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domingo, outubro 16, 2011

THE BEATLES - SGT. PEPPER’S LONELY HEARTS CLUB BAND

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)


Poucos discos foram tão influentes quanto Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band. O álbum teve um timing impecável. Foi lançado em meio ao chamado “verão do amor”, quando várias facções da contracultura resolvem se manifestar. Dessa forma, ele foi considerado um disco-manifesto. A ideia inicial de Sgt. Peppers surgiu de Paul, que achou interessante o fato de os Beatles assumirem um alter ego. Sgt. Peppers abriu as portas para que o gênero se tornasse a voga no rock. A eclética e psicodélica coleção de canções incluídas em Sgt. Peppers tem um pouco de tudo para todo mundo. Os Beatles eliminaram os espaços entre as canções, o que dava ao disco a impressão de continuidade. A faixa-título é um rock vibrante pontuado por metais que já escancara a intenção dos Beatles. Ela deságua em With A Little Help from My Friends, em que Ringo brilha como Billy Shears, o cara legal e amigão de todo mundo. Lucy in the Sky with Diamonds causou polêmica e John Lennon sempre negou que tivesse sido composta sobre influência de LSD. Paul McCartney veio com a otimista Getting Better, a enigmática Fixing a Hole e a melodramática She’s Leaving Home, um experimento barroco que emulava o clima de Eleanor Rigby. O lado A do vinil original fechava com Being for the Benefit of Mister Kite!, de John, cujo clima de parque vitoriano foi inspirado em pôster. George Harrison radicalizou a ambientação indiana em Within or Withou You, que não conta com a participação dos outros Beatles. Paul recorreu à nostalgia para criar When I’m Sixty-Four, sua mais bem-sucedida incursão pelo universo sonoro do vaudeville. E o baixista veio com mais uma de suas canções idiossincráticas: Lovely Rita. John Lennon comentava as banalidades do dia a dia em Good Morning Good Morning. Depois da reprise da canção Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, o show parecia ter acabado. Mas o bis bateu tudo o que veio antes. A Day in the Life era basicamente uma canção de John com um segmento de Paul incluído no meio. Hipnótica e alucinógena, A Day in the Life chegou a ser banida pela BBC, que alegou que a música fazia referência as drogas. O acorde final da canção fechava o álbum como um sarcófago sendo trancado. A capa criada por Peter Blake também tornou-se referência, sendo imitada e parodiada até hoje.

domingo, julho 31, 2011

THE BEATLES - REVOLVER

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)

Na metade de 1966, os Beatles tinham decidido abandonar as turnês e se concentrar nos trabalhos de estúdio. A última atuação ao vivo aconteceu no dia 29 de agosto, em São Francisco (EUA). Algumas semanas antes, tinha chegado às lojas Revolver. O álbum reflete os novos interesses dos Beatles: LSD, música indiana, nostalgia pela música da antiga Inglaterra e uma necessidade de escapar das canções de amor convencionais. O primeiro single já deixa claro isso tudo. Eleanor Rigby, canção de Paul sobre solidão e alienação, não tinha guitarra, baixo ou bateria. Era conduzida por um octeto de cordas. O outro lado do compacto se tornou ainda mais popular. Yellow Submarine, cantada por Ringo, era uma canção infantil com uma base rítmica simples. Mas os efeitos sonoros e melodia contagiante ajudaram a canção a vender milhões de cópias. O álbum abre com Taxman, de George Harrison, crítica do guitarrista aos escorchantes impostos cobrados pelo governo da rainha Elizabeth II. George radicalizou seus experimentos com música indiana em Love You Too, que não fazia uso de instrumentos ocidentais. Paul segue como o mestre das baladas, se superando em Here, There And Everywhere e For No One. Em Good Day Sunshine ele resgatava os ensolarados tempos do music hall. Got To Get You Into My Life, repleta de metais, foi um tributo de Paul à soul music, embora anos mais tarde ele tenha assumido que a letra falasse de maconha. John Lennon não estava muito interessado no que ocorria no resto do mundo, e sim no que se passava dentro de sua cada vez mais inquieta cabeça. I’m Only Sleeping, And Your Bird Can Sing e She Said She Said, frutos da experiência de Lennon com ácido, são hipnóticas, “viajantes” e ligeiramente arrastadas. Dr. Robert era musicalmente mais convencional, embora o seu tema também entregue que as drogas foram a fonte de inspiração. A psicodélica Tomorrow Never Knows, canção que fecha o disco, foi verdadeiramente um divisor de águas, mostrando aos músicos dos quatro cantos do planeta que tudo era possível num estúdio de gravação. Os efeitos sonoros e o estilo de produção já vislumbravam o que poderia ser feito, por exemplo, no campo da música eletrônica.

