sábado, setembro 30, 2006

ROCKSTAR NA CONTRAMÃO

Finalizando esse Mês Especial Nirvana, publico abaixo um excelente texto, escrito pelo jornalista André Barcinski, um dos maiores entusiastas da banda no Brasil, que saiu originalmente na Bizz por ocasião do suicídio de Kurt Cobain, em abril de 1994. Para ler e pensar sobre àqueles anos insanos que tivemos a sorte de presenciar.

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Para seus fãs, Kurt Cobain deixou três álbuns ótimos. Mais importante que a música, no entanto, foi sua atitude em relação ao estrelato e à maquina da indústria. Cobain acabou com a mística de que o artista é um ser superior, que não pode se misturar com seu público. Ele queria exatamente o oposto. Cobain queria ser como seu público: queria usar as mesmas roupas, ouvir os mesmos discos, queria se misturar na multidão. Seu maior desejo era ser diferente dos astros que dominavam as paradas pré-Nirvana, aqueles que ele tanto detestava. E conseguiu.
Os astros da música dos anos 80 viviam num mundo de faz-de-conta, onde fãs eram apenas um acessório. Aquela década lembrava a fase mais nauseabunda da história do pop, que foi o domínio do progressivo no início dos anos 70. Naquela época o virtuosismo dos músicos servia para distanciar artista e público. O artista era um deus inatingível e intocável, quase uma figura sobre-humana. Nos anos 80 todo este virtuosismo foi substituído por egocentrismo, com resultados igualmente deprimentes.
O que o Nirvana fez foi acabar de vez com essa separação artista-público. Finalmente surgia uma celebridade que não usava guarda-costas para evitar se misturar aos plebeus, mas que se jogava nos braços de seu público durante os shows.
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Nas cinco ou seis vezes em que vi Kurt Cobain, tenho que dizer que fiquei bem impressionado com sua simplicidade. Em Nova York, vi Kurt assistindo a um show dos Melvins. Ele estava junto com o público, suando em um calor senegalesco, enquanto poderia estar no camarote da gravadora bebendo uísque. Outra vez encontrei-o numa loja de guitarras em Los Angeles, testando algumas Fender Jazzmaster. Nunca me pareceu arrogante. Louco, sim. Estúpido? Às vezes. Mas metido não.
O Nirvana foi uma das poucas bandas a fazer música que realmente importava. Quando Cobain cantava sobre dor, angústia e frustração, o público sentia que ele estava exprimindo com honestidade o que estava sentindo. Sei que honestidade é algo subjetivo, mas ninguém me convence que Cobain escrevia aquelas letras pensando em sua conta bancária ou tentando se valer de uma pretensa posição de porta-voz da revolta juvenil. Parece ingênuo dizer isso, mas o Nirvana foi a primeira banda honesta a surgir em muito, muito tempo.
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Numa época em que nenhuma grande mudança cultural pode acontecer sem ser patrocinada por uma gigantesca corporação, Kurt Cobain usou a máquina da indústria para levar uma mensagem que Sid Vicious tentou levar e propagou-a pela aldeia global. E quando todo o planeta dedica páginas inteiras de revistas e horas do precioso tempo na TV para lembrar de Cobain, a lição que fica é a de que ainda existe espaço e necessidade de música que venha da alma. Que venham mais Nirvanas ou que a mediocridade impere.

CRÍTICAS DA BIZZ ESPECIAL NIRVANA - Pt 4

A expectativa para o novo álbum do Nirvana era grande. E as cobranças também. A famosa pressão do segundo disco só chegou ao Nirvana ao gravar seu terceiro trabalho de estúdio. No intervalo entre Nevermind e In Utero muita coisa aconteceu. Kurt ganhou o papel de porta-voz da geração X. Músicas como “Smells Like Teen Spirit” e “Lithium” foram executadas à exaustão. A vida privada dos integrantes, principalmente a de Kurt, era coisa do passado. E tudo isso afetaria a música do grupo. In Utero tem um som sujo, cheio de microfonias e barulhos estranhos. “Scentless Apprentice” e “Milk It” são as músicas mais pesadas gravadas pelo trio. As letras ficaram mais diretas. “Estupre-me”, gritava Kurt Cobain em “Rape Me”. Ele reclama da dor em “Serve The Servants” e dá dicas de aborto em “Pennyroyal Tea”. Mas também há espaço para belas canções com uma sonoridade quase acústica em “Dumb” e “All Apologies”. Como é dito no texto da Bizz, foi um álbum de parto difícil, mas o resultado final foi mais que satisfatório. Longe de ser uma simples continuação de Nevermind, In Utero foi um passo adiante na carreira da banda, que prometia ser cheia de discos de igual coragem e inteligência, não fosse aquele tiro em 5 de abril de 1994. Abaixo, o excelente texto de autoria de Celso Pucci, extraído da edição da Bizz de setembro de 1993.

NIRVANA – IN UTERO
(BMG-Ariola)

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Ao entrevistar o R.E.M. para a Bizz há um ano, perguntei ao baixista Mike Mills o que achava da ascensão-relâmpago e do sucesso fulminante conquistado pelo Nirvana, em contraponto à árdua década de estrada percorrida pelo grupo de Athens num esquema alternativo similar. Ele me disse que os considerava uma grande banda, mas que não gostaria de estar na pele deles.
Muito compreensível: uma coisa é você lidar com a fama e o sucesso gradativamente, se acostumando aos poucos aos prazeres e aos percalços que este tipo de vida reserva. Mas algo totalmente diferente é chegar como um foguete a este “clube privado”, onde fortes interesses financeiros, excessos de todas as espécies, escândalos, assédios diversos e falta de privacidade fazem parte da rotina.
Por isso o trio de Seattle tinha razão de se sentir meio destrambelhado e assustado com a responsabilidade de conceber o sucessor do multiplatinado Nevermind. Seu líder, Kurt Cobain, foi o mais visado neste processo que incluiu problemas pessoais (brigas com sua mulher Courtney Love, ríspidos arranca-rabos com a imprensa, prisão por porte de armas) e artísticos (sucessivos adiamentos do lançamento do disco, desentendimentos com o produtor Steve Albini, atritos com a gravadora Geffen etc.).
Assim, a edição deste In Utero foi um parto difícil, mas acabou solidificando a posição do Nirvana no universo pop – não apenas para os fãs, mas também servindo de resposta para os adversários ferozes do grupo que apostavam que aquele “trio de porra-loucas” não iria fazer mais nada depois de Nevermind.
E In Utero, apesar de conter alguns elementos já utilizados no álbum anterior, claramente não tem o mesmo apelo comercial e joga suas fichas mais no “som podreira”. Talvez as principais responsáveis por isso sejam as mãos de Steve Albini nos controles, detonando porradas como “Scentless Apprentice”, “Milk It” e “Radio Friendly Unit Shift”, faixas onde as descargas de distorção conduzem guitarra e baixo sobre um ritmo maníaco da bateria, bem ao estilo hardcore do Big Black, o antigo grupo de Albini e um dos expoentes neste estilo musical. Isso quando Kurt e sua turma não recorrem ao punk rock curto e grosso – caso de “Very Ape” e “tourette’s”. Mas não é só: começos e finais de faixas são repletos de barulhos diversos, microfonias, ruídos ambientes etc., o que serve para acentuar ainda mais a sensação de caos que permeia a maior parte do disco.
Outras canções como o primeiro single do álbum, “Heart-Shaped Box” (uma das faixas com mixagens adicionais de Scott Litt, produtor do R.E.M.), “Serve The Servants” e “Rape Me” utilizam-se da pauleira melódica que celebrizou os maiores hits de Nevermind, mas apenas como recurso musical e não por mera repetição ou concessão comercial. E há até mesmo baladas “singelas” como “Dumb” e “All Apologies” – suaves exceções entre as tempestades de guitarras do álbum –, ambas melancolicamente embaladas pelo cello de Kera Schaley.
Mas apesar de ainda destilar revolta, junto a suas encanações com o estrelato e até mesmo uma tendência suicida explícita (vide “I Hate Myself And I Want To Die”, não creditada no encarte do disco), Kurt parece se preocupar bastante com sua atual condição de “pai de família” e com citações que não cheirem ao “espírito juvenil” estigmatizado em sua pessoa. É o que se pode deduzir a partir do título do disco e de algumas letras como “Pennyroyal Tea” (sobre um método de indução ao aborto, onde até Leonard Cohen é citado) e “Frances Farmer Will Have Her Revenge On Seattle” (tributo à atriz cinematográfica dos anos 30 que inspirou o nome de Frances Bean, a filha de Cobain com Courtney Love).
Posto isso, é bem compreensível que aqueles fãs que esperavam por um Nevermind – Vol.2 fiquem meio perdidos ao ouvir este In Utero. Não é para menos: é um disco difícil. Mas nascer também não é fácil e a gente acaba se acostumando a viver.
Celso Pucci

