terça-feira, novembro 15, 2005

LED ZEPPELIN – REMASTERS (Atlantic/Wea)
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Hipótese A: você tem mais de 25 anos e passou metade da década de 70 com o cabelo nos ombros e desenhando cogumelos no fundo dos cadernos. Então esqueça a coletânea tripla do Led Zeppelin, com clássicos remasterizados pelo guitarrista da banda, Jimmy Page. A edição brasileira não tem nada de novo. Melhor trocar sua coleção caidaça do Zed por CDs.
Mas se você chegou agora há pouco e acha que os Guns N’ Roses são a melhor banda heavy – ou simplesmente não tem grana para comprar o catálogo completo do Zed – , Remasters veio de encomenda. São 24 músicas pinçadas por Page entre as 80 gravadas pela banda em nove discos, nos seus doze anos de carreira. É a melhor enciclopédia de heavy metal para quem está começando a curtir som pesado agora. E mesmo que você odeie “Stairway To Heaven”, compre. Este álbum liquída os preconceitos de quem pensa que não gosta de heavy (se pergunte, meu caro: como alguém inteligente pode desprezar um gênero inteiro?).
Para fazer a seleção, Page elegeu dois eixos principais: entraram músicas que viraram grandes hits e aquelas que ele considerou mais experimentais. Do primeiro tipo, foram as complementares “Communication Breakdown”, “Dazed And Confused” e “Baby, I’m Gonna Leave You” (do LP de estréia), “Whola Lotta Love” (do segundo disco, na qual Robert Plant promete te dar cada polegada de seu “amor”), a bela “Since I’ve Been Loving You” (do terceiro LP), “Black Dog”, “Rock N’ Roll” (yeah!) e “Stairway To Heaven” (do quarto disco) e “All My Love” (de In Through The Out Door).
Entre as experimentais (ou “viajantes”, como se dizia no meu tempo) estão a maravilhosa “Kashmir” – que Robert Plant considera a melhor música do Zed – , a wagneriana “Immigrant Song”, “Trampled Underfoot” e “Achilles Last Stand” (mais de dez minutos de delírios sinfônico-guitarrísticos que provam pela centésima vez o talento de arranjador de Page, com a preciosa colaboração de John Paul Jones). O trabalho de remasterização foi feito por Page e o produtor George Marino, durante o mês de maio de 90. Foram necessárias mais de trezentas horas no estúdio Sterling Sound, em Nova York. O produto final foi lançado nos EUA em dois formatos: uma caixa com dois e outra com quatro CDs.
O problema é que a edição nacional é baseada na européia, um algum triplo em vinil. O capricho remasterizador de Page praticamente desaparece nesta versão que não “capta” as limpezas eletrônicas feitas nas faixas. O canal mesmo para os fãs do grupo é a caixa quádrupla em CD americana, com cinqüenta músicas. Esta sim, é para profissionais: o som é ótimo e inclui raridades como “Travelling Riverside Blues” (um puta blues caipira gravado em 69, para um programa de rádio, e que a MTV não pára de passar), “Hey, Hey, What Can I Do?” (um lado b do arco-da-velha) e um mix de “White Summer” com “Black Mountain Side”, ao vivo. Mas, mesmo a versão ianque deixa a desejar: não traz vários clássicos, entre eles “Living Loving Maid”, “You Shook Me” (grande música para transar) e “Dancing Days”. Mesmo assim foi a caixa mais vendida na temporada de Natal passada nos EUA, enfrentando medalhões como Roy Orbison, Jimi Hendrix, Marvin Gaye e Robert Johnson.
Mas não quero espantar ninguém de comprar o disco brasileiro, que é bem prensadinho e tem uma capa caprichada. Se você tem CD e puder descolar a caixa quádrupla, genial. Se não puder, grave de alguém. Se não conseguir, não vacile: compre a versão brazuca mesmo, que é uma coletânea respeitabilíssima. Afinal, esta revista não é feita para hippies velhos que sabem de cor a letra de “Since I’ve Been Loving You” (“Working from seven to eleven, every night... I don’t think that’s right”...).

(Texto de autoria de André Forastieri, publicado na Bizz #70, em maio de 1991)

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma amiga minha que tem LED ZEPPELIN – REMASTERS me emprestou o CD. CHAPEI!