Há exato um ano, nesse mesmo espaço virtual, eu, rabugento como sempre, dizia que já estava naquela fase da vida onde preferimos o passado. Falando especificamente sobre música, escrevi que nada de novo me animava como os bons sons da minha adolescência.
O tempo, esse mano velho, cura tudo, até o que não parecia precisar ser curado. Finalmente, com a internet banda larga devidamente instalada, me pus a baixar a torto e a direito de tudo um pouco dos novos (e bons) sons. Tudo bem, baixei muita velharia, mas a maioria mesmo era de novidades. E como informa a biblioteca do Windows Media Player, são mais de 60 álbuns de 2008 baixados, quase 50 horas de som direto.
Muitas vezes pegava os discos sem muita noção do que se tratava, apenas influenciado pela arte da capa ou algo do tipo. Claro, tive algumas decepções, como o TV On The Radio e o Vampire Weekend, adorados pela crítica, mas reprovados no meu crivo pessoal. Mas também descobri muitas coisas legais, como o Arkells (uma banda com uma música chamada “The Ballad of Hugo Chavez” não tem como ser ruim), o Cruel Black Dove (som cool e descolado que também é ótimo para se ouvir, diferente de outros da mesma estirpe, que se contenta em ser apenas isso, cool e descolado), e muitos outros.
Mas nem só de novidades foi o ano que passou. Tivemos também veteranos de guerra lançando petardos sonoros excelentes. O Portishead, depois de 10 anos sem nada inédito no mercado, finalmente lançou Third. O REM retomou a veia roqueira com seu Accelerate. Os irmãos Robinson retornaram com o Black Crowes e sua sonoridade setentista em Warpaint. E o Metallica, meu deus, o Metallica! Pensei que nunca mais iria gostar de um novo disco de metal como Death Magnetic. Porrada das boas da primeira a última faixa. Ah, teve também a volta do Guns N Roses, né? Bem, deixa para lá...
2008 também teve Duffy, The Last Shadow Puppets, Long Blondes, Cut Off Your Hands, CSS, Be Your Own Pet, Kings Of Leon, Land Of Talk, Oasis... Enfim, foi um ano movimentadissímo. Tanto que me animou a fazer uma lista de 20 músicas com o melhor produzido nos últimos 12 meses. Ah, e lembra das velharias que também baixei no ano passado? Bem, tem outra lista de 10 músicas com essas velhinhas só descobertas por mim recentemente. Leiam e comentem. E se virem para ir atrás das músicas!
Duffy - Mercy
Para mim a revelação do ano, a galezinha é uma espécie de Amy Winehouse melhorada, mais bonita e sem problemas com drogas ou com paparazzi. “Mercy” foi o cartão de visitas de seu debut, Rockferry, e é impossível não entrar no ritmo e pelo menos acompanhar a música com o pé desde a primeira audição. Foi até tema de novela (argh!) global (argh!²).
The Long Blondes - The Couples
Depois de uma estréia sensacional com o álbum Someone to Drive You Home, essa banda de Sheffield, Inglaterra, não conseguiu o mesmo com Couples, que não mantém a regularidade de outrora. Mas o disquinho ainda tem suas pérolas, como “The Couples”. Trecho da letra: “Escrever uma canção de amor é difícil, melhor deixar para outra pessoa”. Mentira, vocês fazem bem, sim!
Sons & Daughters - Iodine
Outra banda que lançou seu segundo disco, nesse caso melhor que o primeiro. Saindo no comecinho de 2008, This Gift foi produzido por Bernard Butler, ex- Suede e por trás de boa parte do sucesso da Duffy. “Iodine” é daquelas músicas que grudam na nossa mente e ficamos cantarolando felizes da vida o dia inteiro. Eu chamo de pop perfeito. It’s a hit!
Abandonando de vez o rock caipira em seu quarto disco de estúdio, a banda do Tennessee não descansa e lança dois (belos) CDs em dois anos seguidos. Primeiro single da nova empreitada dos caras, Only By The Night, “Sex On Fire”, com seu potente refrão, não deixa pedra sob pedra, e você fica com vontade de pressionar o botão de repeat várias e várias vezes.
Metallica - The Day That Never Comes
Os mais céticos não acreditavam que o Metallica seria capaz de lançar um grande disco novamente depois de St. Anger e seu som de bateria de lata. Wrong! Death Magnetic, com a mais que bem-vinda produção de Rick Rubin, é uma pedrada do início ao fim, fazendo jus a fama de melhor banda de metal que os caras ganharam durante a carreira. A faixa em questão começa calminha, quase pop, e vai ganhando força e peso no decorrer dos seus 8 minutos.
Oasis - The Shock of Lightning
Foi-se o tempo quando os irmãos Gallagher e quem é que tivesse ao lado deles lançavam álbuns perfeitos. Agora o que resta dos seus discos é se contentar com uma ou outra faixa realmente boa e o restante apenas mediano. No caso de Dig On Your Soul, sexto lançamento de estúdio dos rapazes de Manchester, a faixa excelente é “The Shock of Lightning”, um britpop perfeito que outrora parecia tão fácil de se fazer.