NIRVANA NO HOLLYWOOD ROCK

No texto sobre Nevermind falei que, quando ouvi “Smells Like Teen Spirit” senti que estava presenciando algo especial, mas que não tinha me tornado fã da banda naquele momento. Mas em janeiro de 1993, durante o show do grupo no Hollywood Rock, festival que estava sendo exibido pela Globo, tive minha epifania roqueira, e depois disso minha vida nunca foi mais a mesma. O canal não exibiu o show inteiro, mas o pouco que foi mostrado foi o suficiente. Iniciou-se a transmissão quando Kurt e cia estavam tocando os acordes finais de “Lithium”, para em seguida tocarem “Polly” e “About A Girl”. Bastaram essas duas músicas para me animar totalmente. Aliás, a execução delas foi perfeita, ficaram melhores até que as versões de estúdio. Depois disso Flea, que tinha tocado no dia anterior com o seu Red Hot Chili Peppers, entrou no palco com um trompete para tocar “Teen Spirit”. Vendo isso hoje, não dá para não pensar na bizarrice que é um trompete nessa música.
A bela (uma pérola de Nevermind não muito conhecida) “On A Plain” veio depois de uma pausa para os comerciais globais, seguida de “Negative Creep”, com “Blew vindo depois. A seguir duas músicas até então inéditas, “Heart-Shaped Box”, que pela primeira vez era executada ao vivo, e “Scentless Apprentice”. Nessa última, Kurt faz seu show particular. Pega um abacaxi (de onde ele veio eu não sei) e o esmagou na guitarra. Depois desce da parte superior do palco e tenta tirar umas armações esquisitas que estavam ali. Como não conseguiu, se dirige as câmeras da Globo, quando faz uma dança esquisita para elas, além de cuspir nelas e simular uma masturbação. Isso durou vários minutos, com a microfonia rolando solta. Kurt acabou voltando ao palco superior, encerrando finalmente a música. Novo corte para os comerciais, e na volta, temendo o que o cantor faria em seguida, a emissora resolver parar com a transmissão ao vivo, rolando em VT “In Bloom” e “Come As You Are”, executadas no começo da apresentação. Depois rolaram trechos dos shows dos Engenheiros do Hawaii e Dr. Sin (lembram deles?), que tinham aberto a noite, mas o estrago já estava feito.
Foi uma apresentação única do Nirvana, longe de ser profissional, mas com um senso de atitude que faz falta hoje em dia. O boato era que Kurt estava tão drogado que mal conseguia ficar em pé. Depois foi dito que, quando a banda ficou sabendo que o festival era patrocinado por uma grande companhia de cigarros e que seria transmitido pela maior rede de tv do país, os caras não gostaram nada e resolveram fazer aquele show atípico. Palavras de João Gordo, que serviu de guia para os caras durante a semana em que passaram no Brasil. E essa tese ganha força quando ouvimos o que foi produzido pela banda nos estúdios da BMG no Rio de Janeiro no box With The Lights Out, material de alta qualidade, e quando conferimos o que os integrantes falavam nos intervalos das músicas durante a apresentação, cheios de sarcasmo, alguns deles hilários. Olha só:

Antes de tocarem “Love Buzz” houve o seguinte papo:
Chris Novoselic: “Vocês vêem aquela fumaça lá longe? É de um cigarro Hollywood gigantesco, cheio de todos os tipos de nicotina e alcatrão suficiente para pichar um estacionamento desse tamanho. E já que estamos no assunto astrologia, vamos falar sobre o Zodíaco... Será que Jesse Helms é do signo de câncer?”
Nesse momento a platéia começa a fazer "OH OH OHHHHHHHH".
Aí Kurt diz: “Acho que ‘OH OH OHHHHHHHH’ significa ‘Cala a boca, Chris’”.
Antes de “Polly” há o seguinte diálogo:
Dave Grohl: “Kurt Cobain para os cigarros Hollywood Rock… Sabor macio e suave. Um sabor que você não pode negar. Hollywood Rock, o cigarro.”
Chris: “Eu não fumo, mas se eu fumasse eu fumaria os cigarros Hollywood, porque eles são os melhores.”
Kurt: “Eu não me canso dessa fumaça, cara, eu preciso fumar o tempo inteiro, sou uma estrela do rock. Estrelas do rock precisam de cigarros, certo?”
Eles também modificaram trechos da letra de “Polly” para inserir ‘homenagens’ aos cigarros Hollywood.
Para terminar, algumas imagens daquele show histórico, incluindo o Kurt preparando aquela cusparada nas câmeras da Globo:

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quinta-feira, setembro 28, 2006

NIRVANA - WITH THE LIGHTS OUT

Adquiri o Box With The Lights Out, contendo 3 CDs e 1 DVD com raridades do Nirvana, no finalzinho de 2004, me custando quase R$ 300,00 (até hoje a caixa não foi lançada por aqui, então tive que me virar com a importada), e na ocasião coloquei minhas impressões sobre o produto no meu antigo blog. Então, aproveito para economizar meus poucos neurônios e apenas reproduzo os três textos que fiz aqui no S&D, do jeitinho que escrevi na época, um para os dois primeiros CDs, outro para o terceiro e o último para o DVD. Confira:
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Texto 1:
Chegou minha encomenda da caixa do Nirvana, With The Lights Out!!! Estou em estado de êxtase, nada vai me deixar pra baixo. Só tive tempo de ouvir 2 dos 3 CDs. O DVD vou deixar pra assistir quando tiver sozinho em casa, pra poder ver na TV da sala, que é maior e tem som estéreo, e para não ser incomodado, principalmente pelo meu pai, que sempre gosta de deixar claro o quanto detesta minha paixão pelo rock.
Do que já ouvi, posso destacar as versões de músicas do Leadbelly, principalmente “They Hung Him On A Cross” (o Kurt fazendo um sotaque sulista ficou massa!) e “Ain’t It A Shame” (puta letra bem sacada!), a versão de “Here She Comes Now” do Velvet Underground, quatro músicas seguidas com o Kurt solo (“Opinion”, “Lithium”, “Been a Son” e “Sliver”) e uma puta versão de “Breed”. Também me chamou atenção o fato de várias músicas conhecidas aparecerem com letras alteradas, como acontece com “Polly” e outras. Eu tentava cantar junto, ai de repente vinha uma estrofe diferente.
Pena que eu não tenha um scanner. Seria legal colocar aqui algumas páginas do encarte, que ficou superbem feito. Mas talvez coloque algumas frases dos integrantes da banda que aparecem por todo o livreto. Mas isso fica pra depois.
Bem, é isso. Amanhã posto sobre o 3º CD.
Texto 2:
Como prometido, aqui vai minhas impressões sobre o 3º CD da caixa do Nirvana. Bem, o maior destaque são as faixas gravadas no estúdio da BMG no Rio de Janeiro. No total são 6 músicas tiradas do ensaio no Brasil: “Heart Shaped Box”, “I Hate Myself And I Want To Die”, “Milk It”, “Moist Vagina”, “Gallons Of Rubbing Alcohol Flow Through The Strip” e “The Other Improv”. Há uma versão de “Rape Me” também bem legal (no fundo você ouve uma criança chorando, deve ser a filha do Kurt, a Frances). Mas a melhor faixa é, sem dúvida, “Sappy”. Já a conhecia em versão pirata, e posso dizer, sem exagero, que é uma das melhores músicas da banda. Aliás, tem uma frase do Chad Channing (baterista antes da chegada do Dave Grohl) no encarte, sobre ela: “...uma música que Kurt realmente gostava muito... mas não soava da maneira que ele queria, e por alguma razão ele não iria deixá-la de lado.” Merece também mencionar algumas faixas tiradas de gravações caseiras do Kurt, como “Rape Me” (ela aparece duas vezes) e “You Know You’re Right”.
Pra terminar, uma curiosidade: a versão de “Gallons Of Rubbing Alcohol Flow Through The Strip” presente aqui é a mesma usada no álbum In Utero (é a faixa escondida presente na versão nacional; ela não existe na versão americana). Digo isso porque até os improvisos são os mesmos, e não seria possível eles tocarem ela novamente para entrar em In Utero e soasse exatamente igual. Então, a ouvimos há tanto tempo e nem sabíamos que foi gravada aqui no Brasil!
Texto 3:
Promessa é dívida, então finalmente vou postar minhas impressões sobre o DVD que acompanha o box “With The Lights Out”, do Nirvana. Prometi fazer isso desde dezembro do ano passado, mas fui adiando, adiando... Mas agora vai!
Bem, o DVD inicia com uma gravação bem tosca (ênfase no ‘tosca’) realizada na casa da mãe do Krist, baixista da banda, em 1988. O Kurt passou o tempo inteiro virado pra parede, quase não se viu seu rosto. A qualidade do som é sofrível, como se esperava, mas vale como registro histórico. Entre as músicas que tocaram nesse ensaio, incluem-se “Scoff”, “About a Girl”, “Big Long Now” e “Immigrant Song”, cover do Led Zeppelin.
Seguindo, temos a banda tocando “Big Cheese” numa loja de discos, com o Jason Everman na segunda guitarra, e o clip de “In Bloom”, numa versão antiga, bancada pela Sub Pop, e com o Chad Channing nas baquetas.
O DVD continua com outras gravações ao vivo, incluindo a estréia do Dave Grohl e uma execução matadora de Smells Like Teen Spirit, cerca de 6 meses antes do lançamento de Nevermind. Há ainda uma versão ‘plugada’ de “Jesus Doesn’t Want Me For a Sunbeam”, com um show do Grohl na bateria. E é essa a que tem a melhor qualidade, tanto de imagem quanto de som, gravada no Halloween de 1991 (aliás, imagens deste mesmo show foram usadas no vídeo Live! Tonight! Sold Out!).
Terminando, temos a música “Seasons In The Sun”, gravada nos estúdios da BMG no Rio de Janeiro, durante a passagem da banda pelo país para tocar no Hollywood Rock, em 1993. Nela, Kurt aparece nos vocais e bateria, o Dave no baixo e o Krist na guitarra. Minha primeira impressão foi que parecia o Belle & Sebastian!
Um lance legal são os menus do DVD. Neles aparecem imagens inéditas e músicas completas. Por exemplo, um deles mostra imagens nunca vistas das gravações do clipe de “Smells Like...”, outro mostra o Kurt adolescente fazendo baderna pelas ruas. Entre as músicas, temos “Lounge Act” e “All Apologies”. Por isso não esqueça de, quando tiver a oportunidade de ver o DVD, dar uma conferida nos menus.

