É difícil de acreditar mas eles vieram mesmo. Podíamos esperar qualquer outra banda, menos aquela que está em primeiro lugar entre as melhores de thrash no mundo. Com todos os seus quatro LPs lançados aqui, o público de som pesado sonhava vê-los pelo menos desde 84. Os boatos se concretizaram e o Metallica chegou ao Brasil para o epílogo da turnê... And Justice for All, depois de mais de 250 shows por todo o planeta.
Até o pessoal do interior veio em massa. Filas gigantescas e muita expectativa era o que se via por toda a parte. Infelizmente, parte do cenário original não veio: a estatua da justiça, marca registrada da turnê que, como a bateria, deveria ser desmontada no decorrer do show. Lá estavam apenas o pano de fundo e alguns degraus no palco, parte das ruínas romanas que compõem o clima do espetáculo. No Brasil, nada como deve ser, embora isso não parecesse importar muito à platéia. Exatamente as nove e meia (o show estava marcado para as nove horas), as luzes do ginásio do Ibirapuera se apagaram levando todos aos berros, contidos na espera.
Lars Ulrich surge atrás da bateria apontando para cima, enquanto James Hetfield instiga a platéia a loucura com os riffs de "Blackened". Foi brilhante: a presença deles no palco é tribal, ao mesmo tempo que transborda profissionalismo. Kirk Hammett corre de um lado para o outro do palco, revezando posições com o baixista Jason Newsted. Todos se vestem de preto e Hetfield exibe a cabeça recem-raspada dos lados e bigodes ruivos, combinando muito bem com sua performance agressiva e imponente. Ao término da segunda canção todos saem deixando Jason só, embarcando num solo de baixo carregado de delay, distorção e pedal de volume. Ele é bem aplaudido, mas deixa no ar certa saudade do falecido Cliff Burton.
Quando a banda retorna, Kirk esta empunhando uma Gibson Les Paul, fato inédito. O público canta junto todas as músicas e a troca de energia atinge seu máximo em "Fade to Black" e "Master of Puppets" Impossibilitado de subir ao palco pela forte proteção, o pessoal tem de se contentar com os banhos de cerveja atirados por Hetfield entre uma música e outra. Por mais uma hora, somos presenteados com milhões de decibéis até que a banda se retira sob o coro uníssono pedindo bis.
As luzes se apagam no ambiente e se inicia um play-back com som de bombas e metralhadoras, até eles retornarem com "One". Nem o publico nem a banda parecem cansados. Kirk detona um excelente solo de guitarra com a Stratocaster para que tudo se encaixasse perfeitamente, com bastante wah wah e um trecho de "Little Wing" de Jimi Hendrix, que mostraram o que aprendeu nas aulas com Joe Satriani. Do cacete! Mas eles acabam voltando para um novo set, desta vez com mais clima de final de show´. Tocam "Blitzkrieg" e "Am I Evil" do Diamond Head com os instrumentos invertidos - Hetfield na batera e Lars encarnando Bruce Dickinson nos vocais. É uma jam memorável. Com "Last Caress", do Misfits, o ginásio quase veio abaixo. Pelo público, eles tocariam a noite inteira, mas eles encerram com "Bread Fun", para tristeza geral.
(Ao Vivo, Bizz #53, dezembro de 1989; texto de autoria de Marcos Campolim)
Até o pessoal do interior veio em massa. Filas gigantescas e muita expectativa era o que se via por toda a parte. Infelizmente, parte do cenário original não veio: a estatua da justiça, marca registrada da turnê que, como a bateria, deveria ser desmontada no decorrer do show. Lá estavam apenas o pano de fundo e alguns degraus no palco, parte das ruínas romanas que compõem o clima do espetáculo. No Brasil, nada como deve ser, embora isso não parecesse importar muito à platéia. Exatamente as nove e meia (o show estava marcado para as nove horas), as luzes do ginásio do Ibirapuera se apagaram levando todos aos berros, contidos na espera.
Lars Ulrich surge atrás da bateria apontando para cima, enquanto James Hetfield instiga a platéia a loucura com os riffs de "Blackened". Foi brilhante: a presença deles no palco é tribal, ao mesmo tempo que transborda profissionalismo. Kirk Hammett corre de um lado para o outro do palco, revezando posições com o baixista Jason Newsted. Todos se vestem de preto e Hetfield exibe a cabeça recem-raspada dos lados e bigodes ruivos, combinando muito bem com sua performance agressiva e imponente. Ao término da segunda canção todos saem deixando Jason só, embarcando num solo de baixo carregado de delay, distorção e pedal de volume. Ele é bem aplaudido, mas deixa no ar certa saudade do falecido Cliff Burton.
Quando a banda retorna, Kirk esta empunhando uma Gibson Les Paul, fato inédito. O público canta junto todas as músicas e a troca de energia atinge seu máximo em "Fade to Black" e "Master of Puppets" Impossibilitado de subir ao palco pela forte proteção, o pessoal tem de se contentar com os banhos de cerveja atirados por Hetfield entre uma música e outra. Por mais uma hora, somos presenteados com milhões de decibéis até que a banda se retira sob o coro uníssono pedindo bis.
As luzes se apagam no ambiente e se inicia um play-back com som de bombas e metralhadoras, até eles retornarem com "One". Nem o publico nem a banda parecem cansados. Kirk detona um excelente solo de guitarra com a Stratocaster para que tudo se encaixasse perfeitamente, com bastante wah wah e um trecho de "Little Wing" de Jimi Hendrix, que mostraram o que aprendeu nas aulas com Joe Satriani. Do cacete! Mas eles acabam voltando para um novo set, desta vez com mais clima de final de show´. Tocam "Blitzkrieg" e "Am I Evil" do Diamond Head com os instrumentos invertidos - Hetfield na batera e Lars encarnando Bruce Dickinson nos vocais. É uma jam memorável. Com "Last Caress", do Misfits, o ginásio quase veio abaixo. Pelo público, eles tocariam a noite inteira, mas eles encerram com "Bread Fun", para tristeza geral.
(Ao Vivo, Bizz #53, dezembro de 1989; texto de autoria de Marcos Campolim)