coletânea de sobras de estúdio do Weezer, que receberá o nome de Death to False Metal. Segundo o vocalista e guitarrista Rivers Cuomo, tem coisas desde a época do Blue Album, de 93, material que era pop demais, heavy demais ou estranho demais para entrar nos discos. Para o lançamento, Cuomo ficou duas semanas em estúdio retrabalhando as canções, mudando letras, fazendo overdubs e novas gravações em cima do material antigo, que inclui (pasmem!) uma versão de “Un-break My Heart”, de Tony Braxton. Capa e track list abaixo.


"Turning Up the Radio"
"I Don't Want Your Loving"
"Blowin' My Stack"
"Losing My Mind"
"Everyone"
"I'm a Robot"
"Trampoline"
"Odd Couple"
"Autopilot"
"Un-Break My Heart"


:: Mais uma lista news! Uma pesquisa organizada pela PRS For Music revelou quais as principais canções que fazem os homens chorarem. Confira:

1. REM – 'Everybody Hurts'
2. Eric Clapton – 'Tears In Heaven'
3. Leonard Cohen – 'Hallelujah'
4. Sinead O'Connor – 'Nothing Compares 2 U'
5. U2 – 'With Or Without You'
6. The Verve – 'The Drugs Don't Work'
7. Elton John – 'Candle In The Wind'
8. Bruce Springsteen – 'Streets Of Philadelphia'
9. Todd Duncan – 'Unchained Melody'
10. Robbie Williams – 'Angels'

Bem, eu não chego a chorar exatamente, mas músicas como “Black”, do Pearl Jam, “Here Today, Gone Tomorrow”, na versão do Rooney (original é dos Ramones), e “Last Night I Dreamt that Somebody Loved Me”, dos Smiths, me deixam com os olhos lacrimejantes.


:: Já sabem que o novo disco do Manic Street Preachers, Postcards from a Young Man, saiu há algumas semanas, certo? Como sempre, mais um lançamento de qualidade dos caras, ali tem pelo menos umas 3 músicas que merecem aparecer entre as melhores do ano. Trechinho de uma entrevista dada pelo Nicky Wire:

-Você disse que o Manic só faz dois tipos de discos, glam ou pós-punk. Este soa muito glam.

-Acho que foi a Evelyn Waugh que disse que você escreve apenas dois grandes romances e depois escreve apenas diferentes versões desses dois. E nós aceitamos isso. Esses são os dois estilos em que habitamos, o glam e o pós-punk. Para ser honesto, sinto-me abençoado por podermos fazer dois. Algumas bandas ficam presas em um estilo para sempre.

- A banda parece revitalizada desde que você e James gravaram seus álbuns solos.

- Sim! Neste novo disco eu escrevi 3 músicas. Gravar discos solos tem 2 efeitos: nos faz sentir falta da banda e faz com que encontremos nossas próprias vozes, mas preferimos estar juntos.


:: Olha quem resolveu dar as caras! Duffy! Já saiu a nova música dela, “Well, Well, Well”, que estará em seu segundo álbum, Endlessly, com lançamento previsto para o final de novembro. Confira o clipe abaixo:

terça-feira, outubro 12, 2010

SWU - DIA 3


Último dia de festival e a promessa de ótimos shows com Queens of the Stone Age e Pixies. O Multishow ainda nos brindou com um tal de Avenged Sevenfold, que confesso nunca ter ouvido falar, ou mesmo ouvido o som, mas pelo trechinho que vi, com uma mistura de hardcore, emo e metal melódico numa única música, não tava perdendo muita coisa não. Dispenso.

Com um atraso devido a problemas técnicos, o Queens of the Stone Age entra (em preto e branco na telinha, exigência dos caras para o início do show) com a dobradinha “Feel Good Hit of the Summer” e “The Lost Art of Keeping a Secret”, as duas faixas de abertura de R, para colocar (des)ordem na casa. Depois disso a porrada continua com músicas de todos os discos (exceto o debut). “No One Knows”, “A Song for the Dead”, “In My Head”, “Little Sister”, “Sick, Sick, Sick”, “3’s & 7”s” etc, incluindo ainda duas das minhas favoritas, “Long Slow Goodbye” e “Go With the Flow”. Se neguinho chegar pra você dizendo que o rock já era, que não existe mais bandas boas, com certeza essa pessoa não conhece o QOTSA. Showzaço!

Contando com a minha boa e velha sorte, antes de começar a apresentação do Pixies falta energia aqui no meu bairro por quase uma hora. Depois de xingar deus e o mundo, restou-me esperar. Voltou a tempo de acompanhar apenas as quatro últimas músicas. Pelo menos pude ver o final apoteótico com “Where is My Mind” e “Gigantic”, clássicas absolutas. E ainda conferi uns vídeos na internet para diminuir um pouco o prejuízo. Os anos passaram, perderam os cabelos, ganharam alguns quilos, mas eles continuam com uma boa pegada, e com um repertório daquele, fica tudo mais fácil. E a Kim Deal ainda tem aquela voz fofa de sempre. Torcer agora para rolar uma reprise...

segunda-feira, outubro 11, 2010

SWU - DIA 2

No segundo dia do festival, o Multishow exibiu as apresentações de Joss Stone, Dave Matthews Band e Kings of Leon. O do meio eu categoricamente desprezei e fiquei assistindo a uma partida de futebol americano enquanto não começava o que realmente importava. Mesmo assim parecia interminável o show desses caras. Mas vamos falar do que interessa.

O show da Joss Stone começou por volta das 8 da noite. Bastava ela ficar parada lá, sem fazer nada, que só admirar a beleza dela era suficiente. Mas não, ela pôs a mão na massa e fez um grande show. Simpática até a medula, soltinha e bem à vontade, parece uma veterana com anos e anos de experiência (num certo momento, voou para o palco uma camisinha cheia de ar, e ela solta um “Really?! I know you’re passionate people, but, shit!” Sensacional!). E que voz, meu deus, que voz! Não deve nem um pouco a da registrada nos discos. Ali não rola auto-tune, não! Numa época de artistas fabricados, quando cada passo é milimetricamente planejado por um batalhão de assessores, uma garota novinha como a Joss com essa espontaneidade e esse talento, é de se admirar. E muito!

Depois de cerca de uma hora e meia aguentando a chatice do Dave Matthews, poderia entrar o Fábio Jr e seu filho Fiuk que iria ser uma melhora. Mas quem entra são os Kings of Leon! Para mim eles são uma das melhores bandas da geração 00, e conseguem a cada disco dar um passo adiante e atrair mais público. Para quem era conhecido como Strokes Caipira, está mais do que bom. Infelizmente, por questões contratuais, só foi exibido os 45 minutos iniciais da apresentação dos caras. Nesse período, eles se concentraram em faixas do Only By The Night, como “Be Somebody”, “Notion”, “Closer”, Revelry” e “Sex on Fire”, a última antes da interrupção, com algumas esporádicas dos demais álbuns, incluindo a ótima “Mary”, do Come Around Sundown, que tem seu lançamento oficial previsto para o próximo dia 19. Show mais que competente, os caras mandam bem ao vivo, sem firulas, e o tal do Caleb Followill, além de arrancar suspiros das garotas, canta muito bem. Ah, e o batera tocou com uma camiseta do Nirvana. Se houvesse alguma dúvida que eles são legais, ela se dissipa aí.

domingo, outubro 10, 2010

SWU - DIA 1


Como eu moro longe demais das capitais, estou acompanhando o festival SWU no canal Multishow. Ontem exibiram três shows, Los Hermanos, The Mars Volta e Rage Against the Machine.

Bem, os Los Hermanos já não fazem parte do meu dia-a-dia musical, mas na época do auge deles ouvi até cansar, e Bloco do Eu Sozinho é um dos melhores discos já lançados por essas terras. Depois ficaram muito MPB e pouco rock demais pra meu gosto. Dito isso, a apresentação da banda ontem foi bem legal. Sempre fui mais fã do Rodrigo Amarante, adoro o jeito dele cantar, e ontem ele foi um belo dum front leader (nas músicas que cantava), soando bem simpático com a galera. Já o Marcelo Camelo, com aquele jeitão de despachante da década de 70, com aquela barba horrorosa e um par de óculos que deve ser do avô dele, cantou super mal, quase esganiçado. Os pontos altos foram mesmo com Amarante, com “Último Romance”, “Retrato pra Iaiá” e principalmente “Sentimental”, que ainda consegue me emocionar. Saldo positivo, mas poderiam tocar algo do debut.

Quando o The Mars Volta entrou, senti aquele choque. O cara vendo uma banda nacional e se depara com aquilo. O visual, a presença de palco e o próprio som. Os Hermanos pareciam amadores perto daquilo. Não é a toa que os americanos dominam o mercado musical. Bem, não conheço o suficiente o The Mars Volta para ter curtido o show deles da maneira que deveria. Mas acabei gostando assim mesmo. A banda parece meio deslocada no tempo, não existe mais nos dias de hoje bandas de rock com um instrumental daqueles, com aquelas longas jams, aquela porção jazzística e um vocalista que canta pra caralho! Se eu fechasse os olhos durante a apresentação, poderia imaginar facinho que estava assistindo a algum especial do Woodstock ou algo do tipo. Gostei, vou atrás de mais coisas dos caras.

O Rage Against the Machine nunca caiu no meu gosto. Eu até tenho o CD original de The Battle of Los Angeles, mas fora isso... Sou daqueles que acham as músicas deles todas iguais (e estou longe de estar sozinho nessa), conhecendo uma você conhece todas. E esse lance de “Viva la revolución!” não é de meu feitio. Mas os caras mandam muito bem ao vivo, tenho que dar o braço a torcer. Tanto que a intensidade do som da banda causou problemas ontem, obrigando a organização do festival a pausar o show duas vezes para acalmar os ânimos da galera. O vocalista Zack de la Rocha não conseguia esconder a satisfação de tocar para tamanho público, e o guitarrista Tony Morello mostrou toda sua habilidade. Pena que o Multishow cortou o show pela metade, queria ter visto a catarse que deve ter ocorrido durante “Killing in the Name”...

A noite tem mais!

sexta-feira, outubro 08, 2010

METRIC - ALL YOURS (LETRA E VÍDEO)


All the lives always tempted to trade
Will they hate me for all the choices I made?
Will they stop when they see me again?
I can't stop, now I know who I am


Now I'm all yours, I'm not afraid
And you're all mine, say what they may
And all your love I'll take to a grave
And all my life starts now


Tear me down, they can't
Take you out of my thoughts
Under every scar there's a battle I've lost
Will they stop when they see us again?
I can't stop, now I know who I am


Now I'm all yours, I'm not afraid
And you're all mine, say what they may
And all your love I'll take to a grave
And all my life starts


I'm all yours, I'm not afraid
And you're all mine, say what they may
And all your love I'll take to a grave
And all my life starts, starts now




sexta-feira, outubro 01, 2010

IGGY AND THE STOOGES – RAW POWER (ED. LEGACY)

(texto extraído da Billboard # 10, julho de 2010; autoria de Pedro Só)

Fundamental para o punk rock de Pistols e Clash, este disco está desde 1973 fazendo inimigos e influenciando pessoas. Apesar dos riffs anfetamínicos de James Williamson e das canções geniais de Iggy, o som do álbum sempre foi gongado. Por deixar submersa a cozinha de Ron e Scott Asheton, pela falta de graves e cagadas técnicas variadas. O vilão? David Bowie, que teve três dias para fazer a mixagem do terceiro disco de seus então protegidos. Iggy, que havia se metido a produzir sem saber, posou de vítima depois. Em 1991, Bowie explanou: “Dos 24 canais, só três foram usados. Tinha a banda em um, guitarra em outro, voz em outro. Iggy me pediu: ‘Vê o que você consegue fazer aí’. ‘Cara, não tem nada pra mixar aqui’, eu disse”.

Naquele 1991, Raw Power (força crua) foi relançado em CD com remasterização porca e um arroto a menos. Versão semipirata e podrona, Rough Power viria em 1993, alardeando ser “Bowie-free”. Até que em 1997 Iggy teve a chance de fazer a sua remixagem: deixou tudo no vermelho, com mais peso e distorção, ao gosto pós-grunge. Mas foi só a Sony tirar do mercado o álbum com a mixagem original, que começou a viuveira. Aquela versão “defeituosa” é que tinha enlouquecido gerações de fãs...

