(texto extraído da Billboard Brasil 16, de fevereiro de 2011; autoria de Rodrigo Ortega)
Duas partes do corpo da inglesa Adele seguram seu segundo álbum, 21: o cotovelo e a garganta. As dores no primeiro são o tema do álbum. O fim do namoro deve ter sido épico, tamanha a tristeza exposta. Sua voz está ainda melhor que na estreia, 19. As faixas se dividem em dois grupos, correspondentes às reações femininas ao abandono. O primeiro é de raiva, de músicas fortes como o single “Rolling in the Deep” e “Fire in the Rain”. O segundo é de melancolia, da balada soul “One and Only” e outras que esbarram em country (“Don’t You Remember”) e gospel (“Take it All”). 21 teve produção do veterano Rick Rubin (Metallica, Johnny Cash, Beastie Boys) e do jovem Paul Epworth (Kate Nash, Cee Lo Green), com resultado sofisticado e acessível – chegou ao top 10 inglês com vendas maiores que os outros nove colocados somados. A única música alegre é uma releitura: “Lovesong”, do Cure, tem cara de memória feliz no contexto barra-pesada. Na última faixa vem a fase final de um rompimento: a aceitação. Na bela “Someone Like You”, Adele canta: “Tudo bem, eu encontro outro como você”. Se for para gravar um 23 tão triste e belo quanto 19 e 21, tomara que ela não encontre.