RADIOHEAD – THE BENDS (EMI)
O Radiohead conseguiu um sucesso na América que ingleses como Blur, Oasis e Elastica dariam sua coleção de capas da Melody Maker para ter. “Creep”, do primeiro álbum (Pablo Honey), foi hit de verdade: MTV, Billboard, o escambau. É difícil prever se a história se repetirá com esse disco porque o mercado americano não é mesmo de dar muitas chances a essas bandas inglesas. Mas eles bem que mereciam porque permaneceram consistentes na qualidade e o vocalista Thom E. Yorke é uma estrela nata, do visual ao carisma. Uma das coisas que fazem The Bends ser tão bom de ouvir é a harmonia perfeita entre barulho e quietude (poderíamos chamar isso de uma fórmula “Creep”?). A música sabe quando tem que ficar quieta para reforçar um momento, digamos, de súplica tristonha (“High & Dry”) e sabe subir o volume para soar desesperadamente angustiada/irada/etc. (“Bones” ou “Just”). Além desse instrumental impecável (guitarras empapadas em phaser, dedilhados belíssimos, eletrônica sutil), a voz de Yorke quase nunca cai na tentação do teatral excessivo (um vício inglês inventado por Bowie que, dependendo de quem usa, pode ir do ridículo ao inspirado). O Radiohead consegue compilar as melhores coisas que o rock inglês já inventou e evitar todos os clichês que queimaram seu filme (aliás “My Iron Long” tem um riff que é puro Echo & The Bunnymen). O Radiohead merece dinheiro, presentes, drogas e sexo de boa qualidade por ter conseguido uma proeza: fazer rock hiper-sensível sem frescuras (alô Smashing Pumpkins, podem se aposentar já!).
Texto de autoria de Camilo Rocha, e publicado originalmente na revista General # 12, em algum mês de 1995.
Texto de autoria de Camilo Rocha, e publicado originalmente na revista General # 12, em algum mês de 1995.
Um comentário:
Discão.
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