sábado, dezembro 06, 2008

METALLICA - DEATH MAGNETIC

(texto estraído da Rolling Stone #25, outubro de 2008, de autoria de Pablo Miyazama)

Resgatando motivações do passado, banda lança melhor disco em 20 anos

Talvez seja a voz de James Hetfield a maior responsável pela mudança na aceitação do som do Metallica ao longo dos anos. Seu timbre estridente amadureceu em ... And Justice For All (1988) e ganhou corpo em Metallica (1991). E foi assim que a banda virou figura fácil na MTV, vendeu milhões e se tornou maior que a vida. Foi também a partir daí que a maioria dos fãs antigos lhe virou as costas. Que os orfãos se conformem que Hetfield tem 45 anos e jamais cantará como em 1983. Se a voz não é a mesma, não dá para dizer o mesmo da complexidade das músicas. Sucessor do fraco St. Anger (2003), Death Magnetic supera as expectativas até do mais otimista dos metaleiros. A banda não quis desperdiçar as idéias acumuladas nos últimos cinco anos: coleções de riffs são despejadas de modo aparentemente aleatório e sem sutileza, alternando entre velocidade thrash (o coice "That Was Just Your Life" e a semibalada "The Day That Never Comes", mansa no início, furiosa nos minutos finais) e arranjos intricados e energéticos ("All Nightmare Long", "Broken, Beat & Scarred"). Parece que a grande motivação do Metallica - pais de família na casa dos 40 e tantos - era provar que a capacidade de criar música rápida e complicada não se esgotou com a idade. Méritos de Rick Rubin, mais guru do que produtor, que domou egos e estimulou a banda a resgatar, lá atrás, a essência de suas motivações. A terapia, afinal, deu certo.