Finalmente chegou a hora. Confesso que vinha adiando isso há um tempo, me achando indigno da tarefa, incapaz de escrever algo que preste sobre o disco que mudou tudo. Mas resolvi encarar, apesar de não ter resolvido meus problemas de confiança. Mas seja como for, vamos lá. Ao capítulo dos discos lançados em 1991 dedicado à Nevermind, do Nirvana. Antes de tudo, devo dizer que este álbum é o responsável por tudo. Por eu me apaixonar pelo mundo rock ‘n roll e estar nesta estrada há mais de 13 anos. Por buscar novidades na música até hoje, apesar de achar que nunca mais haverá uma época como aquela. Por me interessar por tudo que pode ser classificado como alternativo, seja música, filme, gibi ou série de tv. E por, de certa maneira, existir esse blog, e ainda ter algo a dizer toda semana.
O ano era 1991. Não tínhamos Internet, só tinha acesso a 4 canais de tv (nada de MTV), as emissoras de rádio já não cumpriam sua tarefa primordial (trazer novidades) e os discos não eram tão fáceis de ser encontrados. Já lia a Bizz, que todo mês vinha lotada de matérias sobre bandas que nunca tinha ouvido falar, e eu não tinha como ouvi-las (não havia Internet para baixar mp3, lembram?), e mesmo assim Nevermind só mereceu destaque no ano seguinte. As poucas novidades que acabava conhecendo era por meio do Kliptonita, programa de clipes da Record. E foi exatamente assistindo-o que ouvi (e vi) pela primeira vez “Smells Like Teen Spirit”. Mesmo sendo mais fã de dance music, não fiquei imune àquela sensação de que estava ouvindo algo realmente bom. Não me tornei um roqueiro naquele momento, claro, mas uma semente estava plantada dentro de mim, esperando crescer. Depois veio o clipe de “Come As You Are”, “Lithium” e “In Bloom”, e estava certo que o Nirvana não seria apenas mais uma espécie de “one hit wonder”. As emissoras de rádio local (lembrem que moro numa cidade no interior da Paraíba) começaram a tocar em alta rotação os sons de Nevermind, para minha surpresa. Lembro que quase consegui gravar o álbum inteiro só com o que rolava no rádio.
Nevermind começou a surgir em abril de 1990, quando a banda gravou sete músicas com o produtor Butch Vig. Eram elas “In Bloom”, “Dive”, Lithium”, “Breed” (ainda chamada “Imodium” na época), “Stay Away” (que também tinha outro nome, “Pay To Play”), “Sappy” e “Polly”. A sessão que gerou estas canções tinha o propósito original de ser usada para o segundo álbum da banda para a Sub Pop, mas a saída do baterista Chad Channing e a possibilidade de ir para uma gravadora maior mudaram os planos. Apenas a versão de “Polly” gravada naquela sessão foi aproveitada e acabou no disco (dá para notar que ela tem uma sonoridade diferente do resto do CD).
Em setembro daquele mesmo ano chega o novo baterista, Dave Grohl, que vinha da banda Scream. Kurt Cobain ficou tão impressionado com o rapaz que ligou para Vig para dizer que eles encontraram o melhor baterista do mundo. Com o trio formado, eles começaram a ensaiar as novas músicas durante 15 horas por dia, num período de 4 ou 5 meses, e muito do que foi criado nesse tempo ficou perdido para sempre, porque ou eles não gravavam (e acabavam esquecendo depois) ou eles gravavam e perdiam a fita.
Com o sonhado contrato com uma major, a Geffen Records, assinado em abril de 1991, o grupo parte para Los Angeles para começar as gravações de Nevermind. Novamente Butch Vig é chamado. Eles começam com uma pré-produção que dura três dias, o bastante para uma banda que já tinha ensaiado mais que o necessário. Então eles vão para o Sound City Studios começar as gravações em si. Lá, os trabalhos costumavam iniciar ao meio dia e seguiam até meia noite ou mais. Depois de gravarem as bases no estúdio A, foram para o estúdio B, menor, onde adicionaram as guitarras-base, Grohl fez os backing vocals e Kurt começou a trabalhar mais sua voz. Com a impaciência de Kurt em relação aos repetitivos takes, Vig começou a gravar também o aquecimento vocal, e o produtor pegou vários pedaços de takes diferentes para a versão final. Eles acabaram ficando 16 dias no Sound City, partindo depois para o Devonshire Studios, onde completaram os overdubs, gravaram a parte do cello de “Something In The Way” e fizeram uma mixagem preliminar.
