O que já vinha se desenhando há algumas semanas se confirmou, e foi anunciado que a Bizz mais uma vez foi descontinuada pela Editora Abril, devido novamente às vendas baixas. As pistas que isso iria realmente acontecer estavam sempre presentes desde sua volta, pouco menos de dois anos atrás. Sua constante mudança de formato (um mês vinha grampeada, no seguinte ela apresentava lombada quadrada, a troca do papel do miolo), mudanças na linha editorial (a última há três meses, que apesar de ter selado o destino da publicação, pelo menos em minha opinião tinha alcançado o ideal), não haver um sistema de assinaturas (ao contrário de quase todas as revistas da Abril), e, na edição desse mês de julho, a saída do editor Ricardo Alexandre, tudo isso junto deixava aquela pulga atrás da orelha dos leitores.
E todo esse pressentimento foi confirmado, primeiro no blog do Lucio Ribeiro, e depois no blog do Paulo Terron, ambos colaboradores da revista, no último fim de semana. As possíveis razões para o fracasso dessa nova encarnação da Bizz são várias, e todos têm uma opinião sobre o assunto na comunidade da revista no Orkut (não recomendo a visita, pois o insuportável do Sadovski tem feito a festa por lá). A competição com a Rolling Stone (que, pela quantidade de anunciantes que atrai, parece estar se saindo bem); a escolha equivocada de algumas capas (aquela com o Devendra Banhart me vem logo a mente); algumas edições realmente mais fracas (como aquela de verão, com o Jack Johnson na capa); o fato de que, assim como uma grande parte do público hoje em dia não quer pagar pela música, também não quer pagar para ler sobre música; falta de divulgação por parte da Abril etc. Creio que não foi só uma causa isolada que levou ao seu segundo cancelamento, mas uma junção dessas citadas e mais algumas.
É realmente uma pena que isso aconteceu, e uma geração inteira, incluindo a minha, que teve a Bizz como guia do melhor que se produzia de música, moldando o (bom) gosto de muita gente, novamente está órfã de sua revista predileta. A derradeira edição está nas bancas, com os Los Hermanos na capa e a profética chamada “O Último Show” (além de uma que diz “Em Busca do Consumidor Perdido”). Resta ler essa despedida como o último biscoito do pacote e, numa febre nostálgica, tirar a poeira do baú e folhear aquelas antigas edições que tanto nos trouxe alegria. Rest in peace, Bizz. Again.
3 comentários:
Uma pena mesmo, mas, como eu disse em meu post sobre o assunto, desta vez o prejuízo é menor, pois a quantidade de informação equivalente disponível é infinitamente superior àquela de 2001. Naquele tempo, a Bizz não tinha outra concorrente de peso, só a própria internet. Hoje, a coisa mudou de figura. Muitas revistas chegam às bancas, em baixas tiragens e com pouca ambição, mas, o bastante para roubar público.
Ainda acho a Rolling stone ligeiramente indigesta. Podem me chamar de alienado, mas, aquelas matérias políticas não combinam em nada com uma revista de entretenimento. As matérias importadas são prolixas e alguns nomes do staff local são umas nulidades. Menos mal que uma galera formada na Bizz está aos poucos se infiltrando por lá e deixando as coisas mais interessantes.
Enfim, a Bizz agora é história. Desta vez, definitivamente.
Eduardo Cyrillo:Kara,tu devia ter feito jornalismo!!!!!
Dessa vez acho que é mesmo o fim.
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