(texto publicado originalmente na Rolling Stone # 50, novembro de 2010; autoria de Paulo Terron)
Toda volta precisa de algo para “coroá-la”. Como o Soundgarden teve um conflito de agenda com o Pearl Jam (os grupos dividem o baterista Matt Cameron) e não pôde sair em turnê, esta coletânea é a prova de que a banda realmente retornou a carreira. E é só isso mesmo. O disco, em edição nacional, tem um repertório semelhante ao da compilação A-Sides (1997). Na versão importada, além de uma seleção ampliada para dois discos, há um bônus que vale o investimento em músicas já lançadas anteriormente: um DVD bônus inédito, com os clipes que ajudaram a impulsionar o grunge nos anos 90.
Musicalmente, há também a estreia de uma faixa “nova”, “Black Rain” (escrita há quase 15 anos e só completada em 2010), que fica no meio caminho entre o peso sujo dos primeiros anos do grupo de Chris Cornell e o lado mais brando e comercial adotado em Down on the Upside (1996). E, por falar no vocalista, a geração que só conhece a performance dele em carreira solo ou com o Audioslave pode se deliciar descobrindo a depressão agressiva de clássicos como “Outshined”, “My Wave” e a mais obscura – mas igualmente impactante – “Birth Ritual”, extraída da trilha do filme Singles – Vida de Solteiro. Um aperitivo decente para a reedição do catálogo completo do Soundgarden, que deve ser anunciada em breve.