Por isso esta nova edição, que soma os velhos e adoráveis defeitos a um disco-bônus gravado ao vivo em 1973, Georgia Peaches. Nele, com som superior ao dos piratas da banda, se ouve mais piano que a guitarra. Talvez por isso, suas delícias são o blues “I Need Somebody” e o boogie chulo “Cock in my Pocket”, sobre um michê recém-chegado a Londres.

terça-feira, setembro 28, 2010

NIRVANA - ICON

Sem muito alarde foi lançada (mais) uma coletânea do Nirvana. Chama-se Icon e contém 11 faixas (poderiam ao menos ter se dado ao trabalho de preencher um CD inteiro, né?), todas tiradas de Nevermind e In Utero, exceto a póstuma "You Know You’re Right" e "All Apologies" e "About a Girl", que aparecem na versão do Acústico da MTV.

Acho que o Nirvana é daquelas bandas que não funciona em coletâneas, seus álbuns são tão bons que fica difícil condensar tudo num disco apenas. O cara que adquirir esse Icon vai ficar sem a maravilhosa "Drain You", por exemplo. Mas são os mortos que estão sustentando a já moribunda indústria musical (Michael Jackson que o diga, aliás, diria). O pior é que esse que vos escreve deve comprar a bolachinha, já tenho tudo deles mesmo, não será agora que irei parar. Será que o encarte ficou legal?

You Know You're Right

Smells Like Teen Spirit

Come As You Are

Lithium

In Bloom

Heart-Shaped Box

Pennyroyal Tea

Rape Me

Dumb

About a Girl [Acoustic]

All Apologies [Acoustic]

sexta-feira, setembro 24, 2010

MUSIC NEWS

:: Da série “Isso Vai Dar Merda”. Amy Winehouse, eterna junkie, convidou Pete Doherty, eterno junkie, para morar com ela em Londres. Ela estaria reabilitada e agora vai cuidar para que Doherty fique bem. Ambos estariam compondo uma música juntos que falaria de sobrevivência, relacionamentos, drogas e bebidas. Os tablóides ingleses devem estar fazendo a festa com essa novidade.

:: Ainda sobre roqueiros turbulentos, o Stone Temple Pilots adiou 12 shows. Dizem que o vocalista Scott Weiland, outro junkie sem jeito, teve uma nova recaída. Ele discursou durante um show no Texas, dizendo que voltou a beber, que seu irmão morreu, que se divorciou e que o mundo dele está uma bagunça. Tenso!

:: Muitas bandas boas lançando novas bolachinhas recentemente. O Manic Street está com seu Postcards From a Young Man, Interpol lançou seu CD homônimo, Arcade Fire chega ao terceiro disco com The Suburbs, e o Kings of Leon está com seu Come Around Sundown já saindo do forno. Enquanto isso, o Radiohead, apesar de já ter terminado as gravações do sucessor de In Rainbows, está pensando em jogar esse material novo no lixo. É sério!

:: Acho que o Brasil nunca viu tantos shows de artistas internacionais quanto agora em outubro. Queens of the Stone Age, Pixies, Rage Against the Machine, Kings of Leon, Regina Spector, Snow Patrol, Air, Green Day, Cranberries etc. Para quem mora nos grandes centros ou tem uma boa grana, ou as duas coisas, vai ser um mês e tanto!

:: Eddie Vedder casou com sua já antiga paixão, Jill McCormick, no último dia 18, no Havaí. Devido a minha extensa agenda, não pude ir. Mas fica aqui meu voto de felicidades! Muito fofo esse Eddie, não é mesmo?!

quarta-feira, setembro 22, 2010

SONS DA DÉCADA

Tá rolando um tópico lá no MBB pedindo para o pessoal fazer uma listinha com as melhores músicas da primeira década do milênio. Fiz uma que ficou gigante. E como essa merda aqui tá parada (tenho que dar um jeito nisso), vou colocá-la aqui para o bel prazer dos meus amados visitantes. Sem ordem de preferência, ficou mais ou menos assim:

:: Revolution (in the summertime) - Cosmic Rough Riders

:: Toys and flavors - The Hellacopters

:: Going inside - John Frusciante

:: California - Rufus Wainwright

:: Chop suey - System of a Down

:: Soul singing - Black Crowes

:: Hard to explain - Strokes

:: We're going to be friends - White Stripes

:: Follow the light - Travis

:: Another morning stoner - Trail of Dead

:: I am the highway - Audioslave

:: God put a smile upon your face - Coldplay

:: PDA - Interpol

:: Hurt - Johnny Cash

:: Across the night - Silverchair

:: Take it off - Donnas

:: Time for heroes - Libertines

:: Get free - Vines

:: Are you gonna be my girl - Jet

:: I'm a terrible person - Rooney

:: The hunger - Distillers

:: That great love sound - Raveonettes

:: Maps - Yeah Yeah Yeahs

:: Take me out - Franz Ferdinand

:: Wake me up when september ends - Green Day

:: Everybody's changing - Keane

:: Empty souls - Manic Street Preachers

:: Shame - PJ Harvey

:: Silence is easy - Starsailor

:: Somebody told me - Killers

:: Miracle drug - U2

:: Ain't no easy way - Black Rebel Motorcycle Club

:: Another round - Foo Fighters

:: I predict a riot - Kaiser Chiefs

:: Unsatisfied - Nine Black Alps

:: The importance of being idle - Oasis

:: I never came - Queens of the Stone Age

:: Love is a game - Magic Numbers

:: A certain romance - Arctic Monkeys

:: Everybody knows you cried last night - Fratellis

:: Go with the flow - Queens of the Stone Ag

:: Break the night with colour - Richard Ashcroft

:: In the crossfire - Starsailor

:: Weekend without makeup - Long Blondes

:: Pullshapes - The Pipettes

:: Steady, as she goes - Raconteurs

:: Do me a favour - Arctic Monkeys

:: The pretender - Foo Fighters

:: No I in threesome - Interpol

:: The angry mob - Kaiser Chiefs

:: Charmer - Kings of Leon

:: Autumnsong - Manic Street Preachers

:: Time to pretend - MGMT

:: All I need - Radiohead

:: Under the blacklight - Rilo Kiley

:: Low - Silverchair

:: The last fight - Velvet Revolver

:: Boyfriend - Alphabeat

:: Ballad of Hugo Chavez - Arkells

:: You're a waste - Be Your Own Pet

:: Happy as can be - Cut Off Your Hands

:: You don't know me - Ben Folds (feat Regina Spektor)

:: Mercy - Duffy

:: Sex on fire - Kings of Leon

:: Standing next to me - Last Shadow Puppets

:: The day that never comes - Metallica

:: I'm outta time - Oasis

:: Iodine - Sons & Daughters

:: Always where I need to be - The Kooks

:: The couples - Long Blondes

:: That's not my name - Ting Tings

:: Ghouls - We Are Scientists

:: Your decision - ALice in Chains

:: Crying lightning - Arctic Monkeys

:: Sweet about me - Gabriella Cilmi

:: (The night will) bring you back to life - Idlewild

:: Fire- Kasabian

:: Cover my eyes - La Roux

:: Who'd have known - Lily Allen

:: I'm throwing my arms around Paris - Morrissey

:: The end - Pearl Jam

:: I don't know what to do - Pete Yorn/Scarlett Johansson

:: Ashtray heart - Placebo

:: Flashing red light means go - Boxer Rebellion

:: Cheat on me - Cribs

:: Boys who rape (should all be destroyed) - The Raveonettes

:: Magnificent - U2

:: (If you're wondering if I want you to) I want you to - Weezer

:: Hung up - Madonna

:: Times like these - Foo Fighters

::Gonna see my friend - Pearl Jam

:: Seven nation army - White Stripes

:: Irish blood, english heart - Morrissey

:: Can't stop - Red Hot Chili Peppers

:: California waiting - Kings of Leon

quinta-feira, setembro 09, 2010

DISCOTECA BÁSICA: THE SMITHS - THE QUEEN IS DEAD (1986)

(texto extraído da BIZZ 141, de abril de 1997; autoria de José Augusto Lemos)


Talvez ainda seja cedo demais para avaliar o verdadeiro impacto dos Smiths na história do rock’n’roll e da cultura pop. Poucas vezes foi tão rápido e fácil conquistar a adulação simultânea de público e crítica, pelo menos na velha Grã-Bretanha. E as primeiras manifestações mágicas da parceria Mornissey/Marr- singles preciosos como "Hand In Glove" e "What Difference Does It Make?" - já chegaram com sabor de clássicos instantâneos. Por outro lado, não é nada fácil encontrar traços de suas influências na atual geração de bandas...