SMELLS LIKE A NEW CLASSIC

A história por trás de ‘Smells Like Teen Spirit’, a música que fez o Nirvana ‘A’ banda dos anos 90, é bem conhecida. Nas palavras do próprio Kurt Cobain, quando ele a escreveu estava tentando fazer uma música ao estilo do Pixies, banda adorada por 11 entre 10 fãs de rock alternativo. Sobre a influência da banda de Frank Black, Kurt disse o seguinte: “Quando ouvi o Pixies pela primeira vez, eu me conectei com a banda de uma maneira tão intensa. (...) Nós usamos o senso de dinâmica deles, soando suave e calmo e depois alto e pesado.”
O titulo veio da frase ‘Kurt smells like teen spirit’, pichada numa parede por um amigo. Mas esse amigo não estava tentando ser filósofo ou algo do gênero. Teen Spirit era apenas o nome de um desodorante.
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Kurt disse que estava tentando escrever a música pop perfeita. “‘Teen Spirit’ tinha um riff tão clichê. Parecia algo do Boston ou ‘Louie, Louie’. Quando eu apareci com esse riff, Chris olhou para mim e disse, ‘isso é ridículo.’ Eu fiz a banda tocá-la por uma hora e meia.”
Butch Vig, produtor de Nevermind, ficou maravilhado com a música. “Eu os fazia tocá-la várias e várias vezes, porque era bom pra cacete! Eu ficava andando no estúdio pra lá e pra cá, pensando, ‘isso é sensacional!’ Não era preciso fazer muita coisa com aquela canção.”
Com o sucesso gigantesco alcançado por ela, Kurt já não era tão fã da música. Olha o que ele disse à Rolling Stone em janeiro de 1994: “Eu nem lembro do solo de guitarra em ‘Teen Spirit’. Eu precisaria de 5 minutos para aprender o solo. Mas não estou interessado nesse tipo de coisa. Eu ainda gosto de tocar ‘Teen Spirit’, mas é quase embaraçoso tocá-la. Todo mundo se focou muito nessa canção. A razão porque ela causa uma grande reação é que as pessoas já a ouviram um milhão de vezes. Foi martelada nos seus cérebros. Mas eu acho que há outras músicas que escrevi que são tão boas, ou até melhores, quanto essa canção, como ‘Drain You’. Ela é definitivamente tão boa quanto ‘Teen Spirit’. Eu amo a letra e nunca me canso de tocá-la. Talvez se ela tivesse tido tanto sucesso quanto ‘Teen Spirit’, eu não gostaria tanto dela. Mas em shows ruins, quando toco ‘Teen Spirit’, eu literalmente desejo jogar minha guitarra fora. Eu não consigo fingir que estou me divertindo ao tocá-la.”
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No livro Cobain – Fragmentos de uma Autobiografia, o autor Marcelo Orozco faz a seguinte análise da letra da música: “‘Teen Spirit’ canta uma legião que deseja que alguém espante seu aborrecimento. ‘Aqui estamos, dê-nos entretenimento’ era a frase que Kurt usava quando chegava a uma festa (o sentimento embutido é ‘você me convidou, agora faça valer a pena ter carregado meu tédio até aqui’). O refrão joga luz sobre figuras que se enquadram: o mulato e o albino, miscigenados que não são nem brancos nem negros, apesar de serem os dois ao mesmo tempo; o mosquito, que vive parasitando e é repelido quando se aproxima de um ser humano; e a libido do narrador, já que nem sua baixa auto-estima elimina seu desejo sexual. O show, um evento estúpido (porque não é preciso pensar para estar ali) e contagioso (porque a excitação predomina e arrebata quem está por perto) lhes dá a chance de exercer o direito de existir. E de esquecer que, fora dali, eles não se ajustam. O que dá vida aos versos é a música, que concentra toda a dinâmica de quietude e explosão do Nirvana. Cria expectativa, provoca o berro, faz pular, cantarolar com a melodia ditada pela voz e pelo solo de guitarra. Tem o ‘Changalango’ do rock mais básico e o peso distorcido do metal. Tem lamento desanimado e grito potente. Não é a toa que a música cativou gente que nem sabia o que era rock ‘alternativo’ ou Nirvana.”
Ao contrário do que alguns dizem, a revolução foi, é e será televisionada. O clipe de ‘Smells Like Teen Spirit’ estreou na MTV gringa em 14 de outubro de 1991, e o mundo nunca mais foi o mesmo.

terça-feira, setembro 26, 2006

CRÍTICAS DA BIZZ ESPECIAL NIRVANA - Pt 3

Com a grande procura por material do Nirvana graças ao sucesso de Nevermind, e com seu sucessor ainda longe de ser finalizado, a Geffen resolveu, em dezembro de 1992, lançar Incesticide, uma coletânea dos primeiros trabalhos da banda, contendo covers e faixas que tinham saído apenas em compacto. Bem diferente da sonoridade de Nevermind, neste álbum vemos um lado mais punk e cru da banda, principalmente em músicas como “Hairspray Queen” e “Beeswax”, ambas com um vocal meio “bêbado” de Kurt. Do lado das covers, temos duas do Vaselines, “Molly’s Lips” e “Son Of A Gun”, com uma sonoridade curta e direta, e a versão de “Turnaround”, do Devo. Outras faixas legais são “Dive”, “Stain”, uma versão new wave de “Polly” (que aparece em Nevermind quase acústica), “Aero Zeppelin” e “Aneurysm”, um pouquinho diferente da que aparece no lado b do single de “Smells Like Teen Spirit”. Discão! E foi o primeiro álbum (ainda o velho vinil) do gênero que comprei, em fevereiro de 93, ainda embasbacado com o show da banda no Hollywood Rock, quando tive minha epifania rock ‘n’ roll. Fique agora com o texto extraído da Bizz, escrito por Renato Yada, que parece não ser muito fã de Nevermind.