Gravação pronta, era hora da mixagem final, a cargo de Andy Wallace, escolhido por Kurt após ver que o Slayer estava entre os trabalhos anteriores do cara. Mas no final, Kurt acabou reclamando do resultado, dizendo que o disco soava mais como Mötley Crue do que um disco punk, mas possivelmente isso só era uma reação ao sucesso que o álbum teve. Custo de tudo isso: cerca de 130 mil dólares, bem mais que os R$ 600 gastos em Bleach, a estréia da banda.
Com o lado musical pronto, faltava a capa. Kurt queria a imagem de uma mulher dando a luz embaixo d’água que ele tinha visto num documentário, mas não conseguiram a liberação da mesma. Então veio a idéia do bebê, também embaixo d’água, tentando alcançar a nota de um dólar em um gancho. Numa eleição recente da Bizz, a capa ficou com a 6ª posição entre as melhores de todos os tempos.
Finalmente, em 24 de setembro de 1991, Nevermind é lançado, com uma tiragem pequena. Com o interesse crescente, a Geffen trata logo de fazer mais e mais cópias do disco, que atinge a marca dos 500 mil exemplares vendidos já em outubro. Em novembro o disco já está entre os 10 mais. Em dois meses já são 1,2 milhões de cópias vendidas. Em janeiro de 1992, chega ao topo da parada, desbancando Michael Jackson e seu Dangerous, passando da casa dos 2 milhões. Um novo capítulo da história do rock estava sendo escrito, e mesmo do buraco onde vivo, posso dizer que eu vivi aquele período mágico. E tenho certeza que estarei ouvindo Nevermind até o fim dos meus dias.
O que a mídia especializada disse:
O ano era 1991. Não tínhamos Internet, só tinha acesso a 4 canais de tv (nada de MTV), as emissoras de rádio já não cumpriam sua tarefa primordial (trazer novidades) e os discos não eram tão fáceis de ser encontrados. Já lia a Bizz, que todo mês vinha lotada de matérias sobre bandas que nunca tinha ouvido falar, e eu não tinha como ouvi-las (não havia Internet para baixar mp3, lembram?), e mesmo assim Nevermind só mereceu destaque no ano seguinte. As poucas novidades que acabava conhecendo era por meio do Kliptonita, programa de clipes da Record. E foi exatamente assistindo-o que ouvi (e vi) pela primeira vez “Smells Like Teen Spirit”. Mesmo sendo mais fã de dance music, não fiquei imune àquela sensação de que estava ouvindo algo realmente bom. Não me tornei um roqueiro naquele momento, claro, mas uma semente estava plantada dentro de mim, esperando crescer. Depois veio o clipe de “Come As You Are”, “Lithium” e “In Bloom”, e estava certo que o Nirvana não seria apenas mais uma espécie de “one hit wonder”. As emissoras de rádio local (lembrem que moro numa cidade no interior da Paraíba) começaram a tocar em alta rotação os sons de Nevermind, para minha surpresa. Lembro que quase consegui gravar o álbum inteiro só com o que rolava no rádio.
Nevermind começou a surgir em abril de 1990, quando a banda gravou sete músicas com o produtor Butch Vig. Eram elas “In Bloom”, “Dive”, Lithium”, “Breed” (ainda chamada “Imodium” na época), “Stay Away” (que também tinha outro nome, “Pay To Play”), “Sappy” e “Polly”. A sessão que gerou estas canções tinha o propósito original de ser usada para o segundo álbum da banda para a Sub Pop, mas a saída do baterista Chad Channing e a possibilidade de ir para uma gravadora maior mudaram os planos. Apenas a versão de “Polly” gravada naquela sessão foi aproveitada e acabou no disco (dá para notar que ela tem uma sonoridade diferente do resto do CD).
Em setembro daquele mesmo ano chega o novo baterista, Dave Grohl, que vinha da banda Scream. Kurt Cobain ficou tão impressionado com o rapaz que ligou para Vig para dizer que eles encontraram o melhor baterista do mundo. Com o trio formado, eles começaram a ensaiar as novas músicas durante 15 horas por dia, num período de 4 ou 5 meses, e muito do que foi criado nesse tempo ficou perdido para sempre, porque ou eles não gravavam (e acabavam esquecendo depois) ou eles gravavam e perdiam a fita.
