PATO FU - RUÍDO ROSA (BMG)
Vou aplicar aqui o paradoxo do sábio Eduardo Portela (presidente da Fundação Biblioteca Nacional) quando declarou, lá pelos anos 80, que não “era” governo, mas “estava” governo. Confesso que não sou, mas estou “Fu”. Sim, daqui do meu Rio (o aparelho), ouço em MP3 o sexto CD em nove anos de carreira na banda belo-horizontina Pato Fu – calma, BMG, copiei o CD só para ouvir com os meus botões! Estar “Fu” é um privilégio porque o novo disco diverte e ilustra... É um álbum gostosinho e pop mesmo, sem abdicar do QI superior.
Fato notável é que o Pato Fu agora passa por um período de reciclagem. A banda liderada pelo guitarrista e compositor John está menos Pizzicato Five e mais alguma coisa como vanguarda nova-iorquina e som alternativo britânico, passando por psicodelismos neo-Mutantes.
Scratches, loops e grooves formam a fechadura pela qual podemos espiar o modus operandi do quarteto nas 13 faixas de Ruído Rosa. O barulhinho bom fica por conta do produtor Clive Goddard, que já enxertou efeitos em Pulp e Moby. Ele trabalhou num estúdio famoso de Londres (o Strongroom) e mandou de lá eflúvios que grudaram no CD como mel na mosca.
O disco é pontilhado por bons arranjos eletroeletrônicos e, sobretudo, pelo sopranismo preciso da vocalista Fernanda Takai, uma verdadeira Mário Reis (sambista da velha-guarda) da geração anos 90. Como o fundador da bossa no canto, La Takai fere a nota e emociona em canções como o rock “Eu” (dos gaúchos Frank Jorge e Marcelo Birck – veja só, a copa Sul-Minas apenas expressa uma velha associação; basta ouvir Beto Guedes e Kleiton & Kledir...), o samba “Tribunal De Causas Realmente Pequenas” e os baladões “Ninguém” e “E O Vento Levou...”. Há episódios de paródias, como no rock-Mamonas “Sorria, Você Está Sendo Filmado” e no embalo experimental “Day After Day”, com participação dos ex-Mulheres Negras André Abujamra e Maurício Pereira e o engraçado inglês de Fernanda.
A junção de gostosura e inteligência é tão rara no chamado pop nacional que Ruído Rosa deve ser celebrado como inauguração de uma fase risonha na historia da república. Estejamos todos “Fus” neste momento crucial. Quem só tem carne no coração (como diz Fernanda a certa altura do CD) precisa ouvir e se deliciar com esses mineirinhos geniais.
(Texto de autoria de Luís Antônio Giron, publicado na Bizz #190, de maio de 2001)
Fato notável é que o Pato Fu agora passa por um período de reciclagem. A banda liderada pelo guitarrista e compositor John está menos Pizzicato Five e mais alguma coisa como vanguarda nova-iorquina e som alternativo britânico, passando por psicodelismos neo-Mutantes.
Scratches, loops e grooves formam a fechadura pela qual podemos espiar o modus operandi do quarteto nas 13 faixas de Ruído Rosa. O barulhinho bom fica por conta do produtor Clive Goddard, que já enxertou efeitos em Pulp e Moby. Ele trabalhou num estúdio famoso de Londres (o Strongroom) e mandou de lá eflúvios que grudaram no CD como mel na mosca.
O disco é pontilhado por bons arranjos eletroeletrônicos e, sobretudo, pelo sopranismo preciso da vocalista Fernanda Takai, uma verdadeira Mário Reis (sambista da velha-guarda) da geração anos 90. Como o fundador da bossa no canto, La Takai fere a nota e emociona em canções como o rock “Eu” (dos gaúchos Frank Jorge e Marcelo Birck – veja só, a copa Sul-Minas apenas expressa uma velha associação; basta ouvir Beto Guedes e Kleiton & Kledir...), o samba “Tribunal De Causas Realmente Pequenas” e os baladões “Ninguém” e “E O Vento Levou...”. Há episódios de paródias, como no rock-Mamonas “Sorria, Você Está Sendo Filmado” e no embalo experimental “Day After Day”, com participação dos ex-Mulheres Negras André Abujamra e Maurício Pereira e o engraçado inglês de Fernanda.
A junção de gostosura e inteligência é tão rara no chamado pop nacional que Ruído Rosa deve ser celebrado como inauguração de uma fase risonha na historia da república. Estejamos todos “Fus” neste momento crucial. Quem só tem carne no coração (como diz Fernanda a certa altura do CD) precisa ouvir e se deliciar com esses mineirinhos geniais.
(Texto de autoria de Luís Antônio Giron, publicado na Bizz #190, de maio de 2001)
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