NIRVANA – INCESTICIDE
(Sub Pop/BMG-Ariola)

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Quem se iniciou no culto à camisa de flanela com o meio capenga Nevermind e não conhece Bleach, vai achar uma droga este Incesticide, coletânea dos primeiros trabalhos do Nirvana: é que o disco não contém nenhuma baladinha manjada para a MTV.
Incesticide traz os momentos de maior inspiração do grupo, com registros do começo de sua carreira, na época que idolatravam os Melvins, a banda primogênita do tal “som de Seattle” com seus riffs instigantes, lentos, paquidermemente pesados e enegrecidos por uma influência do Black Sabbath que Kurt e seus amigos absorveram muito bem. Os ensinamentos dos Melvins foram responsáveis pelos melhores momentos desse álbum de figurinhas raras, onde você pode ver as mãos miraculosas de produtor Jack Endino em ação, o mesmo que os Titãs estão contratando para pegar a rebarba da moda, com pelo menos cinco anos de atraso.
Ao contrário dos nossos esforçados brasucas, o Nirvana não precisou que Jack Endino desse uma de rei Midas, transformando merda em ouro. O ouro já estava lá, como em “Mexican Seafood” (originalmente lançada num split single), “Sliver”, uma canção alegrinha-nervosa, e “Downer”, que na versão original – presente no disco Bleach – teve as baquetas a cargo de Dale Crover, o baterista dos Melvins.
A sessão de covers e tributos conta com a dupla homenagem aos anos 70 em “Aero Zeppelin”, aos anos 80 na versão de “Turnaround” do Devo, e duas do grupo The Vaselines (“Molly’s Lips” e “Son Of A Gun”), antiga banda do escocês Eugene Kelly, líder do Eugenius (ex-Captain America).
Incesticide também é uma boa oportunidade de passar a limpo todas as formações do Nirvana, desde a época em que eram um quarteto até a substituição de Chad Channing, o baterista que foi despedido por ouvir Black Flag enquanto o resto da banda queria escutar “Love Hurts”, com o Nazareth.
Arquive esse exemplar de raro profissionalismo despretensioso em sua discoteca e dê uma banana para “a nova moda grunge”, para o Matt Dillon e paras as mãozinhas estúpidas e isqueiros acesos nas músicas mais lentas durante a passagem do grupo pelo Brasil, no início deste ano.
Seja esperto e não ligue para a massificação equivocada promovida pela imprensa.
RENATO YADA

domingo, setembro 24, 2006

CRÍTICAS DA BIZZ ESPECIAL NIRVANA - Pt 2

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Já falei o que tinha de falar sobre Nevermind alguns posts abaixo. Só vou dizer que exatamente na data de hoje, 24 de setembro, há 15 anos atrás, ele foi lançado, e o mundo do rock ganhou mais um clássico, e de lambuja ele tirou várias bandas posers de cena e tornou o underground mainstream. Fiquem então com o texto de autoria de André Forastieri (sim, ele mesmo, ex-Conrad e que agora está a frente da Pixel, a nova casa da DC no Brasil) e publicado originalmente na Bizz de março de 1992 (essa aí em cima).

NIRVANA - NEVERMIND
(Geffen/ BMG-Ariola)

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“Esses caras vão nos enriquecer.” Bruce Pavitt, dono da gravadora Sub Pop, sobre o Nirvana. Na Bizz 60, junho de 90.

Ou seja: o fato do Nirvana ter vendido mais de 2,5 milhões de cópias só nos EUA e desbancado Michael Jackson do alto da Billboard não deve surpreender você, velho leitor da Bizz. Como diz aquele slogan da nossa colega corporativa/concorrente eletrônica, você viu antes aqui.
Mas as vendas que se danem. A questão fundamental é, como sempre: vale a pena desembolsar aquela suada bufunfa para comprar Nevermind?
Se você gosta de Pixies ou Dammed ou Stooges ou Kinks/Who ou Gang of Four fase Entertainment! ou Mudhoney ou rock de garagem sessentista ou qualquer tipo de hard rock áspero, puto e sem polimento, vale. Principalmente, se você gosta de punk californiano politizado, vale a pena. Vale vale vale. Compre três, dê um para o seu amor e outro para o seu melhor amigo.
OK, segunda questão - e aí o papo de jornalista, de gente que está tentando entender o que se passa no universo adjacente e não se limita a curtir as coisas (não que só curtir seja limitante, mas compreender é nosso emprego e a nossa obsessão – ou pelo menos deveria ser). Pergunta 2: que significa a velocidade warp com que o Nirvana saiu dos cafundós do estado de Washington para os corações, as mentes e os toca-discos do público americano, quiçá mundial?
Significa que punk’s not dead, oba! Quinze anos depois, os espertos da nova geração assumiram o punk como sua melhor representação musical. É, o Nirvana é punk, sim, punk paca – ainda que seu vocalista-letrista-guitarrista Kurt Cobain, 24, seja muito novo para ter curtido punk na época.
E punk não só na avalanche animalesca de distorção e hormônios que jorra dos instrumentos. As letras também são violentíssimas, negras, radicais mesmo (sem escorregar para o niilismo burro que impera no underground americano). Falam de amor, sexo, preconceito, inteligência; do estado das coisas e do sentido da vida. Confira “Smells Like Teen Spirit”, sobre a apatia teen, que está traduzida nesta edição...mas a melhor é “Breed”. É, segundo Cobain, sobre “Ser classe média, casar jovem, ter filhos, assistir TV toda noite – e detestar tudo isso”.
A década de 90 já tem seus Dead Kennedys – e desta vez, eles estão no topo das paradas.

ANDRÉ FORASTIERI

3 EM 1

MONSTER #3
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Recapitulando, Monster é um mangá, ambientado na Alemanha, que mostra o drama do Dr. Tenma, que tem sua vida virada de cabeça para baixo depois de salvar o garoto Johan anos atrás, ainda antes da queda do muro de Berlim. Agora Johan é um assassino em série e o doutor está atrás dele, ao mesmo tempo em que foge da polícia, que o vê como o principal suspeito dos assassinatos. Nesse terceiro volume, o Dr. Tenma tenta descobrir mais sobre o passado do garoto, e acaba encontrando um orfanato onde o governo do lado oriental realizava experiências com as crianças. O doutor ainda é obrigado a salvar um terrorista, conhece um colega de profissão que atua em um pequeno vilarejo e tem um novo acompanhante na sua busca. Mais um show do autor Naoki Urasawa nesse que é uma das melhores estréias do ano. Altamente recomendável.

DINASTIA M #1
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O chamado maior acontecimento da Marvel do ano (aqui no Brasil, porque lá fora Civil War tá dando o que falar) começa de maneira morna. Na trama, os Vingadores e os X-Men se juntam para decidir o futuro da Feiticeira Escarlate, temendo que seu descontrole sobre seus poderes de alterar a realidade causem uma catástrofe. A primeira parte é gasta com a reunião dos dois grupos para resolver se a solução é matá-la ou não. Na segunda vemos um mundo alterado pela Feiticeira, onde os mutantes finalmente venceram a batalha com os humanos. Nessa realidade o Capitão América é apenas um velhinho inofensivo, Miss Marvel é a heroína mais famosa do planeta, Kitty Pride é uma professora, Dr. Estranho é um psicólogo e Wolverine curte um sexo com a Mística usando o visual de Jean Grey. O forte do Bendis, os diálogos, não aparecem com a inspiração costumeira. Há até uns momentos constrangedores, como as falas bobas do Ciclope. Os desenhos do Olivier Coipel são okay, mas não posso dizer o mesmo das capas de Essad Ribic, bem aquém do esperado. Espero que a história melhore, porque senão Dinastia M será apenas mais um golpe marketeiro do Quesada.

CONTAGEM REGRESSIVA PARA CRISE INFINITA #3
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As minisséries que servem de prelúdio para a Crise Infinita continuam na mesma toada. Projeto OMAC ainda é a melhor delas. A trama desenrolada por Greg Rucka mostra um novo Xeque-Mate, controlado por Max Lord, que tem ainda o satélite-espião criado por Batman ao seu dispor, sabendo de tudo que rola na comunidade de super-heróis. Agora, com as informações de Sasha Bordeaux, o morcego está mais próximo de descobrir a verdade. O terceiro capítulo termina com um gancho para o arco Sacrifício, em Superman #46, que infelizmente ainda não chegou aqui. Dia de Vingança segue sendo o lixo que é desde o começo, com uma traminha boba com os mágicos do UDC criada por Bill Willingham. Para não dizer que nada presta, o humor do macaco Chimp chega a dar uma levantada no nível baixo da história. Em Vilões Unidos, o pessoal do Sexteto Secreto sofre o imaginável e o inimaginável nas mãos do Doutor do Crime, e quase todas as 22 páginas são usadas para mostrar as torturas, entremeadas por alguns diálogos dispensáveis. VU continua na categoria “nem cheira nem fede”. Na mesma categoria está Guerra Rann-Thanagar, onde muita coisa acontece ao mesmo tempo, atrapalhando o desenvolvimento (e o entendimento) da trama. Vamos ver se o roteiro de Dave Gibbons entra logo nos eixos, antes que a coisa desande de vez.

sábado, setembro 23, 2006

CRÍTICAS DA BIZZ ESPECIAL NIRVANA - Pt 1

Claro que não ficaria de fora desse Mês Especial Nirvana as famosas “Críticas da Bizz”, seção onde republico os textos antigos da revista para termos um pouco da impressão inicial que determinado disco provocou. E, ‘começando do começo’, publico abaixo o texto, de autoria de Arthur G. Couto Duarte, sobre Bleach, a estréia do Nirvana, de 1989, mas que só foi lançado por aqui depois do sucesso alcançado por Nevermind. Bleach é o famoso álbum dos 600 doláres, e mostra uma banda ainda crua, mas que já mostrava que tinha algo de diferente das diversas bandas da cena underground americana no final dos anos 80. Canções como “About A Girl” e “Mr. Moustache” tinham aquela veia pop que reinou no disco seguinte. Faixas mais, digamos, podreiras, como “Negative Creep” e “Sifting”, devem ter assustado aqueles que começaram a curtir a banda com Nevermind e esperavam mais do mesmo no debut da banda. Como eu já conhecia esse lado punk do Nirvana, achei tudo muito bom, e Bleach se tornou rapidamente um dos favoritos aqui em casa. Introdução feita, falta só dizer que, no texto, o autor se refere ao vinil, já que a versão em CD contém tanto “Love Buzz” quanto “Big Cheese”, ambas tiradas do primeiro compacto da banda para a Sub Pop. Vamos ao texto da Bizz então:

