Depois de quase 20 anos, já ficou claro que a raiva é algo essencial para impulsionar o Pearl Jam. Esse sentimento já veio da fama excessiva, das desilusões amorosas, da morte de amigos e, nos últimos anos, da política americana. Backspacer é resultado da ausência de raiva (ou pelo menos da alta intensidade dela). Isso não quer dizer, de forma alguma, que o nono disco de estúdio do grupo seja lento. Eddie Vedder grita como se estivesse em 1991, um contraste em relação à contenção vocal do artista nos últimos anos – o que já é escancarado nas faixas de abertura, “Gonna See My Friend” e “Got Some”, ou em “Supersonic”, mais à frente. As três soam pueris – certamente uma vantagem, já que o U2 e o Coldplay já provêm o mundo com músicas intensas e densas. A primeira faixa de trabalho, “The Fixer”, deixa clara a intenção da banda em revitalizar sua sonoridade: as guitarras até podem soar pasteurizadas, genéricas, mas o arranjo vocal e os teclados soam ousados para uma banda tão tradicionalmente roqueira. Os admiradores da delicada fase solo de Vedder podem pular direto para as “irmãs” “Just Breath” e “The End”, românticas e com arranjos de cordas, ou para “Amongst the Waves”, uma narrativa sobre evolução pessoal, que poderia facilmente ter entrado em Yield (1998). Backspacer é um álbum instável, e sua vantagem está em conseguir se equilibrar entre esses vários momentos. Mais uma prova de que o grupo não quer só continuar, mas também evoluir.
(texto extraído da Rolling Stone # 37, outubro de 2009; autoria de Paulo Terron)
Depois dos tempos áureos com Ten e VS. na primeira metade dos anos 90, e da sobriedade roqueira no final daquela década – com No Code e Yield, o Pearl Jam produziu discos consistentes de 2000 pra cá, mas nada que se destacasse no montante. E é essa situação que eles procuram corrigir com Backspacer – o titulo faz referência a tecla backspace de um teclado. A banda ainda não demonstra o ímpeto do início da carreira, porém extravasa uma energia que não se via há tempos. Amplia o recorrente universo hard rock, passeando pelo punk, pelo new wave e pelo rock de garagem. “Gonna See My Friend”, faixa de abertura, é uma paulada: riff dinâmico e barulhento, bateria violenta do excelente Matt Cameron e vocais animalescos de Eddie Vedder – dependendo da equalização do seu som, a voz fica quase imperceptível, tamanho a preponderância do instrumental na mixagem. “The Fixer” é um pós-punk singelo com levada moderada e refrão pop.“Just Breathe”, por sua vez, é uma balada que relembra a incursão solo de Vedder na trilha de Na Natureza Selvagem. “Supersonic”, com ritmo acelerado e fraseados de puro gozo guitarrístico, parece uma fusão entre Led Zeppelin e Ramones. Mais do que um trabalho sério, o Pearl Jam parece ter feito um disco por diversão. E o prazer do processo transparece nas gravações.
Um comentário:
Na verdade, eu queria comentar os posts de cima, mas não tem campo de comentário ativo por lá, então vai aqui mesmo.
Sinceramente, a DC deve "defecar e deambular" para o fato de isso parecer a linha Ultimate. Quem conhece bem a Marvel sabe que originalidade não é lá muito com eles, então a DC só está dando o troco. Dos dois, o Batman de Johns e Frank me parece mais promissor. O desenhista do Superman é muito meia-boca pra tal lançamento.
Agora, lendo seu post e a coluna do Forastieri, também fiquei bastante interessado nesses lançamentos. Sim, é sempre bom ter uma folga do gênero super-herói. Espero poder conseguir uma pechincha como a sua e comprar umas coisinhas em breve.
Abração!
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