sábado, novembro 26, 2005

SUPERGRASS – I SHOULD COCO (Parlophone/EMI)
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Lá pelo meio da audição do CD I Should Coco, do grupo inglês Supergrass, peguei o pequeno encarte para me certificar de que o disco havia sido lançado em 1995 mesmo, e não em 1980. Explico: o som do Supergrass não tem nada de moderno, nada de atual... Uma benção! Com tanta chatice no pop atual, buscar influências no punk dos anos 80 parece ser uma ótima idéia. O Supergrass faz um punk-pop animado e não esconde sua maior influência: o Buzzcocks. Aliás, “influência” é pouco para descrever o impacto que o supergrupo de Pete Shelley parece ter tido no Supergrass – “adoração” parece ser mais adequado. I Should Coco é Buzzlocks da cabeça aos pés. Dos riffs de guitarra pegajosos aos refrões assobiáveis, passando pela voz do cantor – imitação competente do canto esganiçado de Pete Shelley – tudo cheira a Buzzcocks. Ouça a introdução da faixa “Alright” e veja se não é uma cópia descarada do clássico buzzcockiano “Noise Annoys”. Pergunto: qual o problema de fazer um som derivativo? Não há mal nenhum em copiar alguém, especialmente quando esse alguém é o Buzzcocks, uma das melhores bandas que já existiram nesse planeta sonolento.
Como o próprio Buzzcocks chupou tudo que sabia dos grupos da Invasão Britânica dos anos 60, como Kinks e Troggs, é natural que o Supergrass também soe um pouco como esses veteranos da distorção. Ponto para eles. I Should Coco é, como diz o pensador Fernando Vanucci, “simplezinho mais bonitinho”. Não vai mudar o mundo, mas com certeza pode torná-lo um pouco mais divertido.

(Texto de autoria de André Barcinski, e publicado na revista General # 16, em 1995)

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