NIRVANA – BLEACH (GEFFEN/BMG-ARIOLA)
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Divulgado no Ocidente por Schopenhauser, o termo “nirvana” remonta às noções do budismo, onde foi utilizado para designar a extinção do desejo humano – estado este que resultaria em bem-estar e gozo indescritíveis. Por outro lado, Nirvana também deu nome a uma das mais agressivas e iconoclastas formações da nova cena norte-americana. Hoje, os membros do grupo usufruem a mega-exposição obtida com Nevermind, mas foi em seu primeiro LP, Bleach (lançado em julho de 1989 pela Sub Pop), que conseguiram se expressar com intensidade máxima.
Bleach é a prova de que não há contradições entre os sentidos filosófico e musical da palavra. Em ambos, assim como na psicanálise (o “princípio do Nirvana” dos textos de Freud indicava uma ligação profunda entre o prazer e o aniquilamento), Nirvana alude a supressão total das excitações internas. E é justamente isso que Kurt Cobain e cia. parecem buscar, por exemplo, nas autodestrutivas “Swap Meet” e “Blew”, onde entregam-se à absoluta devastação física e sensorial.
Com o expert Jack Endino na produção, o LP conseguiu ser ainda mais cru e básico que Nevermind. Há instantes – vide o sabor “beatle” de “About A Girl” – em que o Nirvana sinaliza com a abordagem mezzo ruído mezzo melodia que adotaria no futuro, porém o que impera aí é a zoeira; uma sonoridade coice-de-mula, configurada pela absorção de resíduos do rock ‘n’ roll, dos acordes pútridos das bandas de garagem, da bizarria lisérgica e da atitude “search and destroy” (“procure e destrua”) dos punks e bangers radicais.
A edição nacional de Bleach traz a faixa “Love Buzz” (canção do grupo holandês Shocking Blue que havia sido o primeiro single do Nirvana) no lugar de “Big Cheese”. Outras curiosidades são a presença de Chad Channing – revezando-se com Dale Crover, baterista dos Melvins, em “Floyd The Barber” e “Paper Cuts” – e o fato de o guitarrista Jason Everman (que aparece nos créditos da capa) não ter tocado realmente no disco. Isso posto, vale dizer que, se Bleach não é necessariamente inovador, tem a seu favor uma inquietação há muito ausente do rock.
Arthur G. Couto Duarte

sexta-feira, setembro 22, 2006

KURT COBAIN, NA OPINIÃO DE ALGUNS MÚSICOS

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Mark Arm (Mudhoney):
“Não dava para acreditar como aquele cara baixinho, magro que nem um palito, conseguia se transformar em um monstro no palco. Kurt fazia coisas que ninguém mais conseguia. Ele dominava o palco.
No nosso disco My Brother The Cow, fiz uma música sobre Kurt, chamada ‘Into Your Shtik’ (um dos versos diz “Por que você também não estoura seus miolos?”). A música fala de toda essa merda de indústria da música, e da pressão que a fama impõe nas pessoas. No caso de Kurt isso foi fatal.
Todo mundo que o conhecia percebeu que ele mudou muito depois de ficar famoso. Quando o Nirvana ainda era uma banda relativamente desconhecida, eu me dava muito bem com ele. Depois ele se isolou, e passei quase um ano sem vê-lo. Quando o encontrei de novo, durante uma pequena excursão que fizemos com o Nirvana, ele me pareceu triste e sozinho.
Quando ouvi a notícia de que ele havia se matado, fiquei com muita raiva. Mas depois percebi que na verdade aquele foi um derradeiro ato de heroísmo. Não o condeno por ter feito o que fez.”

Joey Ramone (Ramones):
“Uma vez fomos tocar em um grande festival na Bélgica. Éramos os ‘headliners’, e o Nirvana ia abrir. Antes do show tinha um jantar, organizado pela produção, e cada banda tinha uma mesa. Nossa mesa era a maior, pois tínhamos um monte de ‘roadies’ e amigos. O Nirvana tinha uma mesa pequenininha, onde só cabiam eles três mais um ‘roadie’. Sem ninguém ver, o Kurt trocou as plaquetas das mesas. Quando nós chegamos lá, ele e os outros dois estavam se esbaldando de tanto comer na nossa mesa, que dava para umas vinte pessoas. Falei: ‘Taí um cara com senso de humor’. Foi realmente trágico o que aconteceu com o cara. Foi uma perda estúpida. O Nirvana era uma banda punk muito parecida com os grandes grupos dos anos 70, cheia de energia e sarcasmo. Acho que muitos críticos encheram demais a bola da banda. Porra, quando ele morreu, o compararam ao John Lennon. Me dá um tempo! Era uma ótima banda, mas assim também não! O chato é que agora temos que aturar a mulher dele, aquela Courtney, que só sabe falar merda.”

Iggy Pop:
“Depois que Kurt morreu, alguém me falou que ele havia composto uma música para eu cantar. Fiquei honrado. Não é todo dia que alguém que você realmente admira se confessa um fã. Para mim o Nirvana era a essência do rock: primitivo e verdadeiro.”

Anthony Kiedis (Red Hot Chili Peppers):
“Da primeira vez que ouvi Nevermind, não consegui deixar o CD fora do player. Ouvi o álbum dia e noite, toda hora. Era tão melódico, tão acessível, e ao mesmo tempo tão furioso e cheio de raiva. Sabe, muitas vezes você ouve uma música ótima e fica interessado pela banda, e depois descobre que foi apenas um acidente de percurso, uma jóia perdida no meio de outras músicas não tão boas assim. Mas no caso do Nirvana é diferente. Tudo que eles fizeram era ótimo. Liguei para Kurt e praticamente implorei para eles tocarem com a gente uma noite.”

quinta-feira, setembro 21, 2006

NIRVANA NO READING FESTIVAL

Entre os vários shows antológicos do Nirvana, um dos principais foi o realizado no Reading Festival de 1992, na Inglaterra. Já conhecida em cada esquina do mundo graças ao álbum Nevermind, a banda era a principal atração do festival. A imprensa sensacionalista não deixava Kurt em paz, trazendo a tona os problemas de saúde e o vício do líder do Nirvana, além de uma suposta separação da banda. Com toda essa “publicidade negativa”, os caras resolveram brincar um pouco em cima dela. Chega a hora do show, as luzes se apagam. Chris Novoselic e Dave Grohl entram. Atrás deles aparece Kurt Cobain, usando uma peruca loira, em vestimentas hospitalares e cadeira de rodas. Novoselic diz ao microfone: “Ele saiu da cama do hospital apenas para tocar esta noite”. Kurt se levanta, com muito esforço, balbucia algo no microfone e cai. Tudo teatro, claro! Depois dessa pegadinha, os caras tocam por 90 minutos sua mistura única do peso do Sabbath e da suavidade dos Beatles. Para acabar com as fofocas de uma vez, Kurt declara, entre uma música e outra, que aquele não era o último show deles, e que estavam preparando o novo álbum (In Utero, que saiu em 1993). Aliás, a banda incluiu no set list daquela noite três novos sons que entrariam naquele álbum, “All Apologies”, “Dumb” e “tourette's”. Também no set list verdadeiros futuros hinos, como “Breed”, “Smells Like Teen Spirit”, “Come As You Are” e “Negative Creep”, terminando com uma verdadeira orgia instrumental de 10 minutos e a tradicional quebradeira final. Isso eu queria ter visto ao vivo. Abaixo, algumas imagens daquela noite.
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sábado, setembro 16, 2006

NIRVANA, NEVERMIND (1991)

