(texto publicado originalmente na Rolling Stone # 45, junho de 2010; autoria de Carlos Eduardo Lima)
O Teenage Fanclub nunca vai ser tão importante quanto Byrds, Big Star ou Badfinger, suas inspirações maiores. Mesmo assim, o lugar de relevância da banda escocesa já está assegurado no inconsciente coletivo de quem ouviu rock nos anos 90. A mistura de melodias doces, letras românticas e refrãos eficientes perpetrada por Gerard Love, Raymond McGinley e Norman Blake é tão velha quanto a música pop e sempre foi a maior característica da banda. Shadows, o décimo disco da carreira, lançado após um intervalo de cinco anos, é uma mistura interessante de sons que já ouvimos antes e que, ainda assim, são totalmente novos. É como encontrar velhos amigos que a gente acabou de conhecer. Essa impressão está nos timbres das guitarras, nos vocais harmonizados, nos detalhes de órgão em “When I Still Have Thee”, na beleza melódica de “Sometimes I Don’t Need to Believe in Anything”, no piano de “Dark Clouds”, quem sabe no sentimento de verão do single “Baby Lee”. Tudo é assumidamente belo, inocente e atemporal, tanto que Shadows poderia ser lançado em 1966, 1988, 1995 ou hoje. Mesmo que nós e o Teenage Fanclub estejamos mais velhos, aparentamos o contrário neste disco.