As duas recomendações do mês, com textos extraídos das mais recentes edições da Bizz e da Rolling Stone, são Peel Sessions, da musa indie PJ Harvey, e Freak ‘N’ roll...Into The Fog, de uma das melhores bandas dos anos 90 (e com cara de anos 60/70), Black Crowes. No primeiro temos faixas que foram executadas no antigo programa do radialista inglês John Peel, que morreu em 2004. O texto é de autoria da jornalista Lígia Nogueira e foi publicado na Bizz #209, de janeiro (vou poupá-los do texto da Ivy Farias sobre o mesmo CD que saiu na RS de dezembro passado; parecia que a autora nem sabia quem era o John Peel, uma lástima). Depois é a vez do ao vivo dos Black Crowes, a banda dos irmãos Robinson (nem só do clã Gallagher vive o rock), num show de 2005. Texto de Paulo Cavalcanti que saiu na Rolling Stone #4, também de janeiro. Vale ressaltar que a seção Guia da RS, o ponto fraco da revista, teve uma sensível melhora nessa edição. Finalmente!
A combinação é saborosa: se John Peel é hoje considerado o radialista mais importante da música pop, ninguém melhor do que a intrigante roqueira inglesa PJ Harvey para homenagear o locutor da BBC, morto em outubro de 2004. Pois essa musa atormentada caprichou na escolha do repertório de Peel Sessions (1991-2004), que reúne 12 faixas gravadas durante as apresentações no programa do amigo. Poderia ser “apenas” mais uma coletânea, se PJ Harvey não fugisse do óbvio – característica, aliás, das mais marcantes em sua carreira. Os primeiros acordes da faixa de abertura, “Oh My”, dão o recado: PJ não brinca em serviço. Sensualidade e dramaticidade se encontram em uma seqüência que inclui três outras faixas de seu disco de estréia, Dry (1992) – “Victory”, “Sheela-Na-Gig” e “Water” – e as até então inéditas em álbuns oficiais “Naked Cousin”, “Losing Ground”, “This Wicked Tongue” e “Wang Dang Doodle” (Willie Dixon). Da parceria com John Parish vem a balada “That Was My Veil”, incluída no álbum Dance Hall At Louse Point (1996). A sinuosa “Snake”, de Rid Of Me (1993), quebra o transe com um grito amedrontador, mas ainda repleto de malícia. “Beautiful Feeling” ficou mais crua e bela sem Thom Yorke – que participa dos vocais no disco Stories From The City, Stories From The Sea (2000). “You Come Through”, homenagem póstuma, encerra o set list à maneira de PJ (e que certamente John Peel aprovaria): espinhosa e cheia de beleza.Lígia Nogueira_______________________________
BLACK CROWES
Freak ‘N’ roll...Into The Fog
ST2Os discos de estúdio do Black Crowes na maioria das vezes são irregulares, mas esses caras, quando sobem ao palco, não deixam para ninguém. Este CD duplo, gravado no lendário Fillmore East (São Francisco), traz o registro da tour realizada em 2005 e que quebrou recordes de público. Foi uma espécie de volta do grupo, já que seus integrantes estavam mais interessados em desenvolver trabalhos solos. Freak ‘n’ roll...Into The Fog também foi lançado em DVD, mas os fãs não vão dispensar este registro em áudio. Todos os clássicos estão incluídos e até algumas das canções mais fracas da banda, como “Welcome to the Goodtimes”, ganham novo ímpeto quando tocadas ao vivo. A troca de figurinhas entre os guitarristas Marc Ford e Rich Robinson é de dar água na boca e o vocalista Chris Robinson comanda o show com seu vocal que passeia por elementos de soul, gospel, blues e country. Os pontos altos são vários, mas de cabeça já dá para lembrar de “Soul Singing”, “Hard to Handle” e “Sunday Night Buttermilk Waltz” (uma bela versão acústica). Tem até uma cover de “The Night the Drove Old Dixie Down”, do The Band. Rock sem papagaiadas e de primeira.Paulo Cavalcanti
Um comentário:
Eduardo Cyrillo:Essa é boa!!!!
Postar um comentário