The Kooks - Always Where I Need To Be
Os rapazes de Brighton, Inglaterra, chegaram como quem não queria nada com seu segundo disco, Konk. Mas com seu rock simples e direto, influenciados por Police, The Clash e Strokes (sim, eles já estão influenciando as novas gerações), foram aparecendo na mídia especializada e se tornaram uma das grandes bandas do ano que acabou de terminar. A faixa em questão é uma síntese perfeita do som da banda, com seu riff simples e um “do do do do do” no refrão. Pegajosa.
Morrissey - That’s How People Grow Up
O nosso bardo inglês favorito testa nossa paciência ao lançar sua enésima coletânea, deixando aquele ar de picaretagem e dinheiro fácil. Mas a gente meio que releva esse fato quando ouve uma das inéditas do disquinho, “That’s How People Grow Up” (a outra é “All You Need Is Me”), que tem a assinatura do seu autor em todos os seus detalhes, como o seu belo vocal mastigando as palavras como só ele é capaz de fazer e um refrão grandioso, para despedaçar nossos corações. Fala sério, o cara (ainda) tem a manha!
We Are Scientists - Ghouls
“Ghouls” abre o segundo disco de estúdio, Brain Thrust Mastery, dessa banda formada no Brooklyn. Mais uma do revival da new wave que surgiu nesse começo de milênio, o duo formado por Keith Murray e Chris Cain faz um som para cima e dançante. Mas a faixa em questão aqui foge a regra. Apresentando o lado negro dos caras, “Ghouls”, em meros três minutos, conquistou esse que vos escreve desde a primeira audição um pouco mais atenciosa, e desde então não sai do meu de MP3 player, servindo de trilha sonora para minhas andanças cidade afora.
The Ting Tings - That’s Not My Name
O Ting Tings é um duo de eletro rock formado pela vocalista/guitarrista Katie White e pelo baterista Jules De Martino, e é mais uma cria da sempre produtiva Manchester. “That’s Not My Name” faz parte do álbum de estréia, We Started Nothing, e é algo do tipo “funk carioca encontra o Yeah Yeah Yeahs”. Para ouvir no volume 10, cantar junto e pular até alcançar o teto. E dane-se o vizinho que está lavando o carro ao som da última novidade baiana.
OUTROS 10 BONS SONS DE 2008:
Duffy - Serious
The Long Blondes - Guilt
Metallica - All Nightmare Long
Arkells - Ballad of Hugo Chavez
MGMT - Time to Pretend
Weezer - Pork and Beans
Madonna - Give It 2 Me
Cruel Black Dove - Wasting
Cut Off Your Hands - Happy As Can Be
The Last Shadow Puppets - The Age of Understatement
ANTES TARDE DO QUE NUNCA - VELHINHAS QUE SÓ DESCOBRI AGORA:
...And You Will Know Us By The Trail Of Dead - Wasted State of Mind
Le Tigre - I'm So Excited
Manic Street Preachers - I Live To Fall Sleep
Rilo Kiley - Under the Blacklight
The Organ - Brother
Distillers - The Hunger
JJ72 - October Swimmer
The Donnas - Gold Medal
Big Star - Thirteen
Black Rebel Motorcycle Club - Weight of the World
AS BANDAS MAIS OUVIDAS NA LAST FM EM 2008:
Nirvana - 538 vezes
Metallica - 378 vezes
Manic Street Preachers - 345 vezes
The Beatles - 342 vezes
Ramones - 335 vezes
The Donnas - 330 vezes
Pearl Jam - 295 vezes
U2 - 250 vezes
Kings of Leon - 235 vezes
The Long Blondes - 228 vezes
AS MÚSICAS MAIS OUVIDAS NA LAST FM EM 2008:
Duffy - Serious - 23 vezes
The Long Blondes - Guilt - 22 vezes
Nirvana - Lithium - 21 vezes
The Long Blondes - The Couples - 21 vezes
Nirvana - Very Ape - 19 vezes
Nirvana - Polly - 19 vezes
Metallica - All Nightmare Long - 17 vezes
Rilo Kiley - Under the Blacklight - 17 vezes
Sons & Daughters - Iodine - 17 vezes
Duffy - Mercy - 17 vezes
2 comentários:
GOOGLE MOTHERFUCKER!!!
É, eles estão mesmo implacáveis, e não só o Google. O Rapidshare tira links do ar numa velocidade incrível. Não sei o quanto eles estão perto ou longe de acabar com a pirataria digital, mas vai ser difícil convencer a toda uma geração, desacostumada a pagar por entretenimento (sejam músicas, filmes ou games), a fazê-lo. O endurecimento das leis antipirataria, inclusive por aqui, pode limitar bastante (se não acabar de vez com) a alegria dos baixadores contumazes.
Hey, Sons & Daughters é bem legal.
Bom, vou acessar seu blog lá de casa e baixar as recomendações para ouvir, já que ando muito por fora desse mundo, hahaha. E ainda rpeciso dar uma ouvida no que me recomendaram lá naquele post sobre o que ando ouvindo no trabalho.
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