(texto publicado originalmente na revista ESPECIAL BRAVO! BEATLES; autoria de Sergio Martins)
Poucos discos foram tão influentes quanto Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band. O álbum teve um timing impecável. Foi lançado em meio ao chamado “verão do amor”, quando várias facções da contracultura resolvem se manifestar. Dessa forma, ele foi considerado um disco-manifesto. A ideia inicial de Sgt. Peppers surgiu de Paul, que achou interessante o fato de os Beatles assumirem um alter ego. Sgt. Peppers abriu as portas para que o gênero se tornasse a voga no rock. A eclética e psicodélica coleção de canções incluídas em Sgt. Peppers tem um pouco de tudo para todo mundo. Os Beatles eliminaram os espaços entre as canções, o que dava ao disco a impressão de continuidade. A faixa-título é um rock vibrante pontuado por metais que já escancara a intenção dos Beatles. Ela deságua em With A Little Help from My Friends, em que Ringo brilha como Billy Shears, o cara legal e amigão de todo mundo. Lucy in the Sky with Diamonds causou polêmica e John Lennon sempre negou que tivesse sido composta sobre influência de LSD. Paul McCartney veio com a otimista Getting Better, a enigmática Fixing a Hole e a melodramática She’s Leaving Home, um experimento barroco que emulava o clima de Eleanor Rigby. O lado A do vinil original fechava com Being for the Benefit of Mister Kite!, de John, cujo clima de parque vitoriano foi inspirado em pôster. George Harrison radicalizou a ambientação indiana em Within or Withou You, que não conta com a participação dos outros Beatles. Paul recorreu à nostalgia para criar When I’m Sixty-Four, sua mais bem-sucedida incursão pelo universo sonoro do vaudeville. E o baixista veio com mais uma de suas canções idiossincráticas: Lovely Rita. John Lennon comentava as banalidades do dia a dia em Good Morning Good Morning. Depois da reprise da canção Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, o show parecia ter acabado. Mas o bis bateu tudo o que veio antes. A Day in the Life era basicamente uma canção de John com um segmento de Paul incluído no meio. Hipnótica e alucinógena, A Day in the Life chegou a ser banida pela BBC, que alegou que a música fazia referência as drogas. O acorde final da canção fechava o álbum como um sarcófago sendo trancado. A capa criada por Peter Blake também tornou-se referência, sendo imitada e parodiada até hoje.