sábado, abril 02, 2011

THE BEATLES - RUBBER SOUL

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)

A influência do folk rock e da poesia de Bob Dylan dominam Rubber Soul. Com uma sonoridade mais acústica e harmonias mais elaboradas, o álbum também tem um indisfarçável odor de marijuana. A esta altura, os Beatles já tinham ganho controle sobre seus produtos e assim puderam ser mais “artísticos”. A capa mostrava os rostos dos rapazes ligeiramente distorcidos e não exibia o nome Beatles. Já o título do álbum veio da mente fértil de Paul McCartney – era uma gozação com a soul music, que invadia irreversivelmente a Inglaterra. O importante é que Rubber Soul trouxe inovações tanto na música quanto nas letras. Os dias inocentes dos romances adolescentes tinham ficado para trás. As canções agora eram mais ambíguas, e sardônicas, e não falavam apenas de relacionamentos amorosos superficiais. Em The Word, Lennon antecipava o verão do amor clamando pelo amor universal. Nowhere Man traz uma vaga mensagem social. A delicada In My Life era o sensível recado de um homem que já se sentia nostálgico com apenas 25 anos. A letra de Norwegian Wood (This Bird Has Flown) é obliqua, com Lennon se desdobrando para narrar um caso de amor clandestino sem deixar que sua mulher percebesse. You Won’t See Me e I’m Looking Through You são relatos dos altos e baixos do relacionamento de Paul com a namorada Jane Asher. Em compensação, o baixista era puro charme gastando seu francês básico em Michelle. Em Drive My Car, a faixa mais roqueira do disco, Paul brincava com a eterna batalha de sexos. George Harrison veio com If I Needed Someone, sua melhor canção até então, em que a guitarra de 12 cordas dava o tom. Os Beatles traziam novos instrumentos e recursos sonoros. A base sonora de Norwegian Wood, por exemplo, era a cítara tocada por George Harrison, instrumento vindo da Índia e que em breve se tornaria obrigatório na base sonora da música psicodélica. Mesmo com todas as emergentes inovações, os Beatles ainda trafegavam pelos sons mais básicos, como no country rock What Goes On (cantado por Ringo) e Run For Your Life, uma agressiva composição de John onde ele subconscientemente decalcou o tema de Baby Let’s Play House, clássico de Elvis Presley.

domingo, janeiro 30, 2011

THE BEATLES - HELP!

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)
As canções da trilha do segundo filme dos Beatles também têm um jeito de que foram concebidas e gravadas em meio à correria. O material foi registrado em Abbey Road de fevereiro a junho de 1965 em paralelo aos inúmeros compromissos profissionais do quarteto. A qualidade individual das canções afasta qualquer aspecto caça-níquel. A faixa-título, de autoria de John, ganhou conotação dúbia. Ele tinha que escrever uma canção para ser o tema do filme, mas depois assumiu que estava realmente pedindo ajuda através da música. Anos mais tarde, ele falou: “Eu estava gordo, fumando maconha feito um louco, meu casamento era uma chatice. Estava pedindo socorro mesmo. Pena que fiz a melodia correndo, tentando ser comercial”. Lennon podia estar meio confuso, mas não tinha perdido o dom para criar canções que pegassem na hora, como os megahits Ticket To Ride e You‘re Going To Lose That Girl. Já You‘ve Got To Hide Your Love Away era uma canção folk introspectiva e mostrava que a vida sentimental de John não corria às mil maravilhas. Em suas canções Another Girl e The Night Before, Paul esbanja a segurança de sempre. George contribuiu com a correta I Need You. O lado B do disco original tinha It’s Only Love, I’ve Just Seen A Face, You Like Me Too Much, gravações mais acústicas que de certa forma antecipavam o que viria a ser Rubber Soul, o disco seguinte. Pela última vez os Beatles teriam que recorrer a covers. Aqui, no caso, são o country Act Naturally (de Buck Owens, ideal para a voz e figura de Ringo) e o rascante rock Dizzy Miss Lizzy (de Larry Williams), cantado por John. Mas nada se compara ao furor causado por Yerterday. Só o autor Paul participou da gravação, que foi complementada por um arranjo de cordas criado por George Martin. Paul ainda teve que convencer os outros Beatles a deixarem a canção entrar no disco, já que eles não achavam que era uma faixa “Beatle”. Contra a vontade da banda, ela foi lançada como single no mercado americano e o resto é história.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