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Finalmente chegou a hora. Confesso que vinha adiando isso há um tempo, me achando indigno da tarefa, incapaz de escrever algo que preste sobre o disco que mudou tudo. Mas resolvi encarar, apesar de não ter resolvido meus problemas de confiança. Mas seja como for, vamos lá. Ao capítulo dos discos lançados em 1991 dedicado à Nevermind, do Nirvana. Antes de tudo, devo dizer que este álbum é o responsável por tudo. Por eu me apaixonar pelo mundo rock ‘n roll e estar nesta estrada há mais de 13 anos. Por buscar novidades na música até hoje, apesar de achar que nunca mais haverá uma época como aquela. Por me interessar por tudo que pode ser classificado como alternativo, seja música, filme, gibi ou série de tv. E por, de certa maneira, existir esse blog, e ainda ter algo a dizer toda semana.
O ano era 1991. Não tínhamos Internet, só tinha acesso a 4 canais de tv (nada de MTV), as emissoras de rádio já não cumpriam sua tarefa primordial (trazer novidades) e os discos não eram tão fáceis de ser encontrados. Já lia a Bizz, que todo mês vinha lotada de matérias sobre bandas que nunca tinha ouvido falar, e eu não tinha como ouvi-las (não havia Internet para baixar mp3, lembram?), e mesmo assim Nevermind só mereceu destaque no ano seguinte. As poucas novidades que acabava conhecendo era por meio do Kliptonita, programa de clipes da Record. E foi exatamente assistindo-o que ouvi (e vi) pela primeira vez “Smells Like Teen Spirit”. Mesmo sendo mais fã de dance music, não fiquei imune àquela sensação de que estava ouvindo algo realmente bom. Não me tornei um roqueiro naquele momento, claro, mas uma semente estava plantada dentro de mim, esperando crescer. Depois veio o clipe de “Come As You Are”, “Lithium” e “In Bloom”, e estava certo que o Nirvana não seria apenas mais uma espécie de “one hit wonder”. As emissoras de rádio local (lembrem que moro numa cidade no interior da Paraíba) começaram a tocar em alta rotação os sons de Nevermind, para minha surpresa. Lembro que quase consegui gravar o álbum inteiro só com o que rolava no rádio.
Nevermind começou a surgir em abril de 1990, quando a banda gravou sete músicas com o produtor Butch Vig. Eram elas “In Bloom”, “Dive”, Lithium”, “Breed” (ainda chamada “Imodium” na época), “Stay Away” (que também tinha outro nome, “Pay To Play”), “Sappy” e “Polly”. A sessão que gerou estas canções tinha o propósito original de ser usada para o segundo álbum da banda para a Sub Pop, mas a saída do baterista Chad Channing e a possibilidade de ir para uma gravadora maior mudaram os planos. Apenas a versão de “Polly” gravada naquela sessão foi aproveitada e acabou no disco (dá para notar que ela tem uma sonoridade diferente do resto do CD).
Em setembro daquele mesmo ano chega o novo baterista, Dave Grohl, que vinha da banda Scream. Kurt Cobain ficou tão impressionado com o rapaz que ligou para Vig para dizer que eles encontraram o melhor baterista do mundo. Com o trio formado, eles começaram a ensaiar as novas músicas durante 15 horas por dia, num período de 4 ou 5 meses, e muito do que foi criado nesse tempo ficou perdido para sempre, porque ou eles não gravavam (e acabavam esquecendo depois) ou eles gravavam e perdiam a fita.
Com o sonhado contrato com uma major, a Geffen Records, assinado em abril de 1991, o grupo parte para Los Angeles para começar as gravações de Nevermind. Novamente Butch Vig é chamado. Eles começam com uma pré-produção que dura três dias, o bastante para uma banda que já tinha ensaiado mais que o necessário. Então eles vão para o Sound City Studios começar as gravações em si. Lá, os trabalhos costumavam iniciar ao meio dia e seguiam até meia noite ou mais. Depois de gravarem as bases no estúdio A, foram para o estúdio B, menor, onde adicionaram as guitarras-base, Grohl fez os backing vocals e Kurt começou a trabalhar mais sua voz. Com a impaciência de Kurt em relação aos repetitivos takes, Vig começou a gravar também o aquecimento vocal, e o produtor pegou vários pedaços de takes diferentes para a versão final. Eles acabaram ficando 16 dias no Sound City, partindo depois para o Devonshire Studios, onde completaram os overdubs, gravaram a parte do cello de “Something In The Way” e fizeram uma mixagem preliminar.
Gravação pronta, era hora da mixagem final, a cargo de Andy Wallace, escolhido por Kurt após ver que o Slayer estava entre os trabalhos anteriores do cara. Mas no final, Kurt acabou reclamando do resultado, dizendo que o disco soava mais como Mötley Crue do que um disco punk, mas possivelmente isso só era uma reação ao sucesso que o álbum teve. Custo de tudo isso: cerca de 130 mil dólares, bem mais que os R$ 600 gastos em Bleach, a estréia da banda.
Com o lado musical pronto, faltava a capa. Kurt queria a imagem de uma mulher dando a luz embaixo d’água que ele tinha visto num documentário, mas não conseguiram a liberação da mesma. Então veio a idéia do bebê, também embaixo d’água, tentando alcançar a nota de um dólar em um gancho. Numa eleição recente da Bizz, a capa ficou com a 6ª posição entre as melhores de todos os tempos.
Finalmente, em 24 de setembro de 1991, Nevermind é lançado, com uma tiragem pequena. Com o interesse crescente, a Geffen trata logo de fazer mais e mais cópias do disco, que atinge a marca dos 500 mil exemplares vendidos já em outubro. Em novembro o disco já está entre os 10 mais. Em dois meses já são 1,2 milhões de cópias vendidas. Em janeiro de 1992, chega ao topo da parada, desbancando Michael Jackson e seu Dangerous, passando da casa dos 2 milhões. Um novo capítulo da história do rock estava sendo escrito, e mesmo do buraco onde vivo, posso dizer que eu vivi aquele período mágico. E tenho certeza que estarei ouvindo Nevermind até o fim dos meus dias.

O que a mídia especializada disse:
“Vale a pena desembolsar aquela suada bufunfa para comprar Nevermind? (...) Vale vale vale. Compre três, dê um para o seu amor e outro para o seu melhor amigo. (...) A década de 90 já tem seus Dead Kennedys – e desta vez, eles estão no topo das paradas.” (Bizz; texto completo em breve)

“O Nirvana fez um LP que não só é melhor que qualquer coisa que fizeram antes, como será uma nova referência para as gerações futuras.” (NME)

“Nevermind mostra um coração pop cheio de adrenalina e um material incomparavelmente superior (comparado a Bleach), capturado com clareza extraordinária pelo produtor Butch Vig.” (Rolling Stone)

BIZZ #205

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E já temos um ano desta nova reencarnação da Bizz (passou rápido, né?). Nessa edição de setembro, John Lennon ganha a matéria de capa, aproveitando o lançamento na gringa do documentário que mostra como os Estados Unidos perseguiam o beatle. Além disso, temos o mutante Sérgio Dias no entrevistão, o Franz Ferdinand cansado da vida na estrada, The Cure no Discoteca Básica, as aventuras do Cansei de Ser Sexy nos EUA, o Heavy Metal cerebral, e outras coisas mais, nessa edição com 92 páginas (devido ao maior número de anunciantes, o que significa que a revista está tendo uma boa aceitação). Como sempre, R$ 9.95 bem investidos.

Ao som de Belly

sexta-feira, setembro 15, 2006

MAIS SOBRE A IDA DA DC PARA A PIXEL

Agora que a ficha caiu (quer dizer, mais ou menos) vamos elaborar mais sobre a mudança da DC Comics para a Pixel. Bem, não foram revelados muitos detalhes, apenas a mudança em si e que isso era um planejamento da própria DC, que quer ter a concorrência da Marvel também em outros países. Não sabemos como ocorrerá essa transição de editora, quantos títulos mensais teremos, se os cinco publicados hoje pela Panini terão continuidade, como ficarão os mixes e, principalmente, como ficará a publicação da minissérie arrasa-quarteirão Crise Infinita, que estava agendada para começar exatamente em janeiro de 2007, que agora é a data inicial das primeiras revistas já com o selo Pixel. Isso sem falar nos preços, papel, distribuição e outros detalhes que preocupam os fãs. Então, o que fica é uma ansiedade dos diabos (esses meses restantes do ano vão durar uma eternidade), com um certo temor em relação ao futuro. Sim, temor, pois a DC parecia finalmente estabelecida no Brasil, com um volume razoável de material publicado, incluindo além dos cinco títulos mensais, uma linha de republicação de clássicos, uma revista trimestral com arcos fechados e uma enxurrada de minisséries e especiais. E se tudo isso não satisfazia os mais exigentes, tínhamos a segurança de sua publicação. Agora vamos começar tudo do zero novamente, com aquela cautela característica (e compreensiva) de qualquer empreendimento em seu início. Claro, a torcida é grande para tudo dar certo, e espero que a Pixel leve em consideração a experiência de quatro anos da Panini publicando Superman, Batman e cia para seguir os acertos e para evitar os erros (ocorreram ambos em considerável quantidade) nesse período onde a DC esteve nas mãos dos italianos, para termos uma transição sem sobressaltos. E que a concorrência entre a DC e a Marvel traga reais vantagens para os leitores. E aí, de que lado você vai ficar:

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quinta-feira, setembro 14, 2006

BOMBA! BOMBA!

