quarta-feira, março 17, 2010

15 DISCOS ESSENCIAIS DOS ANOS 90

(texto extraído da revista Bizz Especial - A História do Rock)

PRIMAL SCREAM – SCREAMADELICA (1991)

Carne e espírito em comunhão. O Primal Scream se expande pelas pistas de dança pregando o nirvana segundo Timothy Leary. Via rock, psicodelia, dance, gospel, r&b, ecstasy, Bobby Gillespie prestou um serviço ao pop ao abrir uma fresta para que todos vissem o que se passava nas baladas que nunca terminavam – e Smiley virou o paz & amor de uma nova geração.

NIRVANA – NEVERMIND (1991)

O problema de discos feitos para projetar uma banda é que, às vezes, eles realmente a projetam. Mas nem a gravadora nem o trio de Seattle poderiam supor o quão maior que o REM (a referência indie em majors) o Nirvana se tornaria. Pra lá de merecido: Nevermind tem aquele quê de revolução, ingenuidade e apelo popular que marcou todos os grandes discos do rock.

PEARL JAM – TEN (1991)

O grunge para as massas. Com Ten o Pearl Jam recauchutou a sonoridade do Led Zeppelin inserindo solos com a impressão digital de Jimi Hendrix. Um festival de hits que incluía da épica “Black” à viajandona “Oceans”. Sofredor, poeta incompreendido e vítima da sociedade, Eddie Vedder, seu vocalista, personificava como ninguém o Jim Morrison da geração Seattle.

U2 – ACHTUNG BABY (1991)

Na contramão de seus últimos álbuns “americanos”, neste o U2 voltou seu satélite novamente para a Europa. Se isolou em Berlim, no mesmo estúdio em que Bowie fez história na década de 70, e teceu texturas e sonoridades redefinindo a música nos anos 90. Moderno, brilhante e pretensioso. Mais de uma década depois de nascer, o U2 continuava a apontar na direção do futuro.

RED HOT CHILI PEPPERS – BLOOD SUGAR SEX MAGIK (1991)

Montado na corcunda do monstro em que se transformou este álbum duplo, é difícil lembrar como a banda chegou até ele: por uma serra cheia de curvas e descidas, em frangalhos, com overdoses, fracassos e mortes na carteira. Ao expressar as dores por trás da putaria (“Under the Bridge”), o grupo avançou do tempo em que só usava meias. Mas o sexo ainda aparece firme em “Give It Away”.

METALLICA – METALLICA (1991)

Quando o Metallica fechou a trilogia sagrada dos anos 80 (Kill´Em All, Ride The Lightning e Master of Puppets), pairava no ar a sensação de que a banda não tinha mais nada a provar no reino metal. Ledo engano. Metallica elevou-os à condição de reis. Com um pezinho no pop – para desespero dos fãs “roots”-, o mundo começava a sentir o gostinho daquela sonoridade mais cortante que a espada de Conan.

FAITH NO MORE – ANGEL DUST (1992)

Todo mundo esperava algo ainda mais pop e grundento do que The Real Thing para lançar o FNM aos píncaros da glória... Bem, quem mandou esperar? A banda veio com um monstro de três cabeças com geleca verde escorrendo pela boca. Angel Dust foi uma rasteira histórica no óbvio, um dos discos mais bizarros e inventivos do rock pesado de todos os tempos. O nu-metal deve as cuecas a esse marco.

REM – AUTOMATIC FOR THE PEOPLE (1992)

Mais do que um belíssimo registro, Automatic... é a prova de como se chegar ao topo mantendo sua carreira imaculada dez anos após seu primeiro trabalho. Escalado o degrau do underground para o mainstream, neste álbum – carregado de letras introspectivas – , a banda realizou uma coletânea de canções acústicas deslumbrantes, resultando no seu disco mais aclamado.

BLUR – PARKLIFE (1994)

As duas torres do britpop – versão anos 90 – atendem pelos nomes de Oasis e Blur. Com Parklife, a banda de Damon Albarn apresentou sua gama de influências formatadas em 16 canções de puro bom gosto e brilhantismo. Fundido psicodelismo, disco, punk e rock inglês, a porção intelectual/cabeça do gênero mostrou aos garotos de rua do Oasis que música boa também se faz desse jeito.

OASIS – (WHAT´S THE STORY) MORNING GLORY? (1995)

A responsa de marcar mais um golaço em seu segundo álbum retraiu a banda de Manchester, que amava os Beatles e os discos-solos dos Beatles. As guitarras em profusão de seu debute cederam espaço a violões e cordas, numa clara busca de tabelar com o maior número de pessoas – especialmente os fãs americanos. “Wonderwall” foi o drible entre as pernas que o quinteto necessitava para estufar as redes no mundo todo.

SMASHING PUMPKINS – MELLON COLLIE AND THE INFINITE SADNESS (1995)

Entre a turma alternativa que chegou à divisão oficial nos anos 90, o grupo de Billy Corgan era o que menos tinha medo de mostrar o rabo pontudo do metal. Aqui, a ambição foi além do que a estética punk de seus pares permitia. Mas quando a indulgência parece sair do controle, como na orquestrada “Tonight, Tonight”, surge um rock básico como “1979” para lembrar que há mais gente ouvindo o disco.

BECK – ODELAY (1996)

O loser de mentira revela toda a capacidade de dragar referências estilísticas no segundo disco. Nunca o bizarro foi tão dançante e pop – Beck fez cair por terra o mito de que as pistas exigem o óbvio. As colagens são de fundir a cuca – os Dust Brothers ajudaram o pequeno gênio -, mas “Devil´s Haircut” e o rap velhaco “Where It´s At” correm pela espinha dorsal sem dificuldade.

RADIOHEAD – OK COMPUTER (1997)

Lançado no auge da fixação pela música eletrônica, Ok Computer foi a tábua de salvação dos que aguardavam o “próximo passo” do pop movido a guitarras depois do grunge. Ainda que, em momentos como “Subterranean Homesick Alien” ou “Electioneering”, o disco soe como um amálgama entre a inspiração humana e a crueldade robótica, totalmente criada à base da eletricidade.

PRODIGY – THE FAT OF THE LAND (1997)

Se o Prodigy traiu o movimento, isso é discutível. Mas foi com um formato de banda de rock (ainda que um integrante só dançasse de modo besta) que a música eletrônica pôde armar festivais para as massas. Questão estilística à parte, Fat of the Land é poderoso, com refrões mortíferos, climas sombrios e “crescendos”. “Smack My Bitch Up”, “Breath”, “Firestarter”, “Serial Thrilla” – a fila de hits parece um best of.

CHEMICAL BROTHERS – DIG YOUR OWN HOLE (1997)
O baixo cavalar de “Block Rockin´ Beats” (remetendo direto a “Let There Be More Light”, do Pink Floyd) mata a charada que o single “Setting Sun” (clonada de “Tomorrow Never Knows”, dos Beatles) levantou. Os Chemicals eram eletrônica até o último (big beat, “batidão”, se dizia), mas, no fundo, não passavam de dois ripongos fazendo psicodelia para a geração raver.

Um comentário:

Marlo (The Batman) disse...

Bela lista, masssss... Smashing Pumpkins é RUIM demais, velho. Dou a mão à palmatória que "1979" é do caralho, mas, de resto, "válamusanjo!"

O resto está perfeitamente coerente e bonitinho, mas acho que faltou "Your Arsenal", do Morrissey.