THE BEATLES - BEATLES FOR SALE

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)

A capa do álbum já entrega a situação: os Beatles, que foram clicados sérios e circunspectos, estavam se cansando dos shows incessantes e do circo de celebridades. Com a pressão de ter que entregar o disco antes do Natal, o quarteto fez o melhor que pôde. As sessões de gravação aconteceram em Abbey Road, de agosto a outubro de 1964. Com pouco tempo para escrever novas canções, os rapazes tiveram que apelar para a antiga fórmula de covers. Em vez de canções de grupos de garotaS ou clássicos da Motown, desta vez eles resgataram criações dos antigos pioneiros do rock, os lendários nomes que fizeram a cabeça deles nos anos 50 e cujas canções incendiavam as noitadas de Liverpool e Hamburgo. O cantor, compositor e guitarrista Carl Perkins era idolatrado por George Harrison e aparece aqui em duas covers: Honey Don’t (com vocal de Ringo) e Everybody’s Trying To Be My Baby(com Harrison cantando). Buddy Holly e seu grupo The Crickets foram uma influência marcante na sonoridade dos Beatles e ganham um tributo com Words of Love, cantada por John e Paul. Chuck Berry é homenageado em Rock and Roll Music, cujo vocal apaixonado de Lennon redefiniu a canção. Paul resgatou a junção deKansas City (composição de Jerry Leiber e Mike Stoller) com Hey, Hey, Hey, Hey(Little Richard), que ele cantava no Cavern. Mr. Moonlight, de Dr. Feelgoog and the Interns, ficou com John. Em suas canções originais, Lennon continuava a abrir o coração. I’m a Loser é um folk rock com letra defensiva, mas reveladora. O mesmo aconteceu com I Don’t Want to Spoil the Party, onde o magoado John não queria ser o chato da festa. As canções de Paul são mais seguras e positivas, exemplificas na balada I’ll Follow the Sun e nos rocks Every Little Thing e What You’re Doing.Baby’s in Black, de John e Paul, é uma bizarra valsa com um tema levemente macabro. No Reply, também de John, tinha potencial para ser um single de sucesso, mas os Beatles deixaram a música meio de lado. O grande hit de Beatles For Sale foiEight Days a Week, basicamente uma criação de John. Sua efervescência passava a falsa impressão de que o líder dos Fab Four andava feliz da vida, mas a situação não era bem essa.

quarta-feira, outubro 20, 2010

THE BEATLES - A HARD DAY'S NIGHT

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)

A trilha do primeiro filme dos Beatles foi concebida durante o frenético primeiro semestre de 1964, quando eles excursionavam pelos Estados Unidos e pela Europa. O tempo dos rapazes estava cada vez mais escasso, mas a permanência nos quartos de hotel permitia que parassem um pouco e dessem vazão a novas ideias. O álbum A Hard Day’s Night trouxe 13 canções, todas elas de autoria de Lennon e McCartney. Como não havia espaço no filme para que todas fossem apresentadas, as sobras serviram para preencher o lado B do LP original. O mais importante é que os Beatles evoluíam como autores e artistas. Foi o primeiro álbum do grupo de Liverpool a ser gravado em quatro canais e isso ficou evidente na qualidade técnica. O interessante é que nessa época Lennon se encontrava em sua fase mais prolífica. Boa parte das criações do projeto foi concebida por ele. A canção A Hard Day’s Night é um exemplo típico. A maior parte é de John, mas Paul faz um interessante contraponto. A guitarra de 12 cordas tocada por George foi uma inspiração para muita gente. I Should Have Known Better, If I Fell e Tell Me Why, as outras canções de Lennon que entraram no filme, são pegajosas e seguem a fórmula típica das canções beat da época. John e Paul cederam I’m Happy Just to Dance with You para George cantar. Paul entrou com poucas no filme, mas foram músicas marcantes. A romântica e latinizada And I Love Her se tornou a canção dos Beatles mais gravada até o surgimento de Yesterday, e a agitada Can’t Buy Me Love, gravada na França, aparece em uma sequência-chave do filme. O lado 2 do LP original também trouxe uma predominância de composições de Lennon, exemplificado em When I Get Home, Anything at All, I’ll Cry Instead, I’ll Be Back e You Can’t Do That. O interessante é que as letras já revelavam um lado mais pessoal de Lennon, que às vezes se retratava ora como um sujeito durão, ora como o cara sensível. Things We Said Today, de Paul, é uma balada charmosa, mas não revela muito sobre o que se passava na cabeça do autor.