A Pixel Media será a nova casa da DC no Brasil a partir de 2007! Veja a notícia aqui e acompanhe a discussão sobre o assunto aqui.

CONTAGEM REGRESSIVA PARA CRISE INFINITA 1 e 2

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Os roteiristas responsáveis pelas quatro minisséries que compõem o mix de Contagem Regressiva Para Crise Infinita tiveram uma baita dor de cabeça. Imaginem a cena: todos eles se reúnem com os editores da DC, com Dan Didio à frente, que os informam que cada um deles deverá contar uma história sobre certo tema, que começa assim e DEVE terminar assado (já que todas devem convergir para um ponto em comum onde começa a Crise Infinita em si), e no meio disso, eles podiam fazer o que desejarem. Ou seja, nada de carta branca para contar algo de maneira espontânea, que geralmente acarreta melhores trabalhos. Eles tinham de bolar tudo com as mãos meio que algemadas.
E, assim, alguns conseguem se sair melhores, outros não. No primeiro grupo se encontra Greg Rucka, responsável pelo Projeto OMAC, a melhor delas. Ajudado pelos excelentes desenhos de Jesus Saiz, Rucka traz uma trama mais ligada à mini Crise de Identidade e ao especial Contagem Regressiva, mostrando o desenrolar da morte do Besouro Azul e o conhecimento por parte do Batman de tudo que aconteceu naquele fatídico dia em que o Dr. Luz teve a mente bagunçada. O uso da Sasha Bordeaux, personagem importante nas sagas Assassino e Fugitivo, enriquece mais a trama.
Pelo lado do que não conseguiu se sair bem, encontra-se Bill Willingham, roteirista de Dia de Vingança, que mostra o lado mágico do universo DC, com o Espectro, ao lado do(a) Eclipso, tentando acabar com os magos da terra, que seriam responsáveis por todo o mal existente. Willingham, que faz um excelente trabalho em Fables, sua série autoral pela Vertigo, não consegue se encontrar no UDC. Sua fase em Robin é bem fraca (de longe a pior série da editora dentro do que sai regularmente aqui no Brasil), e agora nos apresenta uma história bem pouco inspirada, que conta com os desenhos de Justiniano, que é bem abaixo da média. A idéia da trama já não é lá essas coisas, e a maneira como está sendo contada também não ajuda. Vamos ver como as coisas ficam até o final, porque nesses dois primeiros capítulos Dia de Vingança ainda não disse a que veio.
No meio termo, fazendo um trabalho mediano, encontra-se Gail Simone e Dave Gibbons, roteiristas de Vilões Unidos e Guerra Rann-Thanagar, respectivamente. Na primeira, Lex Luthor, Adão Negro e Talia al Ghul, entre outros, formam uma sociedade de vilões, para enfrentar esses novos tempos onde os heróis não agem da maneira correta como todos imaginavam, ao mesmo tempo em que outro grupo (também de vilões) é formado, com objetivos ainda obscuros. Há potencial, mas falta algo ainda. Os desenhos de Dale Eaglesham caem bem.
Guerra Rann-Thanagar começa imediatamente onde a mini Adam Strange – Mistério no Espaço termina, ou seja, com Thanagar fora de sua órbita devido a proximidade de Rann. Agora os sobreviventes thanagarianos se encontram em Rann, e o conflito entre as espécies é certo, com o envolvimento de outros planetas querendo tirar sua casquinha. Em alguns momentos, com tantas coisas acontecendo, a leitura fica meio confusa, e eu que já não sou grande fã dessas sagas cósmicas então, mas tem seus bons momentos, e a arte dos brasileiros Ivan Reis e Marcelo Campos é preciosa, principalmente nas cenas de ação.

domingo, setembro 10, 2006

US OPEN

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Maria Sharapova foi a campeã do torneio feminino do Aberto dos Estados Unidos. Ela passou pela nº 1 e 2 do mundo (respectivamente, Mauresmo e Henin-Hardenne, as duas feias de doer), chegando ao 2º título de Grand Slam (venceu Wimbledon em 2004). Contra a Mauresmo, nas semifinais, ela aplicou dois pneus, vencendo o 1º e o 3º sets por 6 a 0, com a adversária francesa vencendo o 2º por uma quebra de vantagem. Já na final, Shara (sim, somo íntimos, posso chamá-la assim) venceu por duplo 6 a 4, e não deu chances a belga Henin-Hardenne, que tem vantagem no confronto direto entre as duas. Dois momentos dessa final valem destacar: quando foi levantar o troféu, Sharapova acabou derrubando a tampa do mesmo, situação que ela tirou de letra ao soltar a maior gargalhada (momento flagrado na foto acima). Outro momento curioso foi o papai Yuri Sharapov (o sobrenome na Rússia varia de gênero, sabia?) aparecer com uma camiseta onde se lia “eu me sinto bem relaxado”, apesar da fama de carrancudo dele. E não tem jeito, em qualquer modalidade esportiva feminina eu sempre acabo torcendo pela mais bela, e Sharapova é a mais bela de todas. Vibrei como nunca no sábado. Valeu por duas finais de Copa.
Já pelo lado dos homens, deu a lógica: Federer, mais uma vez, conquistando o tri do US Open. É incrível a maneira como o suíço joga, tranqüilo, quase preguiçoso, num jeitão bem cool (como disse o comentarista da ESPN, se o jogo do Federer fosse música, seria um jazz), como se jogar tênis fosse a coisa mais fácil do mundo. Não tem ninguém hoje que possa fazer sombra ao nº 1, seja o Nadal (exceto na quadra de saibro), o Blake ou o Roddick, de quem o suíço ganhou na final deste domingo por 3 sets a 1.
Bem, foram duas semanas ótimas e cansativas, onde fiz plantão em frente da telinha. Assisti grandes partidas, testemunhei a despedida de Andre Agassi, vi belos rallys, esperei impacientemente pelo fim da chuva e acabei me tornando mais fã ainda do tênis (e da Maria também). Agora é voltar para o feijão com arroz esportivo, também chamado de futebol, e esperar pelo próximo Grand Slam, em janeiro próximo na Austrália.

FRASE

"Eu preciso de Bob Dylan. Pessoas que já passaram dos 15 anos precisam. É extremamente importante que todo jovem passe por sua fase rock sujo e mal encarado, mas com o tempo vêm a maturidade, que nos faz valorizar outras coisas que não sejam roupas, barulho e palavrões numa banda de rock."

Marcelo Costa, no blog Revoluttion. E eu assino embaixo.

quinta-feira, setembro 07, 2006

LULA, O GROSSO

No recém-lançado livro Viagens Com O Presidente, os jornalistas Eduardo Scolese e Leonencio Nossa, que trabalham como correspondentes no Palácio do Planalto, desvendam como Lula se comporta fora dos holofotes. O presidente se apresenta como um cavalo de marca maior. Usa palavrões a exaustão, trata mal seus subordinados, faz considerações nada condizentes com sua condição de Chefe De Estado sobre seus colegas estrangeiros, finge estar cochichando algo importante no ouvido do seu assessor para deixar os jornalistas curiosos, adormece e ronca alto durante as sessões do Cine Alvorada e faz trocadilhos dos mais grosseiros, ou seja, não leva nada a sério seu posto de presidente. Numa passagem do livro os dois autores citam uma ocasião onde Lula chega a comparar o meio ambiente a um exame de próstata, dizendo que uma hora vai ter que enfiar o dedo lá onde você está pensando (não vou dizer a palavra, mas Lula usou exatamente ela), e disse isso cara a cara para a ministra Marina Silva. Ou seja, além de ser ladrão, corrupto, mentiroso, analfabeto e alcoólatra, nosso ‘querido’ presidente é um verdadeiro grosso. E pensar que esse cara vai ficar mais quatro anos no poder...

