quinta-feira, abril 28, 2011

FOO FIGHTERS - WASTING LIGHT

(texto extraído da Billboard Brasil 17, de abril de 2011; autoria de Braulio Lorentz)




Anunciado pelo guitarrista e vocalista Dave Grohl, 42 anos, como “o disco mais pesado já feito pelo Foo Fighters”, o sétimo trabalho do grupo faz valer o alarde na chuta-portas “Bridge Burning” e na metaleira “White Limo”, com um Grohl de voz irreconhecível de tão distorcida e clipe com participação de Lemmy Killmister, do Motorhead. Mas o Foo Fighters não pretende esmurrar ouvidos o tempo todo. Os gritos e sussurros de “Arlandria”, “These Days” e “Rope” comprovam que o pop ainda tem vez, mesmo sem sequer um violão para contar história. Produzido por Butch Vig (de Nevermind, do Nirvana), o disco tem o baixista Krist Novoselic e o guitarrista Pat Smear – ex-parceiros de Grohl na banda liderada por Kurt Cobain (1967-1994). A reaproximação com o passado ensaiada na gravação com Vig das duas inéditas do Greatest Hits do Foo Fighters lançado em 2009 se confirma nos novos clipes em VHS e nas gravações só com equipamento analógico na garagem da casa de Grohl, em L.A. Segundo ele, ter dois filhos o fez perder o medo de manter o olhar voltado para 1990 e poucos durante as sessões. Há crises de meia-idade que vêm para o bem....

quarta-feira, abril 06, 2011

PJ HARVEY – LET ENGLAND SHAKE

(texto extraído da Billboard Brasil 17, de março de 2011; autoria de Daniel Tambarotti)


Diz o bom senso que aonde essa inglesinha franzina vai, é bom ir atrás. Mesmo que seja para escutar um punhado de músicas sobre a Primeira Guerra Mundial (hã?). As letras políticas e as referências geográficas sobre batalhas históricas não atrapalham a maior surpresa deste seu oitavo álbum de estúdio: a voz aguda de Harvey, cantora sempre elogiada pelos tons graves e timbre sexy. Depois do “quieto” White Chalk, de 2007, as guitarras voltam e as já conhecidas melodias grandiosas ganham a companhia de instrumentos pouco ouvidos no rock, corais de mulheres búlgaras e samples que remetem a cavalarias em ação. Let England Shake é um discaço que mostra a vocação de PJ Harvey para se manter longe da estagnação.

sábado, abril 02, 2011

THE BEATLES - RUBBER SOUL

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)

A influência do folk rock e da poesia de Bob Dylan dominam Rubber Soul. Com uma sonoridade mais acústica e harmonias mais elaboradas, o álbum também tem um indisfarçável odor de marijuana. A esta altura, os Beatles já tinham ganho controle sobre seus produtos e assim puderam ser mais “artísticos”. A capa mostrava os rostos dos rapazes ligeiramente distorcidos e não exibia o nome Beatles. Já o título do álbum veio da mente fértil de Paul McCartney – era uma gozação com a soul music, que invadia irreversivelmente a Inglaterra. O importante é que Rubber Soul trouxe inovações tanto na música quanto nas letras. Os dias inocentes dos romances adolescentes tinham ficado para trás. As canções agora eram mais ambíguas, e sardônicas, e não falavam apenas de relacionamentos amorosos superficiais. Em The Word, Lennon antecipava o verão do amor clamando pelo amor universal. Nowhere Man traz uma vaga mensagem social. A delicada In My Life era o sensível recado de um homem que já se sentia nostálgico com apenas 25 anos. A letra de Norwegian Wood (This Bird Has Flown) é obliqua, com Lennon se desdobrando para narrar um caso de amor clandestino sem deixar que sua mulher percebesse. You Won’t See Me e I’m Looking Through You são relatos dos altos e baixos do relacionamento de Paul com a namorada Jane Asher. Em compensação, o baixista era puro charme gastando seu francês básico em Michelle. Em Drive My Car, a faixa mais roqueira do disco, Paul brincava com a eterna batalha de sexos. George Harrison veio com If I Needed Someone, sua melhor canção até então, em que a guitarra de 12 cordas dava o tom. Os Beatles traziam novos instrumentos e recursos sonoros. A base sonora de Norwegian Wood, por exemplo, era a cítara tocada por George Harrison, instrumento vindo da Índia e que em breve se tornaria obrigatório na base sonora da música psicodélica. Mesmo com todas as emergentes inovações, os Beatles ainda trafegavam pelos sons mais básicos, como no country rock What Goes On (cantado por Ringo) e Run For Your Life, uma agressiva composição de John onde ele subconscientemente decalcou o tema de Baby Let’s Play House, clássico de Elvis Presley.