quarta-feira, abril 15, 2009

U2 - NO LINE ON THE HORIZON

(texto extraído da Rolling Stone #30, março de 2008; texto de Rodrigo Salem)

Turbilhão de referências
U2 segue as velhas pistas, mas não anda em círculos e navega em mar sereno


Bono, quando não está em busca de beatificação, é um marqueteiro de primeira. Quando declarou “Se esse não for nosso melhor álbum, seremos irrelevantes” poucos dias antes de o novo CD vazar para o mundo, o vocalista do U2 não somente desafiou seus depredadores, ele vendeu a idéia que a própria música não pode perder sua relevância, precisa se reinventar. O 11º álbum de estúdio dos irlandeses pode não tornar a música relevante em termos de eventos, mas coloca o grupo outra vez em um patamar que poucos grupos conseguem alcançar hoje em dia. A mudança radical prometida nos moldes de Achtung Baby e Zooropa não existe. O álbum é uma nova criatura formada por 33 anos de U2 e inquietude. “No Line on the Horizon”, faixa de abertura, brinca com a base de guitarras de “The Fly” com o vocal rejuvenescido da época de The Unforgettable Fire. “Magnificent” talvez seja a canção mais U2 da fase recente da banda, remetendo a War (Bono gritando “Magnificent” não ficaria estranho com uma bandeira branca do lado) e a influência de White Stripes nos segundos iniciais. Alguns podem se surpreender com “Moment of Surrender”, mas ela é a evolução natural do projeto Passengers, feito com Brian Eno – produtor de No Line on the Horizon, ao lado de Daniel Lanois e Steve Lillywhite – e de “In a Little While”, soul de All That You Can’t Leave Behind. Ironicamente, não há hits fáceis aqui. “I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight”, que vê Bono brincando de Justin Timberlake, é uma séria candidata a substituir o electro-rock energético de “Get on Your Boots”, mas grande parte da obra é de uma delicadeza e paciência exemplares, como a linda “White as Snow”, sobre um soldado morrendo no Afeganistão, e “Fez – Being Born”, que parece o disco Pop encontrando a trilha sonora de Clube da Luta pelos Dust Brothers. Referências antigas para algo incrivelmente novo? Não foi o próprio Bono que cantou “todo artista é um canibal”?

2 comentários:

Marlo de Sousa disse...

Este é mesmo o melhor disco do U2 em vários anos. Mesmo que "Vertigo" e (sorry, P.A.!) "Beautiful Day" tornem meus dias mais alegres com suas guitarras maravilhosas, os dois últimos discos da banda consistiam de quatro ou cinco músicas legais perdidas entre outras medianas. Este desce redondo do início ao fim (apesar de "Get On Your Boots" ser uma bobagem) e mostra uma banda honesta e comprometida. As quatro primeiras faixas certamente figuram entre as melhores da banda no século 21.

Dário Shoupaiwisky disse...

Adorei seu blog.
Music.
1abraçao.