Com o sonhado contrato com uma major, a Geffen Records, assinado em abril de 1991, o grupo parte para Los Angeles para começar as gravações de Nevermind. Novamente Butch Vig é chamado. Eles começam com uma pré-produção que dura três dias, o bastante para uma banda que já tinha ensaiado mais que o necessário. Então eles vão para o Sound City Studios começar as gravações em si. Lá, os trabalhos costumavam iniciar ao meio dia e seguiam até meia noite ou mais. Depois de gravarem as bases no estúdio A, foram para o estúdio B, menor, onde adicionaram as guitarras-base, Grohl fez os backing vocals e Kurt começou a trabalhar mais sua voz. Com a impaciência de Kurt em relação aos repetitivos takes, Vig começou a gravar também o aquecimento vocal, e o produtor pegou vários pedaços de takes diferentes para a versão final. Eles acabaram ficando 16 dias no Sound City, partindo depois para o Devonshire Studios, onde completaram os overdubs, gravaram a parte do cello de “Something In The Way” e fizeram uma mixagem preliminar.
Gravação pronta, era hora da mixagem final, a cargo de Andy Wallace, escolhido por Kurt após ver que o Slayer estava entre os trabalhos anteriores do cara. Mas no final, Kurt acabou reclamando do resultado, dizendo que o disco soava mais como Mötley Crue do que um disco punk, mas possivelmente isso só era uma reação ao sucesso que o álbum teve. Custo de tudo isso: cerca de 130 mil dólares, bem mais que os R$ 600 gastos em Bleach, a estréia da banda.
Com o lado musical pronto, faltava a capa. Kurt queria a imagem de uma mulher dando a luz embaixo d’água que ele tinha visto num documentário, mas não conseguiram a liberação da mesma. Então veio a idéia do bebê, também embaixo d’água, tentando alcançar a nota de um dólar em um gancho. Numa eleição recente da Bizz, a capa ficou com a 6ª posição entre as melhores de todos os tempos.
Finalmente, em 24 de setembro de 1991, Nevermind é lançado, com uma tiragem pequena. Com o interesse crescente, a Geffen trata logo de fazer mais e mais cópias do disco, que atinge a marca dos 500 mil exemplares vendidos já em outubro. Em novembro o disco já está entre os 10 mais. Em dois meses já são 1,2 milhões de cópias vendidas. Em janeiro de 1992, chega ao topo da parada, desbancando Michael Jackson e seu Dangerous, passando da casa dos 2 milhões. Um novo capítulo da história do rock estava sendo escrito, e mesmo do buraco onde vivo, posso dizer que eu vivi aquele período mágico. E tenho certeza que estarei ouvindo Nevermind até o fim dos meus dias.
O que a mídia especializada disse:
“Vale a pena desembolsar aquela suada bufunfa para comprar Nevermind? (...) Vale vale vale. Compre três, dê um para o seu amor e outro para o seu melhor amigo. (...) A década de 90 já tem seus Dead Kennedys – e desta vez, eles estão no topo das paradas.” (Bizz; texto completo em breve)
“O Nirvana fez um LP que não só é melhor que qualquer coisa que fizeram antes, como será uma nova referência para as gerações futuras.” (NME)
“Nevermind mostra um coração pop cheio de adrenalina e um material incomparavelmente superior (comparado a Bleach), capturado com clareza extraordinária pelo produtor Butch Vig.” (Rolling Stone)
6 comentários:
Oiee.. eu sou a srtá the cure do bate papo.. tah muito loko seu blog
bjuuuu
Discão. Clássico.
Eu nunca escutei muito Nirvana, nunca fez muito meu estilo. Mas esse disco é inegavelmente um verdadeiro marco na história do rock.
Tenho um Nevermind pirataço que eu comprava na Sweet Jane, uma "lodjinha" no melhor estilo "Nick Hornbyano" da palavra. Era um cara que viajava muito para o exterior e trazia umas novidades desse naipe.
Lembro que o cara fez muita força para eu levar aquele cdzinho, mas quando eu escutei foi um divisor de águas.
Lembro de ver também Smells Like Teen Spirit com cores saturadas no Kliptonita. Mas acho que já tinha MTV nessa época, se eu não me engano...
Bom, não sei se você já leu, mas é uma boa pedida. Heavier Than Heaven, uma puta bio de Kurt Cobain e cia, recomendadíssimo!
Eu acho esse disco do caralho, mas, me incomoda muito o endeusamento a Kurt Cobain, um ídolo superestimado, na minha opinião.
Reginaldo, eu tenho o Mais Pesado Que o Céu. Muito bom! Quanto a existir MTV na época, não sei, mas aqui em casa não tinha.
Marlo, como sempre diz o Lucio Ribeiro, o Nirvana foi meu Beatles, e o Kurt era um gênio, mas esse eudeusamente é normal p/ um cara q morreu cedo (será q o Jim Morrison seria o q é hj se tivesse vivo?!).
Boby, ouça mais, vc vai gostar.
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