segunda-feira, junho 28, 2010

THE BEATLES - WITH THE BEATLES

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)

Com mais dinheiro, George Martin se deu ao luxo de reservar os estúdios de Abbey Road de julho a outubro de 1963, périodo em que o segundo disco dos Beatles foi gravado. A ideia era seguir a mesma linha de Please Please Me. Metade das faixas era composta de covers, a outra metade, original dos Beatles. Só que agora, em vez do Brill Building, a inspiração veio da Motown. As canções de Lennon e McCartney também eram mais bem acabadas e menos derivativas, trazendo um inconfundível toque pessoal. All I've Got to Do, It Won't Be Long e Not a Second Time, todas de Lennon, eram persistentes e incisivas. Little Child era uma brincadeira R&B de John e Paul, com a gaita de Lennon fazendo a diferença. Já McCartney reciclou Hold Me Tight (rejeitada de Please Please Me) e também gravou All My Loving, canção cuja melodia podia agradar pessoas de 8 a 80. George Harrison timidamente saía do casulo e apareceu com sua primeira música em um álbum dos Beatles, chamada Don't Bother Me. John e Paul escreveram I Wanna Be Your Man especialmente para os Rolling Stones. Quando chegou a vez de os Beatles registrarem a canção, Ringo Starr ficou com os vocais e cantou com entusiasmo. Para não quebrar a regra, havia uma cover de um grupo de garotas (Devil in Her Heart, do The Donays), e uma regravação de um clássico de Chuck Berry (Roll Over Beethoven). E Paul novamente veio com uma canção oriunda do teatro musical. Desta vez era Till There Was You, de Meredith Wilson, da peça The Music Man. Os covers da Motown são bem acima da média, incluindo You Really Gotta a Hold on Me (Smokey Robinson & The Miracles), Please Mister Postman (The Marvelettes) e Money (That's What I Want) (Barrett Strong). Aqui, Lennon repetiu a dose de Please Please Me e simplesmente tornou sua uma canção que antes era identificada com outro artista. A capa do álbum foi obra de Robert Freeman. A foto do rosto dos Beatles, clicados como se fossem meia-lua, também se tornou clássica.

terça-feira, maio 11, 2010

THE BEATLES – PLEASE PLEASE ME

(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)

O disco de estreia dos Beatles esbanja frescor e vitalidade. A ideia inicial era gravar a banda ao vivo no The Cavern Club, em Liverpool. Como as condições técnicas não eram adequadas, o produtor George Martin preferiu levar os rapazes para os estúdios de Abbey Road. O álbum todo foi gravado no dia 11 de fevereiro de 1963, com os trabalhos começando às 10 da manhã. O conceito foi mantido. O disco tinha que ser um registro de como os Beatles soavam no palco. Por isso tudo foi feito ao vivo, com poucos overdubs. O álbum mostra como Lennon e McCartney tinham florescido como compositores. Das 14 canções, oito são da dupla. O disco foi “recheado” com Love Me Do, PS I Love You, Please Please Me e Ask Me Why, que tinham sido lançadas um pouco antes em singles de sucesso. As outras faixas originais são exemplares. Uma delas, I Saw Her Standing There, um rock cheio de energia concebido por Paul, logo se tornou standard. Misery tinha sido escrito para a cantora Helen Shapiro. There’s a Place, de Lennon, era original e personalíssima. A balada Do You Want To Know a Secret foi escrita por Jonh para o amigo Billy J. Kramer e no álbum ganhou vocal de George. Os covers mostram que os Beatles estavam muito interessados no som criado pelos compositores americanos do Brill Building, que escreviam para os grupos de garotas. Assim tem Chains (The Cookies), Boys e Baby It’s You (ambas da Shirelles). A inclusão de A Taste of Honey é uma amostra do ecletismo de Paul. A canção veio de uma peça de teatro, mas os Beatles se basearam na gravação de Lenny Welch. Em Anna (Go To Him), Lennon prestou homenagem ao mestre do R&B Arthur Alexander. Porém, ele se superou em Twist and Shout. Foi a última musica a ser gravada. John, que estava se recuperando de um resfriado, deu a performance de sua vida, berrando desbragadamente e fazendo todos esquecerem a versão original dos Isley Brothers. A foto da capa de Please Please Me foi feita por Angus McBean. A princípio, os rapazes seriam fotografados no zoológico, mas eles simplesmente foram levados para a sede da EMI, em Manchester Square, e fotografados de cima para baixo. Simples mas icônico.