Ao som do Nine Black Alps

HOMEM DE FERRO – EXTREMIS

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Inicialmente nem pensava em comprar essa minissérie, mas dei uma conferida na opinião de quem já leu pelos fóruns especializados, e como a maioria era bem positiva, resolvi arriscar, até porque tenho comprado pouca coisa da Marvel (acompanho apenas as mensais Demolidor e Marvel Millennium), e tava a fim de ler algo diferente. Então, num intervalo de uma semana adquiri todas as três edições.
Bem, conheço pouquíssimo do Homem de Ferro, pelo menos essa sua versão tradicional, já que sou leitor assíduo dos Supremos, no qual sua versão ultimate faz parte. Talvez essa tenha sido a primeira vez que leio uma aventura solo do personagem. A série do Homem de Ferro foi zerada (uma das muitas manias do editor Joe Quesada), e essas três edições trazem o arco Extremis, correspondente aos seis primeiros números americanos.
O roteiro ficou nas mãos de Warren Ellis, que, se não é brilhante como em seus trabalhos autorais, cria uma boa trama, onde o tal Extremis é um projeto que tenta seguir as metas do soro do supersoldado (aquele usado no Capitão América), mas que acaba caindo nas mãos erradas, causando destruição em alta escala. Sobra então para o Homem de Ferro, já que o projeto é criação de uma antiga amiga que lhe pede ajuda. Depois de levar um pau federal do sujeito que injetou o Extremis, Tony Stark (a identidade civil do herói) resolve injetar em si próprio uma versão alterada do mesmo produto, surgindo uma versão moderna do ferroso, que passa a ter mais controle sobre sua armadura, e aí sim procurar o criminoso para uma revanche. No meio de tudo isso, Stark questiona seu papel como empresário que cria armas usadas pelo exército americano e se isso realmente traz benefícios para a humanidade.
E tem a arte pintada de Adi Granov. E, meu deus, que arte! Belíssima, detalhista até o talo, e não sofre da falta de dinâmica que muitas vezes afeta esse tipo de desenho nas histórias em quadrinhos. Tony Stark, com a cara do Tom Cruise, que interpretaria o personagem numa eventual adaptação para as telonas, ficou perfeito, assim como todos os personagens. As cenas de ação também beiram a perfeição (os carros totalmente estragados devido a luta entre o herói e o vilão ficaram incríveis), sendo um complemento ideal ao roteiro de Ellis. Foi uma boa iniciação ao universo do Homem de Ferro.

segunda-feira, setembro 04, 2006

FALA QUE EU TE CHUPO

(antiga "Rápido e Rasteiro")

-Enquanto o mundo escuta Raconteurs e o underground brasileiro ferve, quem veio fazer show aqui onde moro? O Roupa Nova! De novo! Ô merda de cidade!
-Esse mês, além de ser do Nirvana, é o mês que tentarei ficar sem Coca-Cola. Para vocês verem, minha vida anda tão emocionante que eu fico inventando essas bobagens, hehehe.
-Ah, e setembro também é o mês do US Open. Tenho ficado em média umas 8 horas por dia em frente da telinha acompanhando os jogos. Mas vale muito a pena, como a partida do Agassi na quinta, que só foi acabar às 2 da manhã. O Agassi que perdeu hoje e se aposentou. E tem a Sharapova, claro!
-Batman Begins estreiou na HBO. Quinta vez que assisti, e contando. E continua ótimo.
-Segundo um dos colunistas do Fanboy (linkado ao lado entre os sites recomendados), a série Os Invisíveis, criação do maluco Grant Morrison para a Vertigo, voltará a sair no Brasil, desde o começo. Segundo a coluna, já está sendo feita a tradução e deve começar a ser publicada ainda este ano. Espero que seja verdade. Tenho as 16 edições publicadas pela falida Brainstore e é material de primeira.
-Falando em editora falida, tem uma que tá muito a fim de seguir o mesmo destino. É a Opera Graphica, que está lançando Jonah Hex: Showcase por, atenção, R$ 89,00! Os caras perderam totalmente a noção.
-Finalizando, uma coisinha que deixei passar: Monster, mangá da Conrad, agora é bimestral. Meu bolso agradece, mas é um intervalo grande entre uma edição e outra, até porque quando acabo de ler um número, quero logo o próximo.

domingo, setembro 03, 2006

TOP 20 – NIRVANA

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As vinte melhores músicas do Nirvana, na ordem de votação, segundo os leitores do semanário inglês NME:
01- Lithium (Nevermind)
02- All Apologies (In Utero)
03- Smells Like Teen Spirit (Nevermind)
04- Heart-Shaped Box (In Utero)
05- About A Girl (Bleach)
06- Pennyroyal Tea (In Utero)
07- Aneurysm (Incesticide)
08- Drain You (Nevermind)
09- You Know You’re Right (Nirvana, coletânia)
10- Radio Friendly Unit Shifter (In Utero)
11- Rape Me (In Utero)
12- Blew (Bleach)
13- Polly (Nevermind)
14- Lounge Act (Nevermind)
15- Milk It (In Utero)
16- Dive (Incesticide)
17- Where Did You Sleep Last Night (Unplugged In New York)
18- Frances Farmer Will Have Her Revenge On Seattle (In Utero)
19- Sliver (Incesticide)
20- Love Buzz (Bleach)
Como fã da banda, tudo deles para mim é nota 10, e fazer listas é sempre complicado, mas também incluiria nesta verdadeiros petardos sonoros como “Very Ape”, “On A Plain”, “Serve The Servants”, “Son Of A Gun” e “Sappy”, só para ficar em cinco.

CAIXA PRETA - COMO FOI O VÔO ACIDENTADO DO NIRVANA

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(texto extraído da Bizz # 105, abril de 1994)

20/02/67 – Kurt Cobain nasce em Aberdeen, estado de Washington
75 – Os pais de Kurt se separam. O fato deixa o cantor traumatizado, tornando-o uma criança tímida e bastante infeliz.
87 – Kurt Cobain conhece Chris Novoselic, e os dois montam o Nirvana, uma banda influenciada pelo punk rock e new wave.
88 – Os roqueiros assinam com a gravadora Sub Pop, de Seattle, e lançam o single “Love Buzz”.
89 – Gravam o disco Bleach, que custou míseros 600 dólares. Além de Cobain e Novoselic o disco, que foi produzido por Jack Endino, traz Chad Channing (bateria) e Jason Everman (guitarra). Bleach vende 30 mil cópias.
90 – Depois de fazer uma respeitável carreira pelo circuito alternativo, o Nirvana vai para uma grande gravadora (Geffen). Dave Grohl assume a bateria do grupo.
Setembro de 91 – Sai Nevermind, o disco que iria abalar as estruturas do mundo pop. Nevermind vende oito milhões de cópias, passando a frente de Michael Jackson, Guns N’ Roses e outras instituições pop.
Outubro de 91 – O Nirvana se apresenta em Seattle, num dos shows mais comentados do país. O grupo ganha fama de detonar os seus instrumentos no palco (principalmente Kurt).
Fevereiro de 92 – Cobain se casa com Courtney Love, vocalista da banda de rock Hole. “Valho seis milhões de dólares. Quer casar comigo, sua piranha?”, teria sido a declaração de amor do cantor. A união é vista com uma certa desconfiança, já que os dois são viciados de carteirinha.
Agosto de 92 – Nasce Frances Bean Cobain, filha do cantor e de Courtney. Kurt processa um jornal inglês que publica artigo que diz que a menina teria nascido viciada em heroína.
Dezembro de 92 – É lançada a coletânea Incesticide com faixas raras, covers e algumas coisas do começo da carreira do grupo.
Janeiro de 93 – O Nirvana se apresenta no Hollywood Rock, no Brasil. Durante as apresentações no Rio, Cobain cuspe na câmera da Globo (que transmitia o festival) e simula uma masturbação no palco. O Nirvana ainda surpreende com covers inusitadas de “We Will Rock You” (Queen), “Rio” (Duran Duran) e “Kids In America” (Kim Wilde).
Agosto de 93 – Durante uma discussão, Cobain enche Courtney Love de pancadas. Courtney vai à polícia, que acha diversas armas na casa do casal. A queixa é retirada.
Setembro de 93 – O Nirvana lança In Utero, disco produzido por Steve Albini e marcado por confusões entre o grupo e o produtor. Albini teria dito que o Nirvana suavizou o som de In Utero para parecer mais comercial. O próprio Cobain troca o nome do disco de última hora – se chamava I Hate Myself And I Want To Die (“eu me odeio e quero morrer”).
Março de 94 – Cobain entre em coma depois de ingerir altas doses do calmante Roypinol com champanhe. Os shows da turnê européia que o Nirvana faria são automaticamente cancelados.
Abril de 94 – O fim do Nirvana é anunciado. Seus integrantes dizem que só voltam à ativa depois que Cobain se livrar das drogas. Dias depois Kurt é encontrado morto em sua casa, em Seattle, Estados Unidos. Deixou um bilhete para a sua mulher, Courtney Love, explicando a razão do suicídio.

SETEMBRO JÁ TEM DONO!

Como ficou claro com as imagens aí do lado, esse mês será dedicado ao Nirvana, em comemoração ao 15º aniversário do clássico Nevermind. Já estou selecionando vários textos de diversas revistas (e aproveitando e tirando o excesso de pó nelas, hehehe), bolando alguns outros eu mesmo, caçando imagens pela web, pescando algumas frases ditas pelo Kurt Cobain, enfim, vai ter muita coisa. Além dos posts sobre o Nirvana, também teremos aqueles textos de sempre, sobre gibis e tal. Mas a série sobre os discos de 1991 sofrerá uma pausa (exceção ao texto sobre Nevermind, claro!), voltando em outubro, destacando discos do U2 e Red Hot Chili Peppers. Acho que é só. Espero que curtam.