Os Smiths foram o último suspiro de originalidade no rock britânico, a última banda relevante da explosão indie e o último legado da linhagem de Manchester que havia dado Buzzcocks e Joy Division. Seus verdadeiros trunfos estavam em suas excentricidades: conseguiram soar ao mesmo tempo extremamente punk e pop, sem contar o homoerotismo celibatário, sem plumas ou paetês, desconcertante para os padrões da usina de entretenimento infanto-juvenil.

O grupo estava mais que estabelecido no Olimpo do estrelato quando atingiu a maturidade e a perfeição em The Queen Is Dead. O disco implodia de maneira grandiloqüente a enxuta estrutura musical da banda. Uma orquestra de cordas transformando algumas das canções em verdadeiros épicos era o gesto de maior risco, tornando o som dos Smiths mais deslocado no tempo do que nunca. Este era o caso da ultradebochada faixa-título, do romantismo suicida de "There Is A Light That Never Goes Out" e da quase patológica "I Know It’s Over", certamente o momento mais ousado de Morrissey, compondo uma dilacerante canção de amor e adeus para a própria mãe.

A grande surpresa do disco estava, porém, no humor desenfreado, trazendo leveza de alma e os confortos do ceticismo à artilharia pesada que avacalhava a família real sem misericórdia em "The Queen Is Dead"; imaginava mortes sádicas para Margaret Thatcher em "Bigmouth Strikes Again"; ridicularizava à todos os medíocres do planeta em "Pranky Mr. Shankly" e extraía boas gargalhadas da obsessão pelo sexo com a impagável "Some Girls Are Bigger Than Others". Nem um amigo como Howard Devoto - outro grande letrista de Manchester, líder do Magazine - escapou ileso, da febre zombeteira que tomou o vocalista dos Smiths. Em "Cemetery Gates", ele compõe um hilariante manifesto narrando um passeio dos dois entre lápides e exibições de erudição, para concluir: "Você tem Keats e Yeats ao seu lado, mas perde/ Porque Oscar Wilde está no meu." A mensagem é fechada para quem desconhece a literatura inglesa do século passado, mas basta dizer que, celebrando a vitória do mais leviano senso de humor sobre a sisudez, o idealismo e o classicismo, Morrissey resumia em uma cápsula o espírito do disco. Tentando sacudir seus conterrâneos para acordarem de seu "passado glorioso" antes que McDonalds, Pizza Hut, Tom Cruise e Demi Moore tomassem conta, o bufão da agonia fracassou de maneira retumbante. Como popstar, porém, não se deu mal: seus discos solos podem ser irregulares mas nunca entediantes (mesmo perdendo as insuperáveis melodias de Johnny Marr) e suas turnês americanas atraem multidões de adolescentes histéricas. O mesmo não se pode dizer do parceiro-guitarrista que hoje se dedica no derivativo duo Electronic, em que ele e Barney Summer sujam a reputação de Smiths, Joy Division e New Order - isto é, pelo menos 80% do melhor rock de Manchester.

É realmente intrigante para a geração que deixou a adolescência pela chamada idade adulta nos anos 80 (ouvindo coisas como Echo & The Bunnymen e Smiths) estar representada hoje, no megaestrelato, por baba diluída como R.E.M. (afinal, Michael Stipe tietou Morrissey incansavelmente!) e U2 (provando que Brian Eno realmente transforma água em vinho!). Mas, assim como o Oasis xeroca os Beatles, ainda podem surgir alguns moleques ingleses para refrescar a memória coletiva bebendo na fonte de Morrissey e Marr.


Performance

Ano de lançamento: 1986

Produção: Morrissey e Johnny Marr.

Engenharia de som: Stephen Street

Faixas:

"The Queen Is Dead"

"Frankly Mr. Shankly"

"I Know It’s Over"

"Never Had No One Ever"

"Cemetery Gates"

"Bigmouth Strikes Again"

"The Boy With The Thorn In His Side"

"Vicar In A Tutu"

"There Is A Light That Never Goes Out"

"Some Girls Are Bigger Than Others"