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sexta-feira, maio 08, 2009

SEMANA OASIS - PT 5

(texto extraído da BIZZ # 179, junho de 2000)

OASIS AO VIVO NO RADIO CITY MUSIC HALL (NY)

"Sentem suas bundas preguiçosas!" Foi com essa simpática frase que Liam Gallagher abriu o show do Oasis, na única data em Nova York de uma turnê de 18 apresentações em território americano. O público, que lotava o clássico Radio City Music Hall, pareceu nem ligar para a sentença proferida e urrava a cada grunhido no indefectível sotaque britânico do cantor. Afinal, quem gosta do Oasis já sabe da fama dos irmãos Gallagher. Brigas, drogas e provocações fazem parte do mito da banda desde o início dos anos 90, apesar de as polêmicas terem se intensificado nos último anos.
Quatro álbuns, milhões de cópias e muita confusão depois, o Oasis retorna aos EUA com a missão de divulgar seu atual filhote, o retrô Standing On The Shoulder Of Giants (batizado por Noel depois de uma noite de bebedeira num pub, após observar a moeda de duas libras, que tem algo semelhante escrito em sua face).
O show começa com "Go Let It Out", primeiro sucesso do disco. Um telão acima da banda projeta um filminho de 15 minutos com imagens de Nova York (gente, rua, prédios) que termina com uma foto de John Lennon no Central Park.
O filme será apresentado em todas as cidades dos Estados Unidos, mas, pelo fato de estarem em Nova York, a platéia delirou. Breve comentário: em rápido passeio pelo Radio City (pois os seguranças do local, além de não permitirem movimentos mais bruscos, cerveja e drogas, proíbem que você saia da cadeira, a não ser que seja para ir ao banheiro), notei que o público era composto majoritariamente por homens barrigudos, com um estra-nhíssimo detalhe: trajando camisa de gola alta e jaqueta de couro!
Daí para frente, foi aquele esquema de música nova, música antiga, música nova, música antiga... Os dois novos membros da banda, Gem Archer e Andy Bell (que entraram no lugar de Paul Arthus e Paul McGuigan) não olharam para a platéia. Noel até ensaiou algum carisma e se divertiu sacaneando os jornalistas presentes quando avisou, no bis, que iria cantar uma música de Neil Young. "Atenção, jornalistas de bloco na mão, podem anotar, vou cantar agora um clássico de Neil Young". Quando a música chegou ao fim, mandou: "Para os que não sabem, o nome é ‘Hey, Hey, My, My’". Nessa altura do campeonato, escondi meu caderninho...
Após Neil Young... Beatles, é claro! Noel doa a alma em sua interpretação de "Helter Skelter" e o público aplaude. Liam (que esteve ausente enquanto Noel cantava, como de praxe) volta e encerra o show cantando "Toniiiiiight/ I’m a rock’n’roll staaar"... É, pode até ser - e foi com essa impressão que a platéia saiu de lá. Entretanto, a mídia e as vendagens americanas não endossam esse refrão. Mas quem se importava com isso naquela noite?

terça-feira, agosto 12, 2008

METALLICA AO VIVO NO BRASIL (1989)

Photobucket
É difícil de acreditar mas eles vieram mesmo. Podíamos esperar qualquer outra banda, menos aquela que está em primeiro lugar entre as melhores de thrash no mundo. Com todos os seus quatro LPs lançados aqui, o público de som pesado sonhava vê-los pelo menos desde 84. Os boatos se concretizaram e o Metallica chegou ao Brasil para o epílogo da turnê... And Justice for All, depois de mais de 250 shows por todo o planeta.
Até o pessoal do interior veio em massa. Filas gigantescas e muita expectativa era o que se via por toda a parte. Infelizmente, parte do cenário original não veio: a estatua da justiça, marca registrada da turnê que, como a bateria, deveria ser desmontada no decorrer do show. Lá estavam apenas o pano de fundo e alguns degraus no palco, parte das ruínas romanas que compõem o clima do espetáculo. No Brasil, nada como deve ser, embora isso não parecesse importar muito à platéia. Exatamente as nove e meia (o show estava marcado para as nove horas), as luzes do ginásio do Ibirapuera se apagaram levando todos aos berros, contidos na espera.
Lars Ulrich surge atrás da bateria apontando para cima, enquanto James Hetfield instiga a platéia a loucura com os riffs de "Blackened". Foi brilhante: a presença deles no palco é tribal, ao mesmo tempo que transborda profissionalismo. Kirk Hammett corre de um lado para o outro do palco, revezando posições com o baixista Jason Newsted. Todos se vestem de preto e Hetfield exibe a cabeça recem-raspada dos lados e bigodes ruivos, combinando muito bem com sua performance agressiva e imponente. Ao término da segunda canção todos saem deixando Jason só, embarcando num solo de baixo carregado de delay, distorção e pedal de volume. Ele é bem aplaudido, mas deixa no ar certa saudade do falecido Cliff Burton.
Quando a banda retorna, Kirk esta empunhando uma Gibson Les Paul, fato inédito. O público canta junto todas as músicas e a troca de energia atinge seu máximo em "Fade to Black" e "Master of Puppets" Impossibilitado de subir ao palco pela forte proteção, o pessoal tem de se contentar com os banhos de cerveja atirados por Hetfield entre uma música e outra. Por mais uma hora, somos presenteados com milhões de decibéis até que a banda se retira sob o coro uníssono pedindo bis.
As luzes se apagam no ambiente e se inicia um play-back com som de bombas e metralhadoras, até eles retornarem com "One". Nem o publico nem a banda parecem cansados. Kirk detona um excelente solo de guitarra com a Stratocaster para que tudo se encaixasse perfeitamente, com bastante wah wah e um trecho de "Little Wing" de Jimi Hendrix, que mostraram o que aprendeu nas aulas com Joe Satriani. Do cacete! Mas eles acabam voltando para um novo set, desta vez com mais clima de final de show´. Tocam "Blitzkrieg" e "Am I Evil" do Diamond Head com os instrumentos invertidos - Hetfield na batera e Lars encarnando Bruce Dickinson nos vocais. É uma jam memorável. Com "Last Caress", do Misfits, o ginásio quase veio abaixo. Pelo público, eles tocariam a noite inteira, mas eles encerram com "Bread Fun", para tristeza geral.


(Ao Vivo, Bizz #53, dezembro de 1989; texto de autoria de Marcos Campolim)