quinta-feira, junho 03, 2010

O CLUBE DO FILME

Com uma lista enorme de livros para começar minha pequena aventura literária, resolvi começar por um que peguei emprestado. Aliás, antes de falar do livro em si, uma história introdutória. Em dezembro último tivemos um amigo secreto (ou amigo oculto, como queira) no trampo. E no sorteio, a Camile acabou pegando o George, o dono do livro. Ela não sabia o que dar para ele. Um dia, estávamos o George e eu nas Americanas, gastando um tempinho até que a Camile chegasse para irmos ao cinema. E vimos lá O Clube do Filme. Eu tinha lido em algum lugar algo sobre o livro, e achei interessante. Quando o mostrei, ele também pareceu interessado. Bingo! Falei à Camile qual seria um bom presente, e ela acabou comprando o livro para ele. Agora que o li parece que esse foi meu plano o tempo inteiro, fazer a cabeça dela para comprar o livro, para que, eventualmente, ele depois me emprestasse e eu acabasse lendo também. E aí, Camile e George, o que acharam desse meu plano vilanesco?!

Vamos ao livro, então. O Clube do Filme mostra uma história real. David Gilmour, autor do livro e crítico de cinema, conta o período de três anos em que viveu ao lado do filho, Jesse, então com 15 anos, a partir de sua proposta arriscada para tentar colocar o filho nos eixos. Vendo que Jesse não ia bem na escola, David propôs o seguinte: o filho pode abandonar os estudos, desde que se comprometa a assistir a três filmes por semana, escolhidos pelo pai, e com o pai. Essa seria a única educação que ele receberia.

O livro traz então detalhes dessas sessões de cinema, onde eles assistem de tudo, desde clássicos hollywoodianos até a filmes de gosto duvidoso, passando pela nouvelle vague francesa e pelo o que o autor chama de “tesouros enterrados”, sempre com uma pequena aula sobre o filme do momento, que o pai sempre dava antes de, ou até mesmo durante, cada projeção. Ao mesmo tempo acompanhamos o desenvolvimento da relação de ambos, o primeiro, quer dizer, os dois primeiros amores de Jesse, a busca por um trabalho de David, o relacionamento entre sua ex e mãe do filho etc.

Gente, livro bom para mim é aquele que te faz pensar. Não pensar no sentido de tentar entender o que o escritor está dizendo por ter uma linguagem rebuscada. Mas pensar no sentido de refletir, de fazer até um paralelo com nossas vidas. E O Clube do Filme é cheio desses momentos. E o que “dá o gás” durante a leitura são as conversas sinceras, abertas, entre pai e filho. Assim como Jesse aprendeu muito com os filmes, ele também aprendeu com o pai. Aliás, os dois aprenderam muito durante o processo. Não dá para não pensar: E se tivéssemos um pai assim, amigo, confidente? Não seria uma boa? E se tivéssemos um filho problemático, que além de não gostar da escola, torce pela seleção do Dunga, vai para micareta e fica contando no Orkut os dias para o começo do São João? Você não ao menos tentaria mudar os conceitos dele? Bem, funcionou para David e Jesse.

Então, livro mais do que recomendado, tanto para fãs de cinema (fiquei a fim de ver e rever vários dos citados durante a leitura) como para quem procura por uma literatura honesta que mostra uma relação íntima e sincera entre pai e filho. Para dar um gostinho e ser fisgado de vez, confira um trecho clicando aqui.

3 comentários:

Unknown disse...

uma crítica bem justa, sem exageros. gostei.

ps: bom saber q tudo nao passou de um planozinho tosco... tsc tsc

Marlo (The Batman) disse...

Nem li o trecho que você deixou disponível e já acho a história interessante, com uma proposta bem atrevida. Será que só eu achei, por um momento, que o livro fosse escrito pelo Gilmour do Pink Floyd? =)

Sobre o plano maligno, também já fiz coisas assim: dar um presente a alguém já pensando em quando eu poderia usufruir um pouquinho que fosse. Que feio... =P

elliard disse...

Esse filho problemático que vai pra micareta e conta os dias pro São João no orkut existe! E eu sei quem é!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk