(texto publicado originalmente na BIZZ # 97, agosto de 1993; autoria de André Barcinski)
Data: algum dia perdido em 92.
Local: casa de um dos Titãs. Os sete roqueiros se reúnem para traçar as metas de seu novo álbum.
Paulo: "Bom, galera. E aí? Nosso último disco foi massacrado."
Toni: "É mesmo. Temos que pensar em algo diferente... Vamos começar pelo nome. Alguém tem uma sugestão?"
Nando: "Que tal ´Pa-Ra-Le-Le-Pí-Pe-Do´?"
Marcelo: "Não, nada de poesia concreta. O Arnaldo saiu, se liga!"
Charles: "Que tal um disco grunge? Está bem na moda..."
Sérgio: "Será dá certo?"
Charles: "Porra, até o Capital Inicial está fazendo cover do Pearl Jam!"
Branco: "É mesmo! O Dinho rasgou todas as suas calças e tatuou ´Eu Sou Roqueiro´ na cabeça."
Charles: "A gente poderia chamar aquele cara do Nirvana para produzir, o Butch Vig..."
(segue-se um longo intervalo, durante o qual Charles liga para a gravadora).
Charles: "Rapeíze´, o Butch não dá, mas eles me garantem um tal de ´Jack Albino´.
Paulo: "´Albino´? Legal, talvez ele até curta o Hermeto Pascoal."
Nando: "Mas eu não entendo nada de grunge. Só ouço Tom Zé e Marisa Monte!"
Branco: "Não tem mistério. O negócio é o seguinte: a gente mete umas guitarrinhas distorcidas, fala uns palavrões no meio das músicas e põe no press release que nosso negócio agora é pauleira!"
Marcelo: "Será que vai colar?"
Sérgio: "É lógico. Brasileiro é tudo bundão! A molecada toda só está andando com esse visual grunge, eu vi no Programa Livre."
Toni: "A gente pode fazer umas fotos com visual punk!"
Marcelo: "Oba, vou estrear a minha camiseta do Tad."
Nando: "Você também fez este curso de datilografia?"
Branco: "Só tem um problema: e se esta onda grunge acabar? E se o samba entrar na moda?
Charles: "Bom, acho que talvez o Agepê toparia produzir nosso próximo disco."
2 comentários:
Curiosamente esse disco dos Titãs nunca mais apareceu nem em sebos para ser vendido...
Lembro que essa crítica fez os fãs espumarem de raiva da Bizz e melou a "lua-de-mel" que ela e a banda ensaiavam, após o famoso incidente das revistas rasgadas por causa da resenha do disco anterior.
O peso adicionado fez bem à banda em alguns momentos, como na irretocável "Disneylândia". Em outros, acho mesmo que forçaram a barra. Seja como for, Titãs é muito melhor fazendo rock rápido e sujo do que compondo aberturas de novela ou fazendo covers de Roberto Carlos.
Infelizmente, o Titãs acabou quando Marcelo Fromer morreu e esse quinteto que se arrasta por aí, com um baterista "bastardo", nada mais é do que um zumbi cinzento, uma pálida lembrança de tempos de glória.
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