sexta-feira, outubro 01, 2010

IGGY AND THE STOOGES – RAW POWER (ED. LEGACY)

(texto extraído da Billboard # 10, julho de 2010; autoria de Pedro Só)

Fundamental para o punk rock de Pistols e Clash, este disco está desde 1973 fazendo inimigos e influenciando pessoas. Apesar dos riffs anfetamínicos de James Williamson e das canções geniais de Iggy, o som do álbum sempre foi gongado. Por deixar submersa a cozinha de Ron e Scott Asheton, pela falta de graves e cagadas técnicas variadas. O vilão? David Bowie, que teve três dias para fazer a mixagem do terceiro disco de seus então protegidos. Iggy, que havia se metido a produzir sem saber, posou de vítima depois. Em 1991, Bowie explanou: “Dos 24 canais, só três foram usados. Tinha a banda em um, guitarra em outro, voz em outro. Iggy me pediu: ‘Vê o que você consegue fazer aí’. ‘Cara, não tem nada pra mixar aqui’, eu disse”.

Naquele 1991, Raw Power (força crua) foi relançado em CD com remasterização porca e um arroto a menos. Versão semipirata e podrona, Rough Power viria em 1993, alardeando ser “Bowie-free”. Até que em 1997 Iggy teve a chance de fazer a sua remixagem: deixou tudo no vermelho, com mais peso e distorção, ao gosto pós-grunge. Mas foi só a Sony tirar do mercado o álbum com a mixagem original, que começou a viuveira. Aquela versão “defeituosa” é que tinha enlouquecido gerações de fãs...

Por isso esta nova edição, que soma os velhos e adoráveis defeitos a um disco-bônus gravado ao vivo em 1973, Georgia Peaches. Nele, com som superior ao dos piratas da banda, se ouve mais piano que a guitarra. Talvez por isso, suas delícias são o blues “I Need Somebody” e o boogie chulo “Cock in my Pocket”, sobre um michê recém-chegado a Londres.

Nenhum comentário: