quinta-feira, abril 28, 2005

CRÍTICAS DA BIZZ

No meu antigo blog costumava postar textos da seção de lançamentos de discos publicados na BIZZ, para termos uma noção da reação provocada por tal disco na época do seu lançamento. Hoje é fácil saber da importância de álbuns como Nevermind do Nirvana e OK Computer do Radiohead, mas o que pensaram os críticos assim que esses discos chegaram as suas mãos (ou aos seus ouvidos)? Então resolvi colocar na net esses textos para fazer um paralelo com o que achamos hoje em dia desses CDs. E vou continuar fazendo isso periodicamente nesse novo blog. Então vamos lá!

Começando essa nova fase, trago pra vocês a crítica do álbum The Colour And The Shape, do Foo Fighters, com um texto publicado originalmente na BIZZ de junho de 1997 (nessa época a revista se chamava SHOWBIZZ). Tirando a desconfiança inicial em relação a Dave Grohl (muita gente achou que o Grohl estava se aproveitando da fama do Nirvana para formar uma nova banda), o segundo álbum da banda foi elogiadíssimo. Também pudera, o disco é excelente, daqueles que você não consegue parar de ouvir quando compra. Ótimas músicas, da primeira a última, trazendo rocks barulhentos e quase baladas, tendo em Everlong seu auge. Então, sem mais delongas, vamos ao texto da revista, de autoria de Pedro Só:


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FOO FIGHTERS – THE COLOUR AND THE SHAPE (CAPITOL/EMI MUSIC)

Acertos longe do Nirvana


Dave Grohl funcionava como burro-de-carga rítmico (um senhor burro!) para a genialidade de Kurt Cobain, sim. É certo também que assimilou, conscientemente ou não, influências dele como compositor. Mas comparar o Foo Fighters com o Nirvana é aplicar-lhe uma chicotada injusta. Pegue-se, por exemplo, “Enough Space” (que renega a ufomania), deste segundo disco – o primeiro como banda, já que a estréia era apenas uma demo gravada por Dave, sozinho – do quarteto. Estão lá a levada artrítica no baixo, com quedas e explosões súbitas no andamento, os gritos selvagens, a mórbida semelhança com o refrão de “Stay Away”, do Nirvana. Faltam a força da letra, o ódio de hamster acuado, a alma, o significado genial que Kurt dava àquela porra-louquice toda.
Grohl só cai na armadilha dos similares anódinos do Nirvana (tantos, hoje em dia...) em poucas faixas. Na maior parte do disco, atira certeiro em várias direções, mostrando versatilidade e bom gosto pop. A plácida abertura, “Doll”, não ficaria alienígena na voz de Paul McCartney (e tem a maior pinta de coisa do Badfinger). “Monkey Wrench” lembra bastante “I Could Never Take Place Of Your Man”, de Prince, inclusive na letra que renuncia ao futuro de um relacionamento. “Hey Johnny Park” tem hoooo-hooos e refrão à Aerosmith. “Everlong”, a campeã do disco, seria um clássico do Sonic Youth, caso a torneirinha de Thurston Moore não tivesse secado. Grohl se dá bem até numa legítima baladinha, “Walking After You”. Claro, nada disso é uma revolução. Mas o produtor Gil Norton (Pixies, precisa melhor referência?) deixou o som redondinho e o CD desce que é uma beleza.
PEDRO SÓ

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