quarta-feira, agosto 13, 2008

METALLICA - ...AND JUSTICE FOR ALL

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É o sétimo trabalho do Metallica (se contarmos os três LPs e os três EPs anteriores), banda tida como uma das mais fortes criações power-Trash (e derivados) vindas do oeste americano. Um petardo duplo, nove longos temas com muita garra e apuro. Nada de truques, concessões ao comercialismo ou muita pretensão.
Se, no LP anterior, Master of Puppets, a banda atacava traficantes e as ilusões da vida rock, aqui as letras debocham dos poderes existentes como já pode ser notado logo na capa onde Dona Justiça aparece toda atada e sendo arrancada de seu pedestal, enquanto muito dinheiro despenca da sua balança. A mentira, a hipocrisia e a descrença podem levar a humanidade ao fim na poderosa "Blackened". Na faixa título (e em quase todo conteúdo do álbum) a Justiça tarda e falha para os mais fracos ou sem poderes. A desonra e a discriminação estão em "The Shortest Straw". "Dyers Eve" aborda as censuras por que passa uma pessoa para ser moldada conforme quer uma sociedade, enquanto "One" é o melhor momento instrumental do álbum.
O falecido baixista Cliff Burton fez a letra de "To Live Is To Die" talvez prevendo o que lhe aconteceria. E assim, tema por tema, a banda trata de uma vivência agressiva e o som imposto pelo quarteto não deixa por menos, é tão agressivo quanto ela. Lars Ulrich está muito bem nos bumbos, com uma porrada firme, viradas e contra tempos precisos; Kirk Hemmett distorce, força e recorta os andamentos com seus solos de guitarra, sem se preocupar com rapidez ou com estilos predeterminados. Hetfield tem muito feeling em suas interpretações arrancadas do fundo da garganta de forma original para o tipo de letras que ele mesmo compõe (quase todas) para o grupo. Apenas o trabalho do baixista Newsted aparece menos, o que não diminui em nada a eficiência da banda.
Enfim, nada de comercialismo num LP tido como o menos acessível de sua carreira, mas que os leva cada vez mais perto do que pretendem. Os bangers deverão ouvir muito porque a peteca não caiu, o sucesso não lhes subiu à cabeça apesar dos problemas por que têm passado. Nada parece, por enquanto, derrubar o Metallica. Ainda bem.

(Discos, Bizz # 49, agosto de 1989; texto de autoria de